Sociedade

Cerca de 34 mil toneladas de bens correm o risco de se deteriorar

Weza Pascoal | Menongue

Jornalista

A campanha agrícola de 2020/2021 no Cuando Cubango poderá registar prejuízos acima das 34 mil toneladas de bens diversos, em consequência da seca, inundações e da praga de gafanhotos que assolam a região, segundo dados preliminares da equipa técnica da direcção provincial da Agricultura, integrada pelo representante local do Fundo das Nações para Alimentação e Agricultura (FAO).

08/03/2021  Última atualização 13H48
A praga de gafanhotos está a causar muitos prejuízos em campos agrícolas da província © Fotografia por: Weza Pascoal | Edições Novembro |Menongue
O director provincial da Agricultura e Pescas, António Pereira Vicente, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que, durante um périplo efectuado aos municípios de Mavinga, Rivungo, Dirico, Calai e Cuangar, a equipa constatou que muitos campos cultivados estão inutilizados devido às variações climáticas e praga de gafanhotos.
António Pereira Vicente acrescentou que o novo ano agrícola no Cuando Cubango teve início em Novembro de 2020, com a preparação de 141.300 hectares de terras aráveis, das quais se pretendia obter resultados de aproximadamente 170 mil toneladas de cereais, tubérculos, hortícolas e leguminosas, mas o surgimento destes três fenómenos (seca, inundações e gafanhotos) pode comprometer as colheitas.

 "Estamos a terminar a primeira fase de monitorização das culturas, onde estimamos perdas na ordem de 20 por cento. Em breve entraremos na segunda fase, para podermos aferir, com precisão, a quantidade das culturas estragadas”, referiu.
 Explicou que a praga de gafanhotos não provocou grandes danos, graças à intervenção da equipa de combate às larvas destacada naquela região, bem como dos camponeses, que, com fumaça e instrumentos como latas e paus, produzem barulho ensurdecedor para afugentar os gafanhotos.

Fez saber que, do périplo realizado, a equipa deparou-se com quatro novos focos de gafanhotos, nas proximidades da aldeia Etalala, a 75 quilómetros da sede comunal do Mucusso (Dirico), que, no entanto, podem emigrar para outras zonas, mas a população está atenta para emitir sinais de alerta.
Trabalham naquela região Leste e Sul do Cuando Cubango cinco brigadas, compostas por cinco elementos cada, que têm a missão de identificar, nos campos agrícolas, as crias e ovos de gafanhotos, para a sua eliminação imediata, para que não prejudiquem as culturas nas comunidades.

 "A praga de gafanhotos não causou prejuízos tão avultados como se fez crer e não interfere tanto nos rendimentos da produção agrícola, porque, normalmente, quando os gafanhotos atacam destroem a planta completa, mas não foi o que aconteceu nas áreas por onde passamos. As plantas estão intactas e apenas uma ou outra folha foi roída, mas é insignificante", garantiu.
António Pereira Vicente defende a intervenção de meios aéreos, para que se possa vigiar outras áreas, onde o acesso é difícil, por existirem florestas cerradas, inacessíveis por estrada ou picadas.

Segundo o director provincial da Agricultura e Pescas, as inundações afectaram apenas as culturas situadas em zonas baixas. "Nas áreas mais elevadas os campos agrícolas continuam verdejantes, o que significa que teremos alimentação para a população do Cuando Cubango, para um tempo limitado".
Nos municípios de Menongue e do Cuchi, acrescentou, a plantação do milho, massango e massambala ficou afectada, até no passado mês de Dezembro, devido à estiagem, mas depois as chuvas começarem a cair em Janeiro, embora com alguma irregularidade, o que permitiu a recuperação das plantações, na segunda época de cultivo, tendo se reduzido o impacto das perdas de feijão e de outras culturas.

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