Política

Centro de Controlo tem capacidade de operar três satélites em simultâneo

Edna Dala

Jornalista

O Centro de Controlo e Missão de Satélites da Funda (CCM), inaugurado, esta sexta-feira, pelo Presidente da República, João Lourenço, tem a capacidade para operar três satélites em simultâneo, e é uma das infra-estruturas mais bem equipadas da Região Austral.

28/01/2023  Última atualização 08H56
Unidade de Controlo e Monitorização constitui a peça principal para o desenvolvimento do segmento espacial e terrestre © Fotografia por: Kindala Manuel | Edições Novembro

Construída de raiz numa área de 6.617 m², trata-se de um edifício inteligente de três pisos e 47 compartimentos, composto de salas técnicas, de reuniões e gabinetes de trabalho. A partir do edifício, é possível, no quadro do Projecto Angosat, acompanhar, controlar e monitorar até três satélites.

De acordo com as informações avançadas pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, os sistemas de gestão e monitoramento são automatizados, o que constitui uma mais-valia para a operacionalização e o bom desempenho do edifício e equipamentos instalados.

O Centro de Controlo, erguido em 2016, contempla, igualmente, uma estação de tratamento de água, de energia eléctrica autónoma, como alternativa a falhas da rede pública. A estrutura conta com um campo de antenas apropriado às operações técnicas.

A unidade de monitoramento realiza, ainda, tarefas de planificação, para orientar o funcionamento dos subsistemas e manobras de balística, visando a manutenção do satélite na sua posição orbital, tarefas executadas e geridas a 100% por quadros angolanos.

O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, reconheceu, ontem, que um dos maiores desafios do sector, passa pela melhoria das taxas dos serviços de telecomunicações para que cheguem a todos os cidadãos com qualidade e preços acessíveis.

Ao discursar na cerimónia inaugural do Centro de Controlo e Missão de Satélites da Funda (MCC), Mário Oliveira disse que o desafio se estende pela penetração dos serviços, por formas a que cheguem a todos, "independentemente da sua localização geográfica”.

Sobre o Centro de Controlo e Monitorização de Satélites, o ministro realçou que a estrutura de alta qualidade, constitui um pilar principal para o desenvolvimento do segmento Espacial e Terrestre.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

Comercialização dos serviços

Na ocasião, o ministro Mário Oliveira anunciou para os próximos dias, o lançamento oficial para a comercialização dos serviços do Angosat-2. Tendo referido que devem ser observados, para o efeito, um conjunto de procedimentos administrativos e legais. 

O Regulador Nacional, explicou, tem uma palavra a dizer sobre a forma como os operadores de telecomunicações prestam serviços no país. "Há um trabalho, neste sentido, muito avançado entre o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), autorizado nesta fase transitória a comercializar os serviços do Angosat-2, e o INACOM.

O posicionamento de Angola, que até há pouco tempo era usuário de outros satélites, continuou, deu lugar a um processo de retirada, forma gradual, destes serviços.  "Como sabem, os satélites não ficam todos na mesma posição orbital, e as suas antenas são apontadas em função da posição em que se encontram”, explicou.

Acrescentou que tendo em conta a cobertura geográfica do ANGOSAT- 2, Angola iniciou, segundo o ministro, contactos com países da região, e não só, para a comercialização do Angosat-2, no segmento da prestação de serviços de conectividade a entidades e empresas, de maneira "a materializarmos um dos postulados do Livro Branco das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, que é o de transformar o nosso país numa hub de Telecomunicações”.

 Em relação aos países interessados, Mário Oliveira adiantou, sem mencionar nomes, que são, maioritariamente, da região da SADC. "Com o ecossistema constituído pelo Angosat-2, os cabos submarinos internacionais, a ligação em fibra óptica terrestre aos países limítrofes, como já acontece hoje com a RDC, com certeza que este objectivo será alcançado”.

O Angosat-2 é descrito como mais um elemento importante no contexto das telecomunicações do país, o programa não se resume apenas no satélite. Passa, também, pelo investimento ao nível dos cabos submarinos internacionais e da fibra óptica terrestre.

O ministro referiu que se trata de todo um ecossistema que, em conjunto, vai permitir melhoria dos sistemas de telecomunicações e, consequentemente, dos serviços para a economia nos seus mais variados aspectos.

 

Estratégia alinhada a agendas globais

Para o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, o acto de ontem "representa mais um marco importante, e resulta da estratégia aprovada pelo Executivo, no quadro da Estratégia Espacial Nacional de Angola 2016-2025.

 A Estratégia Espacial Nacional, acrescentou, está harmonizada com as agendas globais de desenvolvimento, nomeadamente a Agenda Africana 2063, Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas 2030 e a Agenda Digital da SADC 2027. Todas elas reconhecem a importância vital que a utilização racional e sustentável do espaço tem para o desenvolvimento socioeconómico dos povos e das nações.

 Durante a cerimónia, foi feita uma live para testar a qualidade do sinal transmitido via satélite, a partir de algumas escolas, administrações e hospitais de várias províncias.

 De recordar que o Programa Espacial Nacional nasceu em Julho de 2009 com a assinatura de um contrato para a construção, lançamento e colocação em órbita do Angosat-2. De 2009 a 2016, foram dados vários passos que culminaram com a aprovação da Estratégia Espacial Nacional em 2017, e delineou os passos seguintes da investida de Angola para o Espaço. A 27 de Dezembro do mesmo ano, foi lançado o Angosat-1, que apresentou anomalias depois do seu lançamento.

 Em 2018, a parte angolana assinou uma adenda com a parte russa que oficializou o início da construção do segundo satélite. Para esta fase, a equipa utilizou a metodologia mais moderna, deixando o Angosat-2 sete vezes mais potente, gerando uma economia de mais de 75 milhões de dólares aos cofres do Estado.

 Através de encontros diplomáticos com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, o Chefe de Estado, João Lourenço, conseguiu que Angola fosse compensada com um terço da capacidade da comunicação, que antes estava prevista com o Angosat-1.

 Durante a construção do Angosat-2, satélites russos forneceram sinais ao país sem custos. Durante esse período, a parte russa assegurou com fundos próprios, a manutenção de engenharia do MCC. Em Outubro de 2022, depois de realizar testes rigorosos, o Angosat-2 foi lançado com sucesso e à luz da Estratégia Nacional.

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