Política

Chefe de Estado egípcio defende incremento da cooperação bilateral em vários sectores

O Presidente da República Árabe do Egipto, Abdel Fattah El-Sisi, defendeu, quarta-feira, em Luanda, o incremento da cooperação com Angola nos mais variados sectores, salientando que o volume das trocas comerciais bilaterais não reflecte as “excelentes” relações de amizade existentes entre os dois Povos e Governos.

08/06/2023  Última atualização 07H33
Abdel FattahEel-Sisi discursou no Palácio na Cidade Alta © Fotografia por: Santos Pedro| Edições Novembro
A pretensão foi manifestada pelo Chefe de Estado egípcio, no final da cerimónia de assinatura dos Memorandos de Entendimento em matéria de Segurança e Ordem Pública, e de Assistência Técnica sobre Águas Subterrâneas, rubricado pelos dois países, no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, no quadro da visita de trabalho que efectuou ao país, a convite do homólogo angolano, João Lourenço.

"O volume das trocas comerciais não reflecte as relações de amizade, por isso, vamos, nos próximos tempos, trabalhar com vista ao incremento e diversificação da cooperação nos mais variados domínios”, declarou Abdel Fattah El-Sisi, que manifestou "muito interesse” do seu país alargar a cooperação e troca de experiências com Angola, nos domínios da digitalização e privatizações.

"Estamos a trabalhar para nos tornarmos numa economia livre. Por isso temos muito interesse em cooperar e trocar experiências neste domínio, apoiando os investidores no sentido de actuarem neste campo”, afirmou.

O Chefe de Estado egípcio disse ter falado com o homólogo angolano sobre a necessidade dos dois países cooperarem em vários domínios e encontrarem a forma "mais adequada” para promover as relações bilaterais e troca de experiências nos sectores Económico, Comercial, Cultural e do Turismo, incluindo no domínio da Segurança e Combate ao Terrorismo.

Abdel Fattah El-Sisi também disse ter referido ao Presidente João Lourenço sobre a experiência do seu país em matéria de construção de cidades, indicando que existem no Egipto mais de cinco mil empresas a trabalhar nos sectores da Energia, Agricultura e Infra-estruturas. Neste último apontou, como exemplo, a construção da nova capital egípcia.

"Estamos prontos para cooperar com os nossos irmãos angolanos, apoiando os investidores egípcios que já iniciaram investimentos no mercado angolano”, referiu o Presidente do Egipto, argumentando que a Comissão Mista vai permitir acelerar ainda mais o processo de negócios bilaterais.

 

Segurança regional e internacional

Durante o breve encontro com o Presidente João Lourenço, no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, antes mesmo da cerimónia da assinatura dos dois instrumentos jurídicos, Abdel Fattah El-Sisi disse terem sido abordadas várias questões relacionadas com a situação regional e internacional, mais concretamente a necessidade da restauração da paz e segurança nas Repúblicas da Somália, RDC, Líbia, Sahara e Sudão, e de um cessar-fogo imediato na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

"Concordámos na realização de esforços para restaurar a estabilidade nestes países”, informou o Chefe de Estado egípcio, para quem as partes beligerantes no Sudão devem, imediatamente, instaurar o cessar-fogo e iniciar negociações para o termo do conflito, que durante as últimas semanas provocou mais de  dois mil deslocados junto das fronteiras do Egipto.

O Presidente do Egipto disse que a experiência dos conflitos reinantes no Sudão e dos últimos dez anos na Líbia transmite que a oração de paz e segurança deve constituir-se no domínio mais importante para os dois Estados (Angola e Egipto) actuarem ao nível regional.

Ao longo da sua intervenção, Abdel Fattah El-Sisi também discorreu sobre a controvérsia existente devido à distribuição entre os países ribeirinhos das águas do Rio Nilo (o maior do continente), lembrando que mais de 90 por cento do território egípcio é desértico e apenas as margens do Nilo oferecem condições para desenvolver a agricultura.

Abdel Fattah El-Sisi disse ter também falado com o Presidente João Lourenço sobre a importância de ser encontrada uma solução para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia nos próximos tempos.

O Chefe de Estado egípcio agradeceu e aceitou o convite que lhe foi formulado pelo Presidente João Lourenço para participar nas comemorações dos 50 anos de Independência de Angola, em 2025, ao mesmo tempo que manifestou alegria em receber a visita do homólogo angolano no Egipto, salientando que a mesma vai permitir retribuir não só a "calorosa” recepção e hospitalidade que obteve durante a sua estada no país, mas também para avaliar a cooperação bilateral.

Ministros realçam importância  dos acordos rubricados

Os Governos de Angola e do Egipto rubricaram, ontem, em Luanda, dois instrumentos jurídicos, um em matéria de Segurança e Ordem Pública, e outro sobre Energia e Águas, no quadro da visita de trabalho que o Presidente da República Árabe do Egipto efectuou ao país na terça e quarta-feira últimas.

Em declarações aos jornalistas, após assinar o Memorando de Entendimento no domínio da Segurança e Ordem Pública, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, considerou "global”, o instrumento jurídico, salientando que o mesmo engloba a maioria dos sectores da Polícia Nacional, nomeadamente, Segurança Pública, Investigação Criminal, Laboratórios Forenses, Protecção Civil e Bombeiros, incluindo os Serviços de Migração e Estrangeiros, Prisionais e Penitenciários.

Eugénio Laborinho revelou que os convénios com o Egipto não passavam de convites para os técnicos angolanos estudarem a língua árabe e frequentarem cursos técnicos nos domínios da Investigação Criminal e Serviços de Migração e Estrangeiros.

"Este é um acordo onde englobamos a Polícia Nacional nas vertentes de segurança pública, investigação criminal, laboratórios forenses, serviços de migração e estrangeiros, penitenciários e protecção civil e bombeiros”, afirmou o governante.

O ministro do Interior informou, a propósito, que no quadro da assinatura do referido acordo, Angola vai aproveitar a experiência do Egipto para apostar, cada vez mais, nos serviços de investigação criminal, na vertente ligada ao combate ao terrorismo.

Sublinhou, também, que outra aposta de Angola, aproveitando a experiência egípcia, será feita no domínio do Trânsito e Segurança Rodoviária. "O Egipto tem uma população superior à de Angola. A capital, Cairo, tem imenso trânsito. Por isso, vai ser uma mais-valia partilhar experiências com o Egipto no domínio da mobilidade urbana”, afirmou Eugénio Laborinho.

O ministro do Interior informou que do Egipto virá a experiência técnica e formadores, salientando que o acordo deverá ser implementado com o envio dos técnicos angolanos para o Egipto, e a chegada dos formadores egípcios ao país.

O Memorando de Entendimento sobre a Cooperação em matéria de Segurança e Ordem Pública foi rubricado pelo ministro angolano do Interior, Eugénio Laborinho, e pelo chefe da diplomacia daquele país africano, Sameh Shoukry, na presença dos Presidentes João Lourenço e Abdel Fattah El-Sisi, no Palácio Presidencial, na Cidade Alta.

 

 Assistência técnica sobre águas subterrâneas

O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, afirmou que o Memorando para Assistência Técnica sobre Águas Subterrâneas rubricado entre os dois Governos abre margem para alargar ainda mais a exploração das potencialidades energéticas do país.

Aos jornalistas, João Baptista Borges informou que o referido instrumento jurídico vai permitir a formação e capacitação dos técnicos angolanos, bem como a construção de infra-estruturas no domínio das águas.

"Precisamos capacitar e formar os técnicos nacionais. Vamos, por isso, ao Egipto buscar este conhecimento”, declarou o ministro, salientando que com as empresas egípcias, Angola também poderá firmar contratos para a extensão de redes eléctricas e construção de um parque solar na província de Cabinda.

O governante referiu ainda que com a assinatura do referido instrumento jurídico Angola busca ainda a experiência do país africano, para a construção de canais e sistemas de irrigação, no quadro do combate à estiagem no Sul do país. "Eles reúnem grande experiência na construção de sistemas hidráulicos, e nós queremos este conhecimento para realizarmos obras, sobretudo no Sul do país, onde existe o problema da estiagem”, afirmou.

O ministro angolano da Energia e Águas, João Baptista Borges, e o ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros assinaram o Memorando de Entendimento entre os Ministérios angolano da Energia e Águas e dos Recursos Hídricos e Irrigação do Egipto, para Assistência Técnica sobre Águas Subterrâneas.

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