Sociedade

Comunidades devem participar da atribuição gráfica dos nomes

As comunidades e os grupos socioprofissionais de interesse político e cultural podem propor a atribuição gráfica de locais e sítios a personalidades que contribuíram significativamente para o crescimento, visibilidade e melhoramento da imagem de um determinado município, distrito ou bairro de Luanda, de acordo com o linguista Domingos Lopes.

25/01/2023  Última atualização 10H45
Linguista Domingos Lopes defende a participação de todos os membros da sociedade na atribuição da toponímia da capital © Fotografia por: DR

Em declarações, segunda-feira, ao Jornal de Angola, sobre a Lei de Base sobre a Toponímia, no dia em que Luanda comemora mais um aniversário desde que foi elevada à categoria de cidade, Domingos Lopes explicou que a comunidade é chamada a emprestar o saber sobre a matéria. O também assessor do vice-governador da Província de Luanda para o Sector Político e Social, Manuel Gonçalves, ressaltou que a questão da toponímia é um trabalho da colectividade.

O Governo da Província de Luanda (GPL), disse, criou uma comissão multissectorial que tem estado a trabalhar num processo minucioso da toponímia da cidade capital do país. "Estamos a fazer um estudo e levantamento dos nomes a propósito da matéria”.

Domingos Lopes frisou que existem nos municípios comissões envolvidas na questão da toponímia, em que estão a ser feitas pesquisas da substituição ou não de alguns nomes grafados em locais e ruas de Luanda. Do ponto de vista social, histórico e cultural, os nomes, disse, são dados aos lugares em função da importância, fenómenos naturais, calamidades, plantas e países. Por exemplo, no bairro da Precol, as ruas são designadas por nomes de flores, já na Terra Nova foram atribuídos nomes de localidades de outros países.

Muitas das vezes, referiu, os nomes são mesmo atribuídos por uma questão administrativa. Este processo, aferiu, nos próximos dias, nas localidades de Icolo e Bengo, Talatona e Cazenga será feito o descerramento de placas toponímicas em função das propostas apresentadas pelas comunidades.

Em alguns casos, disse, a atribuição dos nomes precisa ter aprovação do Poder Executivo e noutros casos da Assembleia Nacional. "Existe naqueles casos que é da responsabilidade do Governador ou dos administradores. É um trabalho que está a ser feito com alguma paciência, porque Luanda está desestruturada do ponto de vista da sua configuração habitacional”.

De acordo com o linguista, um dos propósitos é poder assegurar, também, o próprio controlo e coordenação dos bairros. "Se há um caso de incêndio, os bombeiros mais facilmente poderão chegar ao local, o mesmo acontece com a polícia que muitas das vezes têm dificuldades de acessos a essas localidades por falta de uma identificação correcta, por existir muitas casas sem números na cidade”.

Há nomes atribuídos pelas comunidades, explicou, que desconfiguram o processo histórico da cidade e que não têm nada a ver com o contexto. O mesmo, disse, provavelmente aconteceu no período colonial onde tenham sido atribuídos nomes de personalidades "cruéis” que provocaram dissabores, que de certeza serão substituidos. "As pesquisas desenvolvidas pelas demais comissões têm precisamente a pretensão de substituir”.

Domingos Lopes realçou que existem nomes de indivíduos, no pós-independência, que também cometeram crimes que devem ser analisados a permanência dos mesmos na toponímia da cidade. "Há todo um processo de continuidade porque, também, vão surgindo novos bairros e unidades territoriais, municípios e distritos”.

Quanto à questão da harmonização ortográfica disse também que é um assunto que tem sido discutido pelas instituições locais. "Há uma determinação administra-tiva, no qual há o regresso da escrita de alguns nomes que já vêm do tempo colonial, que se pensou na sua transcrição para as línguas nacionais, mas estão a ser estudados e os resultados desses estudos vão ser do conhecimento público”.

Domingos Lopes  disse que a comunidade é chamada a emprestar o seu saber nessa tarefa como foi o caso da Liga Africana, a comunidade dos  Oshikwanyama, que têm estado a fazer um trabalho interessante sobre a matéria. "Temos o exemplo da rua que estava grafada como soba ao invés de Rei Mandume e que foi feita a correcção”.

Os ministérios da Cultura e Turismo e da Educação, bem como o Instituto Nacional de Avaliação e de Desenvolvimento da Educação realizaram, em Dezembro do ano passado, um debate público na primeira conferência internacional sobre a "Inserção das Línguas de Angola no Sistema de Educação e Ensino no país”, um tema recorrente sobre a política educativa nacional, como instrumento de comunicação, manifestação cultural e identidade dos povos angolanos.

Nesta conferência , o director-geral do Instituto de Línguas Nacionais do Ministério da Cultura e Turismo e docente, José Pedro, um dos prelectores, disse que a Lei de Base sobre a Toponímia refere que os nomes ainda escritos na época colonial até à independência devem manter a sua grafia e os demais devem passar para a certificação do Instituto de Línguas Nacionais.

Artista Uólofe Griot pinta "Rainha Njinga”

O artista plástico Uólofe Griot inaugura hoje, às 18h00, no Palácio de Ferro, em Luanda, a exposição individual "Rainha Njinga”, enquadrada nos festejos dos 447 anos da fundação da cidade capital.

Segundo o artista, trata-se de um projecto individual que também visa celebrar os 360 anos da morte da Rainha Njinga Mbandi. Uólofe apresentará 4 obras de diferentes técnicas, utilizando marcador e acrílio sobre tela. Na comunhão entre pintura e história, o artista revela ter desenvolvido um processo simples, onde trabalhou com recurso a imagens, partindo de experiências como as que resultaram no filme de Sérgio Graciano intitulado "Njinga-Rainha de Angola”, e da orientação do crítico de arte Zaci Dombaxi Xinavane. Uólofe sublinha que a exposição surge da sua necessidade de estabelecer uma sequência que interliga várias figuras da História de Angola.

"Foi uma inquietação pessoal que me motivou a aceitar desenvolver este projecto, assim com a forma de trabalhar. Pinto a Rainha Njinga Mbandi em vários contextos”, destaca o artista. Organizado pelo Espaço Luanda-Arte (ELA), a exposição fica patente até ao dia 28 de Fevereiro, podendo ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 16h30.

De nome artístico "Uólofe Griot”, é natural de Luanda, cindade onde nasceu no ano de 1989.  É artista e designer. Estudou na Faculdade de Artes – Universidade de Luanda e é membro da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP). Define-se como um  contador de histórias: um Griot. O seu processo de criação busca um estilo próprio, tendo como base do seu trabalho a apropriação da escrita pictográfica, ideogramas africanos e principalmente de mitologias de várias culturas.

 Todos estes elementos têm profunda relação com os ´doodles´ que caraterizam a sua pintura, que são como as veias onde percorrem todas as questões que permeiam o seu trabalho artístico, elevando experiências, memórias, conhecimento e a sua própria espiritualidade. Conta com quatro exposições individuas e participou em mais de treze mostras colectivas.

Participou em três residências artísticas, sete performances e nove pinturas murais. Em 2018 ganhou o Prémio Juventude Ensa Arte na XIV Edição. E em 2022, foi o Grande Prémio, 1ª classificado em Pintura também na ENSA ARTE na XVI Edição. Suas obras começam a fazer parte de importantes colecções nacionais públicas e privadas.

"Maratona Cultural” nas festas da cidade da Kianda

Música, teatro, artesanato, moda, gastronomia, poesia, exposição de artes plásticas e fotográficas são as actividades da Maratona Cultural, que acontece, hoje, a partir das 9h00, na Casa de Cultura do Rangel "Njinga A Mbandi”.

O evento, que decorrerá até às 17h00, visa celebrar mais um aniversário da Ci-dade de Luanda, que se comemora hoje.

A Casa de Cultura, no seguimento da efeméride, tem agendada para amanhã a inauguração da exposição "Luanda Kianda”, da artista plástica Clara Monteiro, e uma sessão do Clube do Livro, com a escritora Marta Santos.

No dia 27, realiza-se, às 15h00, o Slam Rangel "Um Poema para Luanda” com a participação de Brazza, Punchilinero, Zola Ramoa, Joice Zau, Domingos Dembo, Lio Francis e Antunes Dala.

A Casa de Cultura do Rangel "Njinga A Mbande” organizou, no pretérito dia 21 do mês em curso, o casting (1ª Eliminatória) do Slam Rangel (Um Poema Para Luanda).

A Casa de Cultura do Rangel é uma instituição de carácter privado com o objectivo de utilidade social comunitária, visando proporcionar actividades de índole cultural e artística aos cidadãos.




Manuel Albano e Katiana Silva

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