Sociedade

Chuvas desalojam e deixam vias cortadas

Isidoro Natalício | Ndalatando

Jornalista

As fortes chuvas que atingiram a cidade do Dondo, município de Cambambe, na noite de sexta-feira, deixaram mais de 650 residências inundadas e impediram a ligação rodoviária entre a província do Cuanza-Norte e a região centro-sul do país.

09/05/2021  Última atualização 09H55
Intempérie da última sexta-feira afectou pelo menos três mil famílias na localidade do Dondo e deixou rasto de destruição © Fotografia por: Nilo Mateus | Edições Novembro | Dondo
A tragédia aconteceu no bairro Cassesse, habitado por cerca de 12 mil pessoas. Na sequência da chuva, a água que saiu do rio Capacala invadiu residências, lojas e instituições públicas.
O vice-governador do Cuanza-Norte para o Sector Técnico, Mendonça Luís, confirmou que 3 mil famílias foram afectadas pela intempérie.

O sinistrado Domingos Miúdo conta que, por volta das 22 horas de sexta-feira, a chuva era branda. Mas bastaram alguns minutos para que a água aumentasse de volume e inundasse a sua casa.
 "Não havia outra coisa a fazer; foi pegar nas cinco crianças e correr até à estrada, que é o sítio mais alto”, disse.
Até às 13 horas de ontem, Domingos Miúdo continuava sem comer. A água da chuva arrastou toda a logística familiar. Também sem alimentos está Antonica Fernando, que vive com três netos no bairro Cassesse há 24 anos.
"Estou a pensar no que perdi, não tenho outra casa, o que será da minha vida sem nada?”, questionou-se, visivelmente abalada.

A água também arrastou electrodomésticos, roupas, animais e mercadorias. O comércio também não escapou aos prejuízos. Cerca de 800 sacos de cimento azul, seis arcas, 50 baterias, 40 pneus, cal e demais produtos foram arrastados e geraram prejuízos no valor de 10 milhões de Kwanzas, segundo o responsável da loja Ange-Tala, Mohamed Muctar.
No geral, calculam-se que tenham sido atingidas mais de 20 unidades entre cantinas, restaurantes e mini-mercados. As ruas estão lamacentas e foi cortado o fornecimento de energia eléctrica na zona.

Fora do Cassesse, o transbordo do rio Capacala deixou submersa a escola do segundo e terceiro níveis do centro da cidade, inundou o Comando de Bombeiros, residências, quintais e instituições localizadas à beira do Caminho-de-Ferro de Luanda, como o centro de emprego e uma agência bancária, entre outros prejuízos. 

Circulação limitada
As enxurradas provocaram também a destruição da ponte anexa ao quartel dos bombeiros, no centro do Dondo.
O desabamento cortou a ligação rodoviária entre a parte baixa e alta da cidade e condicionou a circulação entre Luanda e a região centro-sul do país. A Administração Municipal de Cambambe procurou, durante o dia de ontem, encontrar alternativas para facilitar a circulação rodoviária.

A queda da ponte sobre o rio Capacala afectou também infra-estruturas técnicas, como cabos de redes de telecomunicações. Os moradores do bairro Cassesse referem que um dique, construído na zona para travar a subida das águas do rio, terá sido parcialmente destruído.

Morador do Cassesse e ex-administrador municipal de Cambambe, Francisco Diogo sublinhou que a ruptura pode ter sido provocada pela falta de manutenção. "No princípio da década de 1970, a limpeza do rio era feita de cinco em cinco anos”, recordou.

O antigo responsável disse que as últimas obras de manutenção aconteceram em 2010. Em 2012, estavam projectadas novas intervenções, que nunca foram concretizadas.

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