Sociedade

Crenças deixam crianças sem vacina contra a pólio

Fula Martins

Jornalista

Vários pais, encarregados de educação e tutores de crianças dos zero aos cinco anos, em bairros do município do Soyo, província do Zaire, rejeitaram que os pequenos fossem vacinados contra a pólio, durante a campanha que decorreu de sexta-feira a domingo.

22/05/2024  Última atualização 12H30
Muitos pais não permitiram que os filhos fossem vacinados durante a campanha © Fotografia por: Adriano cahuli | edições novembro

Um dos responsáveis de uma brigada de vacinação, escalada no bairro Tuku, disse, ao Jornal de Angola, que muitos pais, encarregados de educação e tutores, supostamente, por falta de conhecimentos, rejeitavam que as crianças fossem vacinadas, alegando que a dose poderia provocar doenças, sem, contudo, as mencionarem.

A chefe de Departamento de Saúde Pública no município do Soyo confirmou o facto ao Jornal de Angola, acrescentando que as pessoas que rejeitaram vacinar as crianças são, na sua maioria, fiéis de determinadas seitas religiosas.

Segundo Rosária José, os mobilizadores e alguns responsáveis da Administração Municipal do Soyo, ao tomar conhecimento da triste situação e por se tratar de uma questão de saúde pública, deslocaram-se às instalações das referidas seitas religiosas, onde sensibilizaram os adultos no sentido de fazerem com que as crianças fossem vacinadas. "Felizmente, conseguiu-se vacinar algumas crianças”.

O trabalho de sensibilização, garantiu, vai continuar, para que todas as crianças sejam vacinadas.

Para a campanha de vacinação contra a pólio encerrada domingo, foram mobilizados no município do Soyo 328 brigadistas, distribuídos em nove brigadas, que deveriam vacinar 47.838 crianças da Vila Sede e das comunas do Quelo, Sumba e Pedra de Feitiço.

O Departamento de Saúde Pública no município do Soyo recebeu 56.452 doses de vacina, suficientes para a campanha.

 Gota milagrosa chega à fronteira com a RDC

Domingo, 19 de Maio. Passam alguns minutos das 11 horas da manhã. No bairro Kunfula, que faz fronteira com um outro da República Democrático do Congo, estão três crianças, aparentemente com quatro e cinco anos de idade.

Elas olham, insistentemente, para os dedos mindinhos das mãos esquerdas.

Os olhares insistentes devem-se ao facto de terem o sinal de que já foram vacinadas contra a pólio.

Uma das crianças, tão logo os repórteres do Jornal de Angola chegaram ao local, mostrou o dedo pintado, que indicava que já tinha sido vacinada.

Sobre a cobertura de vacinação contra a pólio na zona fronteiriça com a RDC, a chefe de Departamento de Saúde Pública no município do Soyo explicou que foram destacadas várias brigadas de vacinação, pois as zonas fronteiriças merecem atenção especial.

Para vacinar as crianças residentes nas comunas do Sumba e Pedra do Feitiço, foram mobilizadas duas lanchas para transportarem os brigadistas, por via fluvial.

A responsável pela Saúde Pública no Soyo adiantou que, nas zonas fronteiriças, as equipas de vacinação contra a pólio são fixas, devido à sua complexidade.

Rosária José assegurou que tudo vai ser feito, em coordenação com a Direcção Nacional de Vacinação contra a Pólio, para que nenhuma criança da província do Zaire fique sem ser vacinada.

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