Os pesquisadores Frederico Carducci, natural da cidade Lecce, em Itália, e o sociólogo e antropólogo angolano Paracleto Mombela estão desde ontem, em Mbanza Kongo, província do Zaire, com objectivo de obterem mais informações sobre o papel das seitas africanas na história do então Reino do Kongo.
À chegada, ambos os investigadores foram recebidos no Lumbu (Tribunal Tradicional) pelo coordenador do núcleo das autoridades tradicionais da região, Afonso Mendes, que orientou um ritual de bênção aos visitantes, realizado no cemitério dos Reis do antigo Reino do Kongo.
"Percebi através de colegas a necessidade de conhecer Mbanza Kongo em função da riqueza cultural e religiosa que dispõe. O meu trabalho cinge-se no papel das seitas religiosas no contexto da reconciliação de Angola, no período contemporâneo. Quero conhecer o contexto do Norte de Angola, por possuir uma experiência cultural histórica bem diferente do resto do país, seja na relação com os portugueses durante o período colonial, seja em termos religioso e social”, disse o italiano Frederico Carducci.
Segundo o investigador italiano, durante uma semana fará visitas guiadas a diferentes seitas religiosas, nomeadamente Bundo Dia Kongo, Ecuesi, Igreja Evangélica Baptista em Angola (IEBA) e Kimbanguista, ala 26, para pesquisar sobre o papel social que desempenham, as suas trajectórias, para suprir a actual carência de informação bibliográfica.
"Acredito ser muito importante redescobrir as seitas africanas e proféticas em termos culturais e religiosos, conhecimentos que vão permitir avaliar a interacção destas seitas com as pessoas no contexto da modernização, visto que, são percebidas como tradicionais e conservadoras. Mas ao longo da pesquisa percebe-se que têm, também, um papel social importante de socialização com as pessoas, de redefinir a relação com o Estado, assim como a questão da reconciliação e da harmonia social”, frisou.
De acordo com pesquisador italiano, a investigação visa perceber a importância das conexões que o cristianismo tinha com o Reino do Kongo e aprofundar o tema da ligação com entidades espirituais (espírito), muito presente nas várias seitas religiosas da região.
"É interessante conhecer a história das diversas seitas religiosas desta região, a trajectória cultural, uma pesquisa pouco realizada, sobretudo num país que teve várias divisões e visões ao longo dos anos. A falta de acervo bibliográfico sobre o assunto dificulta qualquer investigador estrangeiro, por isso, vamos através das fontes orais obter mais informação”, disse Frederico Carducci, que afirmou estar a gostar de Mbanza Kongo, porque percebe-se a riqueza cultural no diálogo com as pessoas.
Por seu turno, o pesquisador angolano Paracleto Mombela defende a necessidade da realização de estudos antropológicos, porque podem ajudar no resgate e preservação dos traços culturais e idiossincrasia dos antepassados.
"A Antropologia pode trazer à consciencialização da população, tendo em vista a necessidade de resgatar as nossas tradições, por estarem a ser invadidas por outras línguas e culturas de países vizinhos, cuja consequência é a perda de muitos valores culturais. Neste âmbito, os traços culturais que sobreviveram, devem ser preservados com o apoio de estudos antropológicos”, disse.
O coordenador do núcleo das autoridades tradicionais do Lumbu (Tribunal Tradicional), Afonso Mendes, mostrou-se satisfeito com as constantes visitas efectuadas aos monumentos e sítios de Mbanza Kongo, quer de turistas quer de investigadores estrangeiros e nacionais, na medida em que marca um passo importante para o fomento da sua divulgação e preservação.
"Desde que esta cidade foi classificada como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, a 8 de Julho de 2017, muitos turistas têm vindo conhecer a história desta cidade”, disse.
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