Cultura

Companhia Palasa estreia espectáculo de dança contemporânea inspirado no quotidiano

Maria Hengo

Jornalista

A Palasa Dance Company estreia hoje e amanhã, às 20H00, na Casa das Artes, em Lunda, o espectáculo de dança contemporânea “Banana com Ginguba”. Sob direcção e coreografia de Miguel Carlos, o espectáculo mergulha nas profundezas dos mitos e crenças arraigadas que ecoam de geração em geração, moldando e condicionando a mentalidade colectiva.

24/11/2023  Última atualização 08H25
Companhia venceu, este ano, o Prémio Nacional de Cultura e Artes em Dança pela excelência do espectáculo “Dose Dupla” © Fotografia por: Luís Damião|Edições Novembro
Uma jornada multifacetada onde cada cena é uma metáfora que destaca os estereótipos que se perpetuam, por vezes subtilmente, na tapeçaria social.

"A peça Banana com Ginguba desafia o espectador a desaprender e reescrever as histórias que definem a sua existência através da reflexão sobre o impacto desses paradigmas, mostrando como influenciam as nossas percepções, comportamentos e sentimentos. Cada movimento é uma tentativa de romper com as amarras invisíveis e moldar uma nova narrativa colectiva, onde a autenticidade se torna pilar de uma nova consciência”, explica Miguel Carlos.

Quanto à linha de pesquisa, Sara Lopes, directora de ensaio e dramaturga, disse que a companhia se baseia em explicar as histórias do país, escrever as vivências dos angolanos. A dramaturga reforçou que a observação é feita pela companhia, incluindo as conversas e tudo que os bailarinos levam serve para criarem as suas peças. Sobre o mercado de dança em Angola, Sara explicou que actualmente não existe, porém defendeu que não há um angolano que não sinta a dança nas veias.

"A dança é a nossa identidade, seja onde for é ela que nos une, mas a vontade de pegar neste potencial todo e transformar num mercado e fazer com que as pessoas vivam dela é que não existe", justificou. A directora de ensaios da companhia avaliou que, actualmente, existem bailarinos extremamente potentes em Angola, mas não há escola de dança e professores suficientes em cada província. "Temos etnias diferentes e se todos trouxerem diferentes formas de movimentar o corpo, podemos ter um baile folclórico forte, só precisamos de criar condições", sugeriu. Sobre a rotina da companhia, Miguel Carlos explicou que os ensaios acontecem quatro vezes na semana quando têm espectáculo, e duas vezes quando não têm.

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