Sociedade

Centros de Emprego criam mais oportunidades de inserção no mercado de trabalho

Edivaldo Cristóvão

Jornalista

O governador provincial de Luanda, Manuel Homem considerou, esta sexta-feira, que os Centros de Emprego, que estão a ser revitalizados e modernizados pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, servem para dar mais oportunidades aos jovens desempregados.

04/02/2023  Última atualização 09H30
© Fotografia por: DR
O governante falava durante a inauguração do Ce-ntro Integrado de Emprego e Formação Profissional de Talatona, que constitui uma das 22 infra-estruturas a serem activadas, este ano, em todo o país, para facilitar o melhor intercâmbio entre as empresas e os cidadãos no capítulo da empregabilidade.

Manuel Homem realçou que a iniciativa é bem-vinda para a cidade de Luanda, que tem perto de dez milhões de habitantes. Considerando que o centro vai também ajudar o Estado a definir que tipo de formações devem ser inseridas, atendendo as necessidades locais.

Na ocasião, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, destacou que a modernização e expansão dos serviços de emprego, surgiram em função da condição que algumas infra-estruturas trabalha-vam. Muitas delas de forma manual e descontextualizada, causavam constrangimentos na dinâmica que se impõe actualmente.

A ministra realçou que com o modelo anterior de trabalho, era difícil conhecer as pessoas que procuravam emprego e as próprias em-presas tinham de se deslocar para qualquer eventualidade, mas hoje, é possível manter essa interactividade, através de uma plataforma web.

"Com esta modernização, os cidadãos podem procurar emprego via on-line  e os seus perfis passam a ser conhecidos. Deste modo, as políticas de emprego ficam mais acertivas e os cursos da formação serão feitos atendendo a necessidade de cada área",  disse.

Teresa Rodrigues Dias revelou que em Luanda poderão ser inaugurados mais dois centros de emprego, caso os recursos financeiros estejam disponíveis, atendendo que uma infra-estrutura desta natureza pode custar cerca de 800 mil dólares.

Curriculum Vitae pode ser tratado no centro

O director-geral do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, Manuel Mbangui revelou que os candidatos a emprego não precisam levar o Curriculum Vitae, porque todo processo será elaborado no local, em função dos dados que forem fornecidos. Assegurou que as entrevistas de emprego e outros processos de reorientação profissional, também serão preparados aos candidatos pelos técnicos do centro.

"Tudo será feito dentro da plataforma tecnológica. Os que não tiverem possibilidade de ter Internet podem fazê-lo presencialmente”, assegurou.

Ainda com esta nova dinâmica, será possível saber onde as pessoas estão colocadas, que área, empresas e possivelmente que salários auferem. Manuel Mbangui explicou que o centro vai funcionar em duas valências, sendo no domínio do emprego e da formação profissional.

Referiu que o Centro já foi inaugurado pela primeira vez há 19 anos, e ao longo deste período esteve muito degradado. Por isso, o programa de Revitalização, Modernização e Expansão dos Serviços, teve o cuidado de elevar as condições de trabalho.

Reforçou que centro está preparado para atender os cidadãos que procuram emprego. A nível das empresas, destacou, o processo de selecção das empresas vai ser apoiado, com uma prestação de serviço gratuito proporcionado pelo próprio centro.

Formação alinhada às políticas da empregabilidade

O director-geral alertou que a formação profissional tem de estar alinhada à necessidade do mercado de trabalho, para permitir maior possibilidade dos jovens entrarem.

Estão disponíveis no Centro Integrado de Emprego de Talatona, disse, os cursos de Informática, Electricidade, Electrónica, Corte e Costura, Decoração, Secretariado e Recursos Humanos.

Manuel Mbangui garantiu que a disposição tecnológica dos centros vai permitir que os estudos do mercado de trabalho sejam feitos com melhor garantia.

No domínio da formação,  disse, estão disponíveis várias especialidades técnicas, onde todas áreas foram equipadas, neste contexto, os formadores estão a ser preparados para que estejam qualificados, com avaliação e competências exigidas, para que a abertura do ciclo formativo,  a ser realizada ainda neste mês de Fevereiro, seja feita com maior dignidade.

"Hoje a formação profissional já pode ser feita através da plataforma digital, num modelo em que o candidato quando entra é mantido por um período longo, depois de fazer toda a formação,  será acompanhado até à sua inserção no mercado de trabalho”, realçou.

Manuel Mbangui salientou ainda que o grande desafio é fazer interactividade com o sistema da Segurança Social, por isso, os empregos disponíveis na plataforma não podem ser do sector informal, devem ser de qualidade e que contribuam ao INSS.

Ao longo do período passado, referiu, nos Centros de Emprego, foram feitas perto de 115 mil colocações. Esta informação foi feita de forma manual, admitindo a possibilidade de erros, que impossibilitam aferir onde as pessoas estão colocadas e em que sectores.

Durante os 19 anos de existência do Centro de Emprego de Talatona, foram colocados no mercado de trabalho cerca de 11 mil cidadãos, mesmo com as condições precárias.

Deficiência física não impede

Hélder Luís é um dos jovens que foi em busca do seu sonho no Centro Integrado de Emprego e Formação Profissional. Na condição de deficiente físico, despertou a atenção da ministra do MAPTSS, que prometeu a oferta de uma motorizada para facilitar a sua locomoção de casa para o centro.

O jovem tem 33 anos, vive em Talatona com a esposa e dois filhos.

Disse que se inscreveu no curso de Electrónica, para poder obter um emprego. A sua inscrição foi aceite automaticamente, devido à nova política imposta pelo MAPTSS, que favorece a inscrição livre e rápida de pessoas com deficiência ou que estejam em condição de vulnerabilidade.

Hélder Luís contou que perdeu o emprego, há cerca de um ano, numa empresa onde era catador de lixo, mas despediu os funcionários por alegar falência.

Por causa da falta de trabalho, por vezes fica sem dinheiro para apanhar táxi, a única solução é deslocar-se a pé, sendo que a sua condição física, obriga-o a rastejar-se com o apoio do membro inferior direito, já que o esquerdo está amputado.

Hélder não tem casa própria, vive numa residência que lhe foi concedida por uma senhora, apenas para controlar.

A sua esposa não trabalha e ambos têm de fazer das "tripas coração” para conseguir alguma coisa para dar de comer os dois filhos, de 3 e 1 ano.

O jovem agradeceu a oportunidade dada pelo Governo e promete lutar pelos seus sonhos. "Os deficientes precisam muito do apoio do Governo, muitos vivem de esmola, e é triste que isso aconteça num país onde tem muita riqueza, não é justo que vivamos assim”, lamentou.

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