Opinião

Conforto da família para lutar por Angola

Honorato Silva

Jornalista

Hoje, é dos principais esteios das Pérolas de África. Há uma década, chegou tímida, quase sem saber o que fazer da robustez física, em benefício das supercampeãs continentais, cuja renovação dos efectivos acontece de tempos em tempos.

03/08/2024  Última atualização 09H05
No seu tirocínio, teve o amparo de Marcelina Kiala, na passagem da garra e da determinação, na defesa dos anseios da pátria, numa modalidade que coloca Angola entre os países mais fortes do mundo.

A figura retratada nesse início de abordagem é Albertina Kassoma, poço de força e portento de talento da Selecção Nacional. Uma certeza de golos, no ataque à baliza adversária, e parede intransponível, na defesa, último reduto. E, por não acusar em nenhum tipo de controlo, aproveitou o dia de ontem para administrar o doping necessário na construção do sucesso muito desejado por milhões de angolanos espalhados pelo mundo, a conquista da presença nos quartos-de-finais do torneio de andebol dos Jogos de Paris.

A visita da filha e do marido, na Vila Olímpica, nos arredores de Saint-Denis, ajudou à líder do ataque da equipa nacional a completar a descarga das memórias do desaire copioso sofrido na véspera, frente à anfitriã França, movida por um espírito de vingança, pelas dificuldades enfrentadas nas disputas anteriores com as dominadoras de África.

Pessoalmente, a jogadora afasta a possibilidade de tal percalço fazer mossa no seio da Selecção Nacional, por ter plena confiança do valor competitivo do grupo às ordens do espanhol Carlos Viver, por isso está apenas focada no jogo de hoje, diante do Brasil, curiosamente o derradeiro obstáculo no objectivo de igualar o feito de 2016, no Rio de Janeiro, sob a batuta do angolano Filipe Cruz, com a passagem de fase. Kassoma pensa apenas na vitória, conectada ao povo que em Angola estará a torcer pelo grupo.

Noutras notas dos Jogos Olímpicos, é motivo de conversa e até de gozo, o facto de a organização ter permitido que um indivíduo, com antecedentes masculinos, entrasse numa disputa desigual, ao ponto de rebentar o nariz a uma indefesa atleta, que aos prantos confessou o facto de não ter memória de um dia ter sido golpeada de maneira tão violenta, por uma mulher.

Enquanto na natação o rigor ainda mantém cada macaco no seu galho, no boxe basta um procedimento cirúrgico para que os pratos da balança fiquem desequilibrados, e quem decidiu deixar de ser alfa andar aos sopapos com o sexo oposto, comprovadamente menos potente na explosão e na força física. Se a moda pega, corremos o risco de no futuro ver as nossas Pérolas de África num aceso despique pela conquista do passe dos Jogos Olímpicos, com uma equipa de barbudos cheios de testosterona, porque a Confederação Africana de Andebol ficou maluca e aceitou a inscrição da "nova potência” continental, representada por "jogadoras” transformadas como os alimentos da genética modificada pelos cientistas da agronomia. Será que reduz o efectivo nas consultas de urologia, sem ciclo menstrual?

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