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Cientistas de Angola e Lesotho desenvolvem estudo de sementes

Adolfo Mundombe/Huambo

Jornalista

Um estudo sobre o desenvolvimento de sementes melhoradas de milho, massango, massambala, mandioca e feijão está a ser desenvolvido, na província do Huambo, por cientistas de Angola e do Lesotho.

04/03/2023  Última atualização 09H50
A troca de experiências serviu também para perspectivar outros programas entre os cientistas © Fotografia por: Joaquim Armando | Edições Novembro

O estudo, no âmbito do Projecto de Produtividade Agrícola para a África Austral (APPSA), está a ser financiado pelo Banco Mundial, num montante de 25 milhões de dólares.

Implementado na estação experimental da Chianga, no Huambo, o projecto arrancou no dia 1 de Março. Segundo o chefe do Centro Regional de Liderança da Produção da Mandioca em Angola, Moniz Paulo Mutunda, a iniciativa visa aumentar a disponibilidade de tecnologias agrícolas melhoradas nos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Assegurou, por outro lado, que a troca de experiências durante os dois dias de actividade serviu também para alicerçar os laços de amizade e perspectivar programas que visem melhorar a qualidade alimentar na África Austral.

Moniz Mutunda disse, ainda, que o país está entre os cinco maiores produtores de mandioca de África, ao lado da Nigéria, Ghana e República Democrática do Congo (RDC). Quanto ao consumo, Angola está em primeiro lugar. Numa perspectiva de produção local, o país produz  14 milhões de toneladas por ano, com 13 a 14 toneladas por hectare.

"Para isso, temos de trabalhar muito na questão do melhoramento da cultura da mandioca e criar variedades tolerantes a pragas, para aumento da produção”, acrescentou.

O responsável afirmou que se devem criar os mecanismos de processamento da mandioca e seus derivados, que podem ser aplicados em vários sectores, como na indústria farmacêutica e o aproveitamento do amido em brocas para extracção de petróleo.

Explicou que por enquanto a mandioca é uma cultura praticada simplesmente pelos camponeses nas zonas rurais de uma maneira particular e em pouca escala.

"Por isso, é nosso desejo produzir mandioca em grande escala pelos fazendeiros e tirar proveito que esta oferece nas províncias de Malanje, Uíge, Cabinda,  Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Namibe, Tomboco, Zaire, Leste de Angola e na Chianga (no Huambo)”, ressaltou.

O chefe do Departamento de Investigação Agronómica do Lesotho e responsável da missão de cientistas salientou as valências desta troca de experiências. "Estamos aqui para aprender com os colegas de Angola, porque estamos a implementar o mesmo projecto, daí ser  imperioso saber o que os outros estão a  faze”, disse.

Bataung Kuenene assegurou, por outro lado, que a África está afectada com a insegurança alimentar e o  Lesotho é também um destes países onde a fome afecta as populações locais.

"Por isso estamos aqui juntos para partilhar a experiência de produção de alimentos e aplicar no nosso país, especialmente a produção de sementes de milho”, disse o cientista do Lesotho. 

Lembrou que tem sido constrangedor produzir em  solos ácidos, sendo os mesmos iguais aos do Lesotho. "Daí auguramos que quando estiverem prontas as sementes plantadas, vamos levar essas sementes e testar nos nossos solos. É este o objectivo principal da nossa vinda a Angola”, referiu Bataung Kuenene.

O coordenador do projecto de melhoramento das sementes de milho da Estação Experimental Agrícola da Chianga, Dimbazilua Nguinamao, disse que os parceiros do Lesotho vieram constatar o projecto da APPSA com o intuito de partilha de experiências.

"Estamos a fazer estudos científicos profundos sobre diversas plantações, dos solos,  a seca, calor, pragas e, principalmente, da lagarta militar, que está a devastar os campos agrícolas”, referiu. Durante a estada no país, os cientistas do Lesotho visitaram os laboratórios do Instituto de Investigação Agronómica (IIA), que possibilita o controlo de qualidade dos produtos agrícolas produzidos em Angola.

 

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