A província do Cuanza-Norte detém um acervo histórico e arqueológico com mais de 300 anos, muitos deles situados ao longo do corredor do Kwanza, no município de Cambambe, e em outras localidades desta região.
A província preserva, igualmente, os autênticos cemitérios ancestrais, a exemplo do de Cahenda, localizado no município de Samba-Caju, afirmou, ontem, o Chefe de Departamento da Cultura, Património Histórico e Assuntos Religiosos no Cuanza-Norte, Ginilson da Costa.
Em entrevista, ao Jornal de Angola, Ginilson da Costa disse que o corredor do Kwanza tem um conjunto de riquezas patrimoniais que definem o seu valor universal e excepcional, representadas por estruturas históricas, como a fortaleza de Cambambe, as igrejas da Nossa Senhora do Rosário e da Vitória, o túmulo de Paulo Dias de Novais, o tribunal de reclusão e praça dos escravos, em Massangano.
Genilson da Costa defendeu que alguns lugares históricos onde estão sepultadas figuras proeminentes desta região, deveriam ser também classificados, como é o caso do túmulo do Caçador, na comuna de São Pedro da Quilemba (Cambambe), onde as pessoas fazem pedido de bênção na época de cultivo e caça, bem como o Museu Tradicional, no município de Ngonguembo, no qual se realizam rituais e cerimónias ligadas às entidades tradicionais (sobas).
O cemitério de Cahenda no Samba Caju, destacou, data desde os séculos XVII e XVIII, e a antiga capitania, local onde trabalhavam as forças da administração colonial, que controlavam e reprimiam todo o negro que tentasse discutir os seus direitos e terras. Na região de Dala Capanga, comuna de Samba Lucala, exaltou o local onde em 1959, a população negra escreveu uma carta anónima para as autoridades coloniais em Portugal, a reivindicar a usurpação das suas terras.
Em resposta, as autoridades portuguesas autorizaram o Tribunal de Ndalatando, antiga Salazar, a enviar uma equipa para região, para julgar os brancos e negros em pé de igualdade.
O responsável referiu que a considerada capital tradicional de Angola era na região do Caculo Cabaça (São Pedro da Quilemba), onde a rainha Njinga Mbande e seu pai Ngola Kiluanje faziam os seus rituais, e a económica situava-se de Cambambe até ao Massangano.
"O reino do Ndongo também estabeleceu a sua capital económica no Dondo, onde se fazia a Feira entre 1623 e 1625, tendo a localidade assumido um papel crucial depois de 1825, com o desenvolvimento do comércio”.
De acordo com o Chefe de Departamento, o Gabinete provincial da Cultura tem um projecto de levantamento de outros locais históricos espalhados nos municípios de Cazengo, Ngonguembo, Golungo-Alto, Lucala, Ambaca, Banga, Quiculungo e Bolongongo.
Segundo o responsável, a província tem 200 patrimónios culturais inventariados e cerca de 70 reconhecidos pelo Instituto Nacional do Património Cultural, localizados na sua maioria no município de Cambambe, com excepção da Igreja Santo António de Cahenda (Samba-Caju).
Por outro lado, o Gabinete provincial da Cultura traçou um projecto de nomenclatura onomástica de infra-estruturas e ruas das cidades e vilas da região, onde as línguas locais ou nacionais, assim como das principais figuras históricas, serão mencionadas, com vista a preservar a identidade cultural de cada localidade da província.
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