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China quer inovar ideias na cooperação com África

A República Popular da China quer inovar as ideias de cooperação e diversificar os modelos de relação bilateral com os países africanos, revelou, em Pequim, Wu Peng, director-geral do Departamento de Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

24/03/2023  Última atualização 07H35
Wu Peng, director-geral dos Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês © Fotografia por: DR


Ao discursar quarta-feira durante o seminário subordinado ao tema "Promoção do Desenvolvimento da Cadeia Industrial Africana e Aumento do Valor Agregado dos Produtos Africanos”, enquadrado no Fórum de Cooperação China-África, o responsável destacou o relatório sobre o volume do investimento chinês em África.

Wu Peng afirmou, perante uma plateia de diplomatas, empresários e jornalistas africanos, que a China investiu mais de 120 biliões de dólares em financiamentos no continente negro, tendo este investimento servido para "ajudar os países africanos a melhorar infra-estruturas e consolidar as bases para a industrialização”.

O Fundo de Desenvolvimento China-África e o Fundo de Cooperação de Capacidade de Produção China-África, disse, impulsionou a disponibilidade de dezenas de biliões de dólares americanos para o investimento em "projectos não industriais e de capacidade de produção”.

O gigante asiático, de acordo ainda com o responsável para os Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, criou uma "Expo Económica e Comercial China-África”, que serviu de "canal verde” para a exportação de produtos agrícolas.

Por outro lado, revelou que a China promoveu a cooperação em economia digital, com a realização do "Festival de Compras On-Line de Mercadorias Africanas", de forma a facilitar a entrada no mercado chinês de produtos "Made in África”.

Sustentou ainda que, fruto da relação China-África, foram criados mecanismos de cooperação para capacidade de produção com 15 países africanos e a construção de mais de 20 parques industriais, com mais de 3.500 empresas chinesas no continente berço, num investimento de mais de 56 biliões de dólares.

"A China tornou-se no segundo maior exportador de produtos agrícolas para países africanos”, sublinhou, Wu Peng, para em seguida acrescentar que as empresas chinesas fizeram, igualmente, investimentos não agrícolas em 35 países.

"Mais de 350 tipos de produtos agrícolas e alimentos africanos podem ser comercializados com a China”, explicou.

Nova era na cooperação

O director-geral do Departamento de Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China anunciou que a relação de cooperação com os países africanos observa uma "na nova era”, que deve obrigar a adesão das partes "aos princípios de orientação governamental, propriedade empresarial, operação de mercado e avanços na política, indústria e capital humano”.

Congratulou-se com o facto de um número crescente de países africanos ter estabelecido os "rudimentos e fundações de indústrias em mineração de energia, indústria leve e electrodomésticos", bem como em outras áreas que permitiram proporcionar receitas em divisas com exportações.

Citou, a título de exemplo, o facto de na indústria da cerâmica de construção 16 empresas chinesas terem investido e construído mais de 51 linhas de produção em África, com uma capacidade total de produção diária de 800 mil metros quadrados, com uma cadeia industrial com a cobertura de cerca de 10 países africanos.

"A visão da Cooperação para 2035, emitida na 8ª Conferência Ministerial do Fórum de Cooperação China-África estabelece claramente que a China e a África vão cooperar na melhoraria do sistema de fabricação, promoção de produtos e marcas africanas e integrá-los no mercado industrial internacional e cadeias de suprimentos", elucidou Wu Peng.

Tais políticas, segundo o responsável, apontam para o futuro de uma cooperação China-África virada para promover a industrialização e o desenvolvimento sustentável em África. Mas, para tal, referiu, as partes precisam de adoptar uma abordagem sistemática e holística.

"Precisamos de estar focados no desenvolvimento da cadeia industrial e fortalecer sinergias de vários factores”, realçou, apelando ao fortalecimento da construção de infra-estruturas necessárias para a produção em grande escala, como redes ferroviárias, rodovias, energia eléctrica e construção de parques industriais para atrair investimentos industriais e "fortalecer a força motriz interna para o desenvolvimento independente da África”.

Destacou, a finalizar, a importância de "ensinar as pessoas a pescar", aumentar o intercâmbio e a transferência tecnológica com a África, ajudar o continente berço da Humanidade a formar profissionais e aproveitar melhor o "dividendo demográfico".

 

Paulo Caculo | Pequim


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