Política

Ciência e Tecnologia podem forjar a solidariedade e a realização dos ODS

Edna Dala | Havana

Jornalista

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, assinalou, sexta-feira, na Cimeira dos Países do Sul Global, em Havana, que a Ciência, a Tecnologia e a Inovação podem forjar a solidariedade, resolver problemas comuns e contribuir para tornar os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) uma realidade.

16/09/2023  Última atualização 09H08
Secretário-Geral António Guterres recordou aos líderes mundiais que a tarefa começa com o próprio sistema multilateral nesta fase complexa da Humanidade © Fotografia por: Rafael Taty | Edições Novembro | Havana
Ao discursar no primeiro momento da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do G77+China, bem como representantes de organizações internacionais, António Guterres sublinhou que, "hoje, frequentemente inflamam as desigualdades e consolidam divisões, em que os países mais ricos acumularam vacinas contra a Covid-19, enquanto a pandemia se espalhava desenfreadamente no Sul Global e os africanos pagam três vezes mais do que a média global por dados, e os titãs da tecnologia acumulam uma riqueza inimaginável”.

 Para o efeito, o Secretário-Geral da ONU frisou que só uma acção global poderá combater essas desigualdades e garantir uma transição justa para uma economia digital e para que numa nova era tecnológica ninguém seja deixado para trás.

 Guterres disse que a proposta do Pacto Digital Global pode conseguir exactamente isso e responder a este grande desafio, pois o objectivo é reunir Governos e a indústria para garantir o acesso da tecnologia a toda a Humanidade e acelerar os ODS.

 Sobre o instrumento que se pretende regular o actual quadro, o Secretário-Geral da ONU avançou que está em negociação entre os Estados-membros.

 António Guterres alertou os líderes mundiais que as futuras regras para as novas tecnologias não podem ser escritas apenas pelos ricos e privilegiados: "O meu Órgão de Alto Nível sobre a Inteligência Artificial – que inclui especialistas dos países do G77 – apresentará um relatório este ano, para que os Estados-membros possam considerar opções de governação global para a IA”.

 Segundo o responsável máximo da ONU, é necessário que se crie um futuro mais justo para os países em desenvolvimento por acreditar que todos têm o dever de aproveitá-los, considerando que a voz do G77 mais a China será sempre ouvida nas Nações Unidas.

 "E conto com este Grupo, que há muito é defensor do multilateralismo, para intensificar, usar o seu poder e lutar: para que defenda um sistema enraizado na igualdade, um sistema pronto para reverter a injustiça e a negligência de séculos e, acima de tudo, defenda um sistema que atenda a toda a Humanidade”, reafirmou Guterres.

Mundo está a falhar com os países em desenvolvimento

Guterres realçou que o mundo está a falhar com os países em desenvolvimento e defendeu, como uma das soluções, a adopção de uma acção nacional para a garantia da boa governação, mobilização de recursos e priorizar o Desenvolvimento Sustentável.

António Guterres acrescentou que as medidas de solução, a adopção de uma acção global que respeite a apropriação nacional para a construção de um sistema internacional capaz de defender os Direitos Humanos e trabalhe no seu interesse "exigem que o G77 + China usem a voz para lutar por um mundo que funcione para todos”.

 O Secretário-Geral da ONU recordou aos líderes mundiais que a tarefa começa com o próprio sistema multilateral, numa fase em que a Humanidade caminha para um mundo multipolar, responsável pela de novas oportunidades de liderança no cenário global, mas reconheceu que, por si só, não garante a paz nem a justiça, pois "estes exigem instituições multilaterais fortes e eficazes”.

 Nesta perspectiva, Guterres admitiu que muitas organizações globais de hoje, especialmente o Conselho de Segurança das Nações Unidas e as instituições de Bretton Woods, reflectem uma época passada: "Um momento em que muitos países em desenvolvimento estavam algemados pelo domínio colonial e não tinham voz nos próprios assuntos ou globais”.


Miguel Díaz-Canel Bermúdez, Presidente cubano, salientou as mudanças do cenário actual

Cuba defende um mundo mais justo

O Presidente de Cuba e do Grupo dos 77 países + China, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, salientou que a mudança do cenário actual exige a construção de um mundo mais justo, verdadeiramente democrático e inclusivo, que privilegie a solidariedade e a cooperação internacional.

 Para o anfitrião, a alteração deste paradigma permite a mobilização de recursos necessários para apoiar os esforços dos países na concretização do desenvolvimento, apelando às nações do Sul global a lutarem pelo direito ao desenvolvimento, por entender que só assim estarão em condições de ocupar o lugar que lhes cabe neste mundo.

 Miguel Díaz-Canel Bermúdez defendeu a necessidade de se quebrarem as barreiras internacionais que têm dificultado o acesso ao conhecimento dos países em desenvolvimento e a utilização destes factores determinantes para o progresso económico e social.

 "Esta Cimeira ocorre num momento em que a Humanidade atingiu um potencial técnico-científico inimaginável e com uma extraordinária capacidade de gerar riquezas e bem-estar, equidade e justiça que podem garantir padrões de vida dignos, confortáveis e sustentáveis para quase todos os habitantes do planeta", concluiu o líder cubano.

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