Cultura

Cuando Cubango: Grupos clamam por salas apropriadas e apoios financeiros dos empresários

Armando Sapalo | Dundo

Jornalista

O director do Gabinete da Cultura, Juventude e Desportos do Cuando Cubango, Luís Paulo Vissunjo, mostrou-se preocupado com as dificuldades que os grupos enfrentam, tais como a falta de salas apropriadas para exibição das peças.

17/09/2023  Última atualização 11H16
A falta de salas para exibição das peças de teatro e realização de espectáculos musicais constam entre as principais dificuldades dos artistas na província do Cuando Cubango além de outros meios © Fotografia por: Nicolau Vasco | Edições Novembro

Além dessa situação das salas acrescenta-se a inexistência de apoio dos empresários locais junto dos grupos de teatro. Essa preocupação foi manifestada, quinta-feira, na cidade de Menongue.

Em declarações ao Jornal de Angola, Luís Paulo Vissunjo reconheceu que na província não existem salas apropriadas para a realização de espectáculo de teatro e de outras actividades culturais.

Acrescentou que, por esta razão, os encenadores recorrem em locais improvisados, tais como sala de reuniões da Administração Municipal de Menongue e no anfiteatro da Escola 4 de Fevereiro.

Luís Paulo Vissunjo salientou que para minimizar a situação o Governo do Cuando Cubango cedeu o edifício do antigo Museu Cultural, mas por falta de condições alguns grupos teatrais limitam-se a realizar os ensaios.

"Estamos preocupados em dar dignidade aos artistas porque as artes têm que ter aquele perfil que assistimos em outras paragens do nosso país, quiçá do mundo”. Fez saber que a nível da província existe um projecto para construção de uma escola de artes, mas até ao momento as obras não arrancaram por razões financeiras.

O director realçou que o sector que dirige trabalha com o Governo Central no sentido de colmatar essa necessidade dos artistas, em geral, e em particular dos grupos teatrais, criando condições para massificação e valorização dos artistas locais.

Apesar da actual situação, disse que a instituição tem estado a incentivar os artistas a não desistirem por falta de condições condignas, tendo em vista que melhores dias virão.

Por seu turno, o secretário da Associação Provincial de Teatro, João Mangani Daniel, defendeu a necessidade urgente do Governo da Província traçar políticas que visam a criação de espaços próprios para divulgação e promoção das artes cénicas, com realce para diversão dos jovens.

Conhecido no meio artístico por "Tio Herculano”, deu a conhecer que, por falta de espaços apropriados, os 11 grupos de teatro inscritos na Direcção da Cultura  trabalham em salas adaptadas para exibição de peças.

Lamentou o facto de a província do Cuando Cubango não possuir uma sala de espectáculo, obrigando com que os actores, encenadores e demais técnicos actuem em anfiteatros, salas multiusos e salas de reuniões adaptadas.

Na sua óptica, com a criação de uma sala de teatro podem ser concretizados projectos e lançarem-se indicadores para o desenvolvimento da arte no Cuando Cubango. Acrescentou que apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas diariamente muita coisa tem sido feita.


ANTES E DEPOIS DA COVID-19
Grupos resistem às inúmeras dificuldades cénicas

Dos 11 grupos teatrais cadastrados, apenas cinco participam com regularidade em eventos interprovinciais, nomeadamente Estrelas em Palco, Li-Teatro, 4 de Fevereiro, Mwene Mucuva e o Tunahete Teatro, este último sob sua responsabilidade.

Embora existam inúmeras dificuldades, os grupos que participam em festivais têm dado o seu melhor de formas a colocar o nome do Cuando Cubango no auge das artes cénicas a nível nacional. Corroborou dizendo que a situação actual do teatro é péssima, sobretudo por falta de apoios, meios e salas próprias para a realização de actividades. Os problemas agravaram-se desde 2020, época da Covid-19, em que tudo ficou mais difícil para os autores desenvolverem os projectos artísticos devido às restrições impostas pela pandemia. Até ao momento o teatro não "goza de boa saúde”, tendo em vista as dificuldades que o sector atravessa.

Segundo Tio Herculano, a falta de apoios financeiros tem condicionado de certa forma os grupos a desenvolverem iniciativas próprias que possam contribuir para a promoção ou desenvolvimento das artes cénicas no Cuando Cubango.

"A boa exibição dos grupos passa pelas condições financeiras e materiais, sobretudo para alojamento e transporte dos participantes nos festivais, porque sem apoios não será possível termos boas exibições”, disse.

Assegurou que este ano os grupos "Tunahete Teatro” e "Estrelas ao Palco” participaram do Festival de Teatro realizado na província do Bié e no Festival Internacional de Teatro do Cazenga (Festeca), em Luanda, onde foram galardoados com certificados de participação.

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