Cultura

Criadores de artes defendem melhoria nas políticas culturais

Mário Cohen

Jornalista

Figuras ligadas às artes no país, defenderam, na quarta-feira, no Palácio de Ferro, em Luanda, a necessidade de se melhorar as políticas públicas destinadas ao sector cultural e artístico no país, com o objectivo de ajudar a criar um rápido desenvolvimento no sector.

05/04/2024  Última atualização 14H30
Ismael Mateus, moderador, Solange Feijó e Agre G, como oradores apontaram soluções © Fotografia por: DR

Especialistas nas áreas da literatura, artes plásticas, teatro, música e cinema apresentaram os seus argumentos de saber no tema "Reflexão Sócio -Histórica sobre a Conquista de Paz como Factor de Desenvolvimento e Massificação das Artes em Angola”.

Numa condução do escritor e professor universitário Ismael Mateus, o debate esteve inserido nas festividades dos 22 anos da Paz e Reconciliação Nacional, que se assinalaram, ontem, em todo o país.

Os oradores foram, José Luís Mendonça (escritor), Fineza Teta (artista plástica), Agre G (músico), Solange Feijó (directora do grupo teatral Arte Sol) e Ngouabi Silva (realizador de cinema).

Os convidados, apesar de reconhecerem os ganhos com o alcance da paz efectiva, são unânimes de que o país ainda carece de estratégia para o desenvolvimento das artes nas mais variadas disciplinas artísticas.

De acordo com José Luís Mendonça, o 4 de Abril, é uma data de glória para os angolanos, em que as armas se calaram. Sustenta, que o Executivo tem ainda muita tarefa a fazer em prol da cultura nacional.

Outra inquietação para o escritor, continua a ser a falta de salas  de cinema, artes plásticas, exibição de teatro e apresentação de livros, onde os artistas podem apresentar os seus trabalhos.

Fineza Teta, artista plástica e design, disse que durante esses 22 anos de Paz em Angola, quando se fale de arte, há uma tendência de se destacar a música e a dança. "São as mais privilegiadas em relação a outras classes artísticas, assim como espera que nos grandes eventos realizados no país e no estrangeiro, o Executivo deve convidar também outras disciplinas artísticas”.

O realizador de cinema, Ngouabi Silva, revelou que a paz e a reconstrução permitiram projectar a carreira e trazer no país o desenvolvimento e a livre circulação de pessoas e bens. "Conseguir viajar pelo país para fazer filmagens fruto da paz e estabilidade política e social”.

Hoje, explicou, com a paz a realidade é outra, por existir mais facilidade na busca de outros cenários cinematográficos pelas demais províncias. O cinema, por ser uma arte dispendiosa, precisa do apoio do Ministério da Cultura, como instituição do Estado. "Carecemos de salas de cinema que quase não existem no país”, disse.

Na óptica do kudurista Agre G, a paz foi um grande remédio para os fazedores do seu estilo. Na sua maioria, reparou, são considerados "como indivíduos que não tinham boas condutas sociais". Hoje, as pessoas deixaram esses preconceitos e a juventude tem aderido cada vez mais ao estilo kuduro por ser uma arte onde eles podem exprimir mais facilmente os seus pensamentos, desabafos e conquistas”.

Por último, esclareceu, que o kuduro, tem artistas com níveis de intelectualidade acima da média como é o caso de Bruno M, Dog Murras e Puto Prata, que ajudaram a revolucionar o estilo pela positiva.

 Solange Feijó, confessou, que para o teatro, a paz permitiu abrir portas para o intercâmbio cultural com a vinda no país de mestres em artes cénicas que transmitem as experiências no domínio artístico e de produção de espectáculos.

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