Política

Chefe de Estado presta tributo a Jomo Kenyatta

Geraldo Quiala | Nairobi

Jornalista

O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, vai, hoje, em Nairobi, ao Mausoléu de Jomo Kenyatta, o primeiro Presidente do Quénia, para prestar homenagem ao falecido fundador deste país da África Oriental.

21/10/2023  Última atualização 09H51
João Lourenço cumpre visita de Estado de dois dias ao Quénia a convite do Presidente daquele país, William Ruto © Fotografia por: Dombele Bernardo| Edições Novembro
O Presidente angolano, que se encontra no Quénia desde quinta-feira, em visita de Estado de dois dias, vai ao Mausoléu de Jomo Kenyatta, uma das poucas obras arquitectónicas que, raramente, são abertas ao público. A instalação, bem no coração de Nairobi, é fortemente vigiada e os arranjos anteriores são feitos antes de qualquer visita.

A poucos passos do Hotel Inter continental, a instalação possui caminhos pavimentados com estátuas decoradas de leões, ostensivamente uma demonstração da corajosa vida do Presidente fundador do Quénia. Dos pavimentos às 22 bandeiras espaçadas - 11 de cada lado - o composto é limpo e conservado regularmente. Através do portão preto feito de grelhas de metal, um passa pela sebe de buganvílias sem flores, pelas cinco pequenas palmeiras à esquerda e outras duas à direita.

A instalação é gerida e mantida pelo Parlamento. Desde a morte de Jomo Kenyatta, a 22 de Agosto de 1978,e para evitar a profanação, sempre foi assegurada pelos soldados das Forças de Defesa do Quénia. Construído em 1978,  o Mausoléu consiste em paredes laterais de granito sólido montadas na fundação. O piso interior é feito com granito premium e colorido. Possui tapete vermelho da entrada até à estrutura principal.

O Quénia é um país do Leste da África com litoral no Oceano Índico. Engloba savanas, regiões de lagos, o impressionante Grande Vale do Rift e planaltos montanhosos, além de ser um local com animais selvagens como leões, elefantes e rinocerontes. A partir de Nairobi, a capital, os safaris visitam a reserva de Masai Mara, conhecida pelas migrações anuais de gnus, e o Parque Nacional de Amboseli, que oferece vistas do monte Kilimanjaro, na Tanzânia, com 5.895 metros de altitude.

A capital do país, além do centro urbano, a cidade conta com o Parque Nacional de Nairobi, uma grande reserva de caça conhecida pela criação de rinocerontes-negros, ameaçados de extinção, e por abrigar girafas, zebras e leões. Ao lado da reserva, há um orfanato de elefantes administrado por David Sheldrick, da Wildlife Trust. Nairobi, também, é uma cidade muito procurada como ponto de partida para viagens de safari com destino a outros lugares do país.

Reforço da cooperação é consumado hoje com a confirmação de 12 novos acordos

Depois da revisão e actualização dos instrumentos jurídicos entre as Repúblicas de Angola e do Quénia, analisados em reunião ministerial pelos peritos, hoje, os dois países, sob olhar atento dos Chefes de Estado João Lourenço e William Ruto, vão confirmar, em Nairobi, o reforço da cooperação bilateral, com a assinatura de 12 novos acordos e memorandos de entendimento.

No âmbito da visita de Estado a convite do homólogo queniano, João Lourenço vai ser acolhido, formalmente, no Palácio Presidencial de Nairobi, com honras protocolares e 21 salvas de canhão, seguindo-se um encontro em privado com William Ruto, enquanto as delegações acompanhantes estarão a trabalhar no estreitamento das relações bilaterais.

Com base nas informações divulgadas, durante a reunião ministerial preparatória deste momento de alto nível pelos chefes de ambas diplomacias, ficou evidente o objectivo da dinamização das relações existentes, motivo pelo qual as equipas técnicas avaliaram, desde segunda-feira até ontem, o grau de cooperação dos acordos entre os dois países.

Também, ao longo dos últimos quatro dias, as partes identificaram novas áreas para o reforço da cooperação e tiveram a oportunidade de trocar impressões sobre as questões relevantes de interesse mútuo, regional e multilateral.

Relativamente ao estatuto dos instrumentos jurídicos entre as Repúblicas de Angola e do Quénia, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, em abordagem com o homólogo queniano Wycliffe Musalia Mudavadi, em Nairobi, reiterou que continua a ser imperativo confirmar os mecanismos de acompanhamento e implementação dos acordos.

A propósito, Angola considera indispensável reforçar, ampliar e consolidar a cooperação bilateral nas áreas de interesse comum, tendo em conta as potencialidades e a experiência de ambos os países nos domínios Político-Diplomático, Comércio e Indústria, Saúde, Cultura, Agricultura e Pescas, Ambiente, Educação e Formação Profissional, Transportes, Minérios, Petróleo e Gás, Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.

Ainda na antecâmara deste "encontro histórico” entre os dois Presidentes da República, Téte António apresentou a "fotografia actual e real” do país aos quenianos, quando anunciou a projecção ligada à implementação de reformas estruturais para apoiar o sector não-petrolífero.

Segundo o governante, os acordos e memorandos a serem assinados hoje mostram uma Angola apostada na diversificação da economia, através da captação de investimento privado nacional e estrangeiro, assente em projectos nos sectores Agrícolas, Transformação, Mineração, Turismo e Serviços para a criação de postos de emprego, redução das importações e aumento das exportações, bem como melhorar a qualidade de vida da população.

Foi, igualmente, reafirmado que, com a garantia da segurança alimentar e nutricional do país, será possível aumentar a produção e a transformação de alimentos, assim como promover a substituição das importações, daí que o Executivo angolano tenha aprovado três projectos estratégicos de desenvolvimento, nomeadamente Planagrão (cereais), Planapesca (peixe e sal) e Planapecuária (carne, leite e derivados), que estão em plena execução.

Enquanto o ministro Téte António apresentava a situação política, económica e social de Angola, destacou-se que esta estratégia padecia de apoio dos parceiros estrangeiros, pois o Governo tem incentivado o investimento directo através de benefícios fiscais, melhoria do ambiente de negócios, combate à corrupção, desburocratização da Administração Pública e a privatização de empresas nacionais.

Com base nas potencialidades dos dois países, Angola considera que o alargamento da cooperação está intrinsecamente associado às questões económicas e comerciais, pelo que, segundo os técnicos multissectoriais de ambas as partes, seja "oportuno promover uma plataforma de diálogo” entre os sectores privados destes Estados, através do estabelecimento de parcerias público-privadas.

Já o Primeiro-Ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros e dos Assuntos da Diáspora do Quénia, Musalia Mudavadi, realçou que há uma clara determinação e vontade de aprofundar as relações bilaterais e trabalhar em conjunto para expandir os laços existentes desde os tempos da luta pela Independência, lembrando que a actual "cooperaçao está ancorada num quadro de 16 de Janeiro de 2014”, altura em que se registou o ponto mais alto no intercâmbio.

"Estamos gratos pela reunião inaugural desta sessão da Comissão Mista. Agradecemos as equipas técnicas que puderam discutir 25 assuntos. Vamos testemunhar a assinatura (sábado) de instrumentos jurídicos, dentre os 25, e um roteiro muito claro sobre como serão executados os acordos”, ressaltou Musalia Mudavadi.

 Comunidade residente

Com uma comunidade reduzida (menos de 50 cidadãos), os angolanos, organizados em associação de residentes, esperam que a visita de Estado de João Lourenço traga benefícios e aumente a cooperação entre os dois povos.

Para o estudante de Teologia Simão Arnaldo, o Presidente da República é bem-vindo ao Quénia, facto que pode ser aproveitado em diversos sectores comerciais, enquanto outro angolano, Sebastião Moniz, considera que o país de acolhimento tem experiência na Educação, destacando-se nas facilidades e acompanhamento dos discentes até ao Ensino Superior.

A especializar-se no Turismo, Victorino da Cruz acredita que, depois de concluir a formação em Preservação de Parques, poderá participar na conservação da vida selvagem, um dos memorandos previstos para assinatura, em Nairobi, no quadro da visita de Estado de João Lourenço.

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