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Cerca de 70 por cento dos alunos marcou presença no primeiro dia

Setenta por cento dos alunos do ensino primário marcou presença ontem às escolas do país, no primeiro dia de aulas, onze meses depois da paralisação por força do Decreto Presidencial, face à pandemia da Covid-19, informou, em Luanda, o secretário de Estado para o Ensino Pré-Escolar e Primário.

11/02/2021  Última atualização 09H20
© Fotografia por: DR
Pacheco Francisco, que falava ontem, em conferência de imprensa sobre o arranque das aulas no ensino primário, explicou que as províncias foram reportando, via telefónica, o movimento em relação ao primeiro dia de aulas, e das informações obtidas permitiram conferir que os alunos apareceram em grande escala nas escolas.
De acordo com o governante, o reinício das aulas no ensino primário, fundamentalmente nas classes de transição é um restaurado de esperança para todas as crianças, assim como para os encarregados de educação que viram nesta abertura algo especial, que poderá aumentar as expectativas. O governante disse que o ano lectivo sofreu uma alteração, pois no passado  dependia do calendário da SADC, mas agora passou para o sistema Europeu, que vai de Setembro a Julho. Referiu que, com isso, quer dizer que as aulas deverão ter início em Setembro, mas, em função das dificuldades da própria pandemia, só foi possível em  Outubro último arrancar com as classes de exame.

No dia 19 de Outubro de 2020 arrancaram as aulas para as classes do primeiro e do segundo ciclos do ensino secundário. Sete dias depois, estava previsto o reinício das restantes classes do ensino primário, mas, infelizmente, não aconteceu. A partir de ontem até final de Março, nas sete semanas que se se-guem não haverá provas de professores, apenas avaliações continuas. Relativamente às classes de exame, o governante informou que vão observar uma pausa de 31 de Março a 9 de Abril, e as que retomam hoje  (ontem), neste período, ficam em provas, sem poder beneficiar da pausa pedagógica, porque já ficaram muito tempo sem aulas.

Pacheco Francisco disse, por outro lado, que a questão das condições nas escolas não são apenas asseguradas pela instituição, mas também  deve ser uma preocupação da sociedade. Referiu que os encarregados de educação devem igualmente trabalhar na criação de condições de biossegurança, O secretário de Estado reconheceu que as medidas de biossegurança não são as das mais eficazes, mas as possíveis. Sublinhou que a intenção é trabalhar a cada dia que passa para se ultrapassar as dificuldades, apesar de existirem escolas sem água canalizada, dependendo de reservatórios.Além da água, o sabão constitui também um outro problema para algumas províncias, como  Lunda-Norte e Lunda-Sul, que começaram a produzir apenas hoje (ontem). As restantes regiões estão bem servidas neste aspecto, garantido a lavagem das mão  dos alunos e da própria limpeza das instalações.Pacheco Francisco responsabilizou algumas direcções das escolas  por não terem criadas as condições de biossegurança e, por isso, se está a trabalhar com as diferentes instituições escolares. "Neste momento temos inspectores para avaliar o estado de algumas escolas que estão sem as medidas de biossegurança, atendendo o reinício das aulas”. 
 O cenário nas escolas de Luanda

Há muito que a entrada principal da Escola 9020 não ficava apinhada de crianças trajadas de bata branca. Não são poucos os encarregados de educação que acompanharam os filhos até à porta da oficina do saber. Um caos estendeu-se ao longo do asfalto ao lado. Alunos atravessam em diferentes pontos por falta de uma passageira. O trânsito anda e pára. Ao fundo, há recipientes para a higienização das mãos. Os alunos da primeira a quinta classe retornam às aulas onze meses depois, devido à Covid-19 que afecta o mundo. 

À direita do portão, a encarregada Ana Garcia tem os braços entrelaçados e a mochila agarrada por entre os dedos. Ao lado, o filho mantém-se retraído perante o olhar da mãe. As brincadeiras estão, por enquanto, adiadas na escola. Os recreios estão anulados. É notório a ansiedade entre os alunos, que, em poucas ocasiões, se juntavam para curtas brincadeiras de catraios. Ana Garcia diz que, desde que ouviu o anúncio do regresso das aulas, não ficou apreensiva porque as crianças dispõem de muita informação sobre as medidas de prevenção da pandemia da Covid-19.       Mal o relógio se aproxima das 10h15 minutos, um guarda abre o portão para a entrada dos alunos do segundo turno.  

A Escola 9019, também no Talatona, tem o átrio vazio. Duas agentes da Polícia estão sentadas em cadeiras bem ao lado do passeio. Um homem de trajo social tem um termómetro às mãos. Ninguém entra sem medir a temperatura.   Os alunos cumprem o devido distanciamento físico. A professora Antonica Paixão assegura que está a ser um dia normal, pois os meninos corresponderam, tal como os professores, às expectativas.  "Graças a Deus, alguns pais estiveram aqui com os seus filhos”, anotou, para quem o absentismo não aconteceu, pelo menos, na aludida escola.  

Isna Soli e Nidoti Dinga têm 11 anos e frequentam a 5ª classe. Ambos são colegas de sala e desde Março do ano passado que deixaram de se ver. Apesar do regresso à escola, vêm-se distanciados.  "Temos de ficar longe um do outro e já não podemos brincar como antes”, conta a pequena Isna. As lições, trazidas de casa, estão bem assentes na memória dos meninos. Nidoti diz que em nenhum momento deve retirar a máscara na sala de aulas e tocar nos objectos do colega.   As aulas, neste reinício, têm dois turnos. O primeiro, decorre entre as 7h 30 e 10h 30 minutos. O segundo, das 10h 35 às 12h35 minutos. 
 "Está tudo a decorrer na normalidade”, adiciona Antonica Paixão. E acrescenta: "Temos as turmas totalmente organizadas e nem sequer os alunos estão autorizados a partilhar material didáctico. A escola dispõe de meios para higienização, disponibilizados pela Direcção Municipal de Educação do Talatona. Há cinco recipientes com um total de sete torneiras. A escola, lembrou, beneficiou igualmente de sabão e detergentes.  Rodrigues Cambala

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