O país tem 1.039 áreas por desminar até 2025, o que representa uma superfície estimada em 70 milhões de metros quadrados, afirmou, em Caxito, província do Bengo, o director-geral da Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM).
Leonardo Sapalo forneceu os dados durante o acto de certificação das áreas desminadas na província do Bengo, para a implementação do projecto de electrificação da região do triângulo, composta pelos municípios de Bula Atumba, Dembos e Pango Aluquém, e o município de Nambuangongo.
Para a eliminação de 1.039 áreas remanescentes, explicou, são necessários 238 milhões de dólares. "Mesmo com este valor, não significa que Angola ficará totalmente livre de minas, porque desconhece-se o número de engenhos explosivos colocados no território nacional”.
Segundo o director-geral da Agência Nacional de Acção contra Minas, depois da eliminação das áreas conhecidas ou identificadas passar-se-á para uma fase de desminagem denominada "Desminagem residual”, na qual estarão engajadas as Forças Armadas Angolanas (FAA).
"Há prazos que Angola deveria cumprir para a desminagem de todas as áreas conhecidas até 2025, o que não será possível e nesse quadro estamos a preparar o dossier para ser remetido à Convenção de Ottawa, no sentido de continuarmos a trabalhar até num limite máximo de mais cinco anos”, sublinhou.
Situação
no Bengo
Leonardo Sapalo deu a conhecer que o Bengo possui 42 áreas por desminar, que correspondem a cerca de três milhões de metros quadrados identificados pelo ANAM.
O controlo destes remanescentes, referiu, constitui uma preocupação que tem de ser ultrapassada, para que na província do Bengo não se registem acidentes causados por engenhos explosivos.
"As áreas que estão livres de mina no país foram aproveitadas para a construção de várias infra-estruturas, como estradas, barragens hidroeléctricas, linhas de transporte de energia eléctrica, fazendas agropecuárias, centralidades e caminhos de ferro.
As províncias do Cuando Cubango, Moxico, Bié e Cuanza-Sul, sublinhou, são as circunscrições do país com maior concentração de minas e outros engenhos explosivos, que, certamente, estão a contribuir negativamente para o desenvolvimento socioeconómico das referidas regiões.
"As províncias do Huambo, Namibe, Uíge, Zaire e Bengo estão com indicadores mínimos, em termos de áreas com minas”, precisou, defendendo, por outro lado, a necessidade de se mobilizar recursos nacionais e internacionais para o processo de desminagem.
Parte do traçado de electrificação está
livre de engenhos explosivos
Um total de 178 dos 235 quilómetros do traçado de electrificação da região do triângulo, que compreende os municípios do Bula Atumba, Dembos, Pango Aluquém, e Nambuangongo, foi, sexta-feira, em Caxito, província do Bengo, considerado livre de engenhos explosivos, pela Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM).
Os 178 quilómetros certificados pela ANAM fazem parte da primeira fase da acção de desminagem, estando o início da segunda fase previsto para o próximo mês.
O certificado de controlo de qualidade da conclusão da primeira fase de desminagem foi entregue pelo director-geral da ANAM, Leonardo Sapalo, à governadora Maria Antónia Nelumba, nas instalações da sede do Governo Provincial.
Após o acto de entrega, a governadora afirmou que desta forma dá-se um passo para a concretização do projecto de electrificação na província do Bengo.
"Falta muito pouco para a realização do projecto que começa com a montagem das torres e linhas de transporte, que vai garantir a energia eléctrica da região”, disse Maria Antónia Nelumba.
Uso do terreno
O director-geral da Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM) disse que o documento confirma e garante o uso do terreno ou vias de acesso sem grandes sobressaltos, que eram causados devido à presença de engenhos explosivos.
Segundo Leonardo Sapalo, foi um trabalho conjugado que mereceu inicialmente a acreditação operacional e depois a certificação de acordo com as normas que regem a acção contra minas no país.
Por outro lado, o director da empresa Quantum, contratada para executar o projecto de electrificação, disse que o certificado vai permitir que os topógrafos entrem no terreno para fazer o levantamento, que permitirá aos projectistas desenhar o traçado da linha.
Ricardo Fansul garantiu que já começaram os trabalhos de desmatação na via Mabubas/Úcua.
O projecto de transporte de energia, acrescentou, está orçado em 84 milhões de euros e os trabalhos serão executados num prazo de 24 meses, prevendo-se a criação de mais de 170 postos de trabalho.
Ricardo Fansul informou que o projecto contempla várias linhas de 60 quilovolts de aproximadamente 170 quilómetros, entre as localidades das Mabubas/Úcua (Dande), Piri e Kibaxe (Dembos) e Nambuangongo, enquanto a outra linha de 30 quilovolts abrangerá Kibaxe/Bula Atumba e Úcua/Pango Aluquém.
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