Política

Conselho Nacional de Águas visita zonas afectadas pela seca

César Esteves

Jornalista

O Conselho Nacional de Águas (CNA), órgão consultivo permanente do Titular do Poder Executivo, tem agendado, para os próximos dias, visitas pontuais de acompanhamento aos programas e projectos estruturantes nas províncias do Namibe, Cunene e Cuando Cubango para identificar soluções imediatas para o problema da seca naquelas regiões.

26/02/2021  Última atualização 10H01
Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, durante a reunião do Conselho de Águas © Fotografia por: João Gomes |Edições Novembro
A decisão saiu da IV Sessão Ordinária do CNA realizada ontem, sob orientação do Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa.     
A governadora do Cunene, presente no encontro,lembrou à imprensa, no final da reunião, que não chove há sensivelmente 90 dias na província. "É uma situação preocupante. Estamos a prever momentos difíceis, como aqueles vivenciados em 2019”, desabafou.
Gerdina Didalelwa explicou que, nesta altura, já há populações deslocadas das áreas de residência para zonas ribeirinhas, como o Calueque, onde pessoas vindas dos municípios do Curoca e Cahama instalaram-se por falta de água. "Neste momento, há 987 pessoas afectadas pelo problema da seca na província do Cunene”, frisou.
Em 2019, a província do Cunene recebeu três mil milhões de kwanzas para fazer face à seca, mas foi insuficiente para resolver o problema.
O valor permitiu apenas a construção de 171 furos de água e a compra de 20 camiões que serviram para a distribuição de água às populações afectadas.


Solução vai acudir 250 mil pessoas

O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, adiantou que está em curso o projecto estruturante de construção de uma captação de água e de aquidutos de mais de 150 quilómetros na localidade de Cafu para beneficiar cerca de 250 mil pessoas. "Este é o maior projecto e já tem financiamento”, destacou.
Neste momento, prosseguiu, o projecto encontra-se em fase de execução, tendo já sido feito o desmatamento de todo o trajecto por onde vão passar os canais. "A percentagem de execução, grosso modo, é de cerca de 20 por cento. O pico da execução está previsto para  meados deste ano”, disse.

João Baptista Borges garantiu que este projecto vai ter grande impacto em termos de disponibilidade de água não só para o abastecimento às populações da margem esquerda do rio Cunene, mas também para o gado e cultivo das áreas adjacentes aos canais.
"Certamente, vamos ter um impacto significativo na região do Cunene, com a conclusão deste projecto”, realçou.

Disse não ser o único projecto em curso para fazer face ao problema da seca, havendo mais dois relacionados com a construção de barragens, mas ainda sem financiamento assegurado. O ministro da Economia e Planeamento, Sérgio dos Santos, disse que, embora a seca seja um fenómeno natural não controlado pela acção humana, foi criado um plano estratégico para atender, de forma definitiva, o problema. "O que está a acontecer, nos últimos anos, é a implementação desta estratégia muito bem definida”, realçou Sérgio dos  Santos


Reunião do CNA

Face à forte estiagem que se regista em várias regiões do país, o CNA perspectiva, no Plano Anual de Actividade, deste ano, acompanhar e monitorizar a execução das obras e projectos de construção do Laboratório Provincial do Bengo, Reabilitação do Sistema de Abastecimento de Água de Calulo (Cuanza-Sul), conclusão das obras da Estação de Tratamento de Água de Xangongo (Cunene) e do Sistema de Abastecimento de Ndalatando (Cuanza-Norte).
O CNA prevê, igualmente, acompanhar a avaliação da segurança da Barragem do Gove (Huambo) e, de forma mais proactiva, as actividades da Comissão Permanente das Águas da Bacia do Cubango-Okavango (OKACOM), Comissão do Curso de Água da Bacia do Cuvelai (CUVECOM) e Comissão Técnica Permanente Conjunta (CTPC).

Durante a IV Sessão Ordinária, o CNA foi informado sobre o desenvolvimento do Plano de Gestão Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Cuvelai, com uma área total de 160 mil quilómetros quadrados, sendo 35 por cento em Angola e 65 por cento na Namíbia, que beneficia cerca 1,2 milhões de habitantes.
No âmbito dos projectos estruturantes de combate à seca nas bacias do Cunene e Cuvelai, está prevista a construção de um sistema de captação no rio Cunene e de canais adutores até às localidades de Cuamato, Namacunde e Ndombondola.

Ainda, a construção de um sistema de bombagem, conduta pressurizada, canal aberto  da localidade de Cafu até Cuamato e de dez Chimpacas e canais adutores. Os membros do CNA foram informados sobre os projectos de construção da barragem 128 (Calucuve), de um canal adutor associado, a partir da localidade de Mupa a Ondjiva, de 44 Chimpacas e sobre a construção da barragem 71 (Ndúe), de um canal adutor associado, da região de Ndúe até Embudo e 15 Chimpacas.
O CNA foi ainda informado sobre o condicionalismo a que as obras estruturantes de combate à seca estão sujeitas por força da Covid-19.

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