A cimeira, cujo objectivo passará por encontrar medidas para mitigar o impacto da seca provocada por este fenómeno e abordar a situação de segurança alimentar e nutricional na região, vai ser orientada pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da organização.

De acordo com a organização, o estadista angolano deverá lançar um apelo humanitário da SADC, que destaca a população afectada, as necessidades prioritárias, assim como um outro apelo ao apoio imediato dos parceiros regionais e internacionais para atender às preocupações dos cidadãos atingidos.

A SADC deu a conhecer que a seca induzida pelo El Niño teve um impacto negativo nas vidas e nos meios de subsistência de uma população estimada em 58 milhões de pessoas.

Esta cimeira extraordinária da SADC foi precedida pela reunião conjunta de altos funcionários para Agricultura, Água, Energia e Gestão de Risco de Desastres, do encontro dos ministros responsáveis pela Agricultura, Água, Energia e Gestão do Risco de Desastres, da sessão do Comité Permanente de Altos Funcionários da organização regional e do Conselho de Ministros da SADC, esta última realizada, ontem, também no formato virtual, orientada pelo presidente do órgão e ministro das Relações Exteriores, Téte António.

Esta reunião, também extraordinária, visou deliberar as questões relacionadas com os esforços da resposta aos efeitos da seca induzida pelo fenómeno El Niño na África Austral.

Téte António fez saber, no discurso de abertura da reunião, que durante a campanha agrícola de 2023 a 2024 se assistiu a perdas de colheitas provocada pela seca induzida pelo fenómeno El Niño, que está já a provocar défice alimentar.

"Como consequência, assiste-se à volatilidade dos preços dos produtos essenciais de primeira necessidade", informou o ministro das Relações Exteriores.

A baixa precipitação, prosseguiu o chefe da diplomacia angolana, está a ter, também, um impacto na disponibilidade de recursos hídricos para o abastecimento de água, serviços de saneamento e higiene, produção animal e de energia.

A título de exemplo, o presidente do Conselho de Ministros da SADC disse que a República de Madagáscar assistiu à devastação causada pelos ciclones tropicais "Álvaro”, "Filipo” e "Gamane”, entre Janeiro e Março de 2024, que provocaram a perda de vidas humanas, a destruição de bens e de infra-estruturas.

"Assistimos, também, a chuvas e inundações contínuas em Eswatini, Lesotho, Malawi e República Unida da Tanzânia, que provocaram a perda de vidas humanas e a destruição de infra-estruturas e propriedades, resultando em danos avaliados em centenas de milhares de dólares norte-americanos", destacou Téte António, informando que alguns países da região já começaram a sofrer longas horas de cortes de electricidade.

 
Implementação de planos de emergência

O ministro das Relações Exteriores considerou que as inundações demonstram a necessidade de se implementar planos de emergência para vários desastres, a fim de assegurar a preparação e uma resposta eficaz a estes fenómenos naturais em curto, médio e longo prazo.

A reunião do Conselho de Ministros da SADC avaliou o Projecto de Apelo Regional de Apoio Humanitário, em resposta à situação do fenómeno El Niño.

O projecto, que vai ser submetido à apreciação dos Chefes de Estado e de Governo da SADC para aprovação, destaca os desafios que a região está a enfrentar em resultado da seca induzida pelo El Niño e outras calamidades naturais, e propõe intervenções recomendadas, que terão de ser implementadas em curto, médio e longo prazo de modo a aliviar o sofrimento das comunidades. O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na linha do Equador, alterando a distribuição de humidade e as temperaturas em várias áreas do planeta.

A Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC é responsável pela direcção política geral e pelo controlo das funções da Comunidade, tornando-a a instituição suprema de decisão política da África Austral. A SADC é uma organização de 16 Estados-membros, criada em 1980 como Conferência de Coordenação do Desenvolvimento da África Austral (SADCC) e, mais tarde, em Agosto de 1992, transformada na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

A missão da SADC passa por promover o crescimento económico sustentável e equitativo e o desenvolvimento sócio-económico, através de sistemas produtivos eficientes, cooperação e integração mais profundas, boa governação, paz e segurança duradouras, para que a região surja como um actor competitivo e eficaz nas relações internacionais e na economia mundial.