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Crime organizado na UE recorre mais à corrupção

O crime organizado na União Europeia (UE) está a ficar mais violento e a corrupção é uma característica da quase totalidade das operações das redes de criminosos, conclui um estudo da Europol.

13/04/2021  Última atualização 02H00
Agência Europeia de Polícia denuncia redes criminosas © Fotografia por: DR
Um relatório da agência europeia de Polícia Europol (EU SOCTA 2021), ontem divulgado, diz que mais de 80 por cento das redes criminosas que operam na UE estão envolvidas em tráfico de droga, fraude fiscal, crime contra a propriedade, tráfico de seres humanos e contrabando de migrantes, recorrendo a métodos cada vez mais violentos e servindo-se de práticas de corrupção generalizadas.

O estudo sobre a criminalidade organizada e violenta na UE -intitulado "Uma influência corruptora: a infiltração e a subversão da economia e sociedade da Europa pelo crime organizado" -- revela que "a corrupção é uma característica da maioria, se não da totalidade, da actividade criminosa na UE", explicando que essa corrupção existe "em todos os níveis da sociedade e pode variar desde o pequeno suborno até à corrupção complexa com esquemas de milhões de euros".

A par do recurso à corrupção, a maioria das redes criminosas que actuam na Europa está a usar a violência como prática "recorrente, intensificada e indiscriminada", incluindo uso de armas de fogo e explosivos em locais públicos, conclui o relatório da Europol, com base em dados fornecidos pelas diferentes forças policiais europeias, relativos a 2020.
Na análise à situação recente, a Agência Europeia de Polícia considera que "a escala e a complexidade da lavagem de dinheiro" na criminalidade organizada na UE foi até agora "subestimada".

"Profissionais na lavagem de dinheiro estabeleceram um sistema financeiro paralelo e subterrâneo para processar transacções e pagamentos de forma isolada de qualquer mecanismo de supervisão", pode ler-se no relatório. A Europol explica que esta criminalidade organizada usa frequentes vezes empresas legítimas, para facilitar virtualmente todos os tipos de actividades punidas por lei, com forte impacto na economia da UE.

"Os criminosos controlam directamente, ou infiltram, estruturas jurídicas de negócios para facilitar as suas actividades ilícitas. Todos os tipos de empresas são potencialmente vulneráveis à exploração pelo crime organizado", explica o estudo.

As redes criminosas servem-se cada vez mais das tecnologias digitais para realizar as suas acções, nomeadamente através de comunicações encriptadas nas redes sociais e dos serviços de mensagens electrónicas, por exemplo, para disseminar informação falsa ou para ciberataques, conclui a Europol.

O tema dos ciberataques ocupa parte do relatório da Europol, que refere o aumento do recurso a este género de criminalidade em 2020, avisando que muitos desses ataques informáticos não são sequer relatados às autoridades de segurança.

Com o uso de ferramentas digitais, as redes criminosas podem estender com mais facilidade os seus tentáculos e fornecer amplitude acrescida à sua actividade.
"Mais de 180 nacionalidades estão envolvidas em actividades de criminalidade organizada na UE", conclui o relatório, referindo a natureza multicultural desse género de crime.

A organização policial alerta ainda para o risco de estas práticas criminosas poderem aumentar nos próximos anos, em função de uma previsível crise económica decorrente da pandemia da Covid-19.
"Anteriores períodos de crise económica podem fornecer algum grau de percepção sobre como estes desenvolvimentos podem afectar o crime na UE e quais as respostas que precisam de ser formuladas para combater as ameaças existentes e emergentes para a segurança interna", avisa a Europol.

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