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Covid-19 pode ficar como uma constipação

O novo coronavírus veio para ficar entre os humanos, mas a doença por ele causada, a Covid-19, poderá ficar como uma constipação, como as provocadas por outros coronavírus, admitem imunologistas, considerando que não serão necessários reforços da vacinação.

08/02/2021  Última atualização 10H03
Novo coronavírus veio para ficar entre os humanos © Fotografia por: DR
Segundo os imunologistas Marc Veldhoen e Henrique-Veiga Fernandes, o coronavírus Sars-CoV-2 vão conviver naturalmente nas pessoas e infectar ocasionalmente sem provocar doença grave.  "Vai circular em equilíbrio na população humana e causar doença ligeira, uma constipação", disse à Lusa Henrique Veiga-Fernandes, que lidera o laboratório de imunofisiologia no Centro Champalimaud, em Lisboa.

Henrique Veiga-Fernandes entende que, com o tempo, a resposta imunitária (desencadeada por anticorpos e células linfócitos T) ao Sars-CoV-2 será "idêntica à de outros coronavírus" humanos, que causam simples constipações, pelo que "não serão necessários reforços" da vacinação. De acordo com Marc Veldhoen, que coordena o laboratório de regulação do sistema imunitário no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, também em Lisboa, à semelhança dos quatro coronavírus humanos que provocam a vulgar constipação, "é muito plausível" que o Sars-CoV-2 permaneça entre as pessoas e "infecte de vez em quando", quando a imunidade "diminui apenas o suficiente para permitir a reinfecção" embora se mantenha "forte o suficiente para prevenir doença severa".

Para o imunologista holandês, "é provável que a imunidade para prevenir a reinfecção dure vários meses e a imunidade contra a doença dure vários anos". Henrique Veiga-Fernandes estima em "superior a um ano" como "cenário mais provável". "A reinfecção vai continuar a 'aumentar' a nossa imunidade, por isso estamos protegidos da Covid-19 para o resto das nossas vidas pela presença contínua do próprio vírus", sustentou Marc Veldhoen, assinalando que o Sars-CoV-2 sobreviverá na população humana para reinfectar ocasionalmente quem foi infectado ou imunizado anteriormente. 

"Seremos assintomáticos ou teremos uma doença leve, febre ligeira, tosse, tipo constipação comum", advogou, adiantando que, embora o Sars-CoV-2 sofra mutações (alterações genéticas) a uma "taxa semelhante à de alguns vírus da gripe", o novo coronavírus "não recombina as suas proteínas de superfície com outros coronavírus". Por isso, haverá novas variantes do Sars-CoV-2 mas "não diferentes o suficiente para escapar à resposta imunitária" humana ou que possam "sobrecarregar o sistema imunitário".

Neste sentido, na opinião de Marc Veldhoen, não será necessário repetir a administração de vacinas contra o coronavírus da Covid-19, ao contrário do que sucede com a vacina da gripe sazonal, que tem uma periodicidade anual porque os vírus gripais mudam constantemente, o que faz com que a imunidade dada pela vacina num ano não seja duradoura ou válida no ano seguinte.

A Covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, e que se disseminou rapidamente pelo mundo. Nas manifestações mais graves, a doença pode levar à morte.  Mais de 2,2 milhões de pessoas já morreram em todo o mundo devido à pandemia da Covid-19, num total de mais de 105 milhões de infectados.

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