Sociedade

Caso “degolador”: Tribunal de Belas colhe depoimentos

Engrácia Francisco

Jornalista

O principal suspeito do crime contra cinco crianças, encontradas com os pescoços cortados, em Maio do ano passado, no bairro “Sonho da casa própria”, na urbanização Jardim do Éden, Distrito Urbano do Camama, em Talatona, está a ser julgado, no Tribunal de Comarca de Belas, no Benfica, em Luanda.

26/05/2024  Última atualização 10H25
Próxima sessão do julgamento está marcada para terça-feira © Fotografia por: DR

O processo-crime número 145/23 - A, está agora na fase de audição dos declarantes e testemunhas. O juiz da causa, Jair Victor, está a colher todos os depoimentos, antes de ditar a sentença.

De acordo com os autos, durante o julgamento, a acusação disse que dois jovens, declarantes do processo, que foram atacados e feridos pelo acusado e escaparam com vida, reconheceram-no, tanto em retrato falado, como presencialmente.

Em tribunal, o acusado, de 23 anos, negou ser ele o assassino das vítimas e afirmou que só assumiu a culpa por ordem do SIC, que o ameaçou de morte.

O Ministério Público acredita, porém, que os argumentos do arguido são manobras delatórias para tentar fugir da responsabilidade criminal.


Sobrevivente

António Afonso, irmão de Frederico "Fredy", uma das vítimas que sobreviveu ao ataque, disse em tribunal que não conhecia o acusado, porém, adiantou em juízo que existem imagens captadas por uma câmara de segurança onde mostra o irmão a ser levado por um indivíduo estranho com as características do suspeito.

Fredy foi assistido por três meses numa das clínicas do país e depois foi transferido para a África do Sul para a recuperação. Actualmente, o menor já se encontra totalmente recuperado.

Os factos

A 18 de Maio do ano passado, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve um jovem, suspeito de ser o principal autor do crime de homicídio duplo e ofensas corporais graves, contra cinco menores, no bairro Camama, em Luanda.

De acordo com as investigações, o detido vitimava apenas menores entre os 12 e 15 anos, do sexo masculino. O objectivo, segundo o SIC, era matar até 12 pessoas, para concretizar um suposto pacto que havia feito.

 Mãe de uma das vítima morre de tensão alta

Filipa António, de 52 anos, mãe de Francisco Filipe Jorge, vítima mortal do cidadão acusado de degolar menores no Camama, foi, no passado dia 17, enterrada no cemitério do Benfica, em Luanda, depois de ter passado mal durante uma das sessões da audiência do julgamento.

A tragédia aconteceu no dia 9 deste mês, depois de Filipa António ter sido ouvida como declarante do processo crime. Durante a audiência, teve uma subida da pressão e foi levada, de emergência, a uma unidade hospitalar, onde acabou por morrer.

Francisco Jorge, o esposo, disse, ao Jornal de Angola, que a esposa esteve internada no Hospital Geral de Luanda por quatro dias e depois, onde acabou por morrer, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Contactada, a Direcção Clínica do Hospital Geral de Luanda confirmou que a paciente deu entrada na tarde do passado dia 9 com um quadro clínico de pressão alta. De acordo com os médicos, Felipa António foi prontamente assistida, mas, uma semana depois, foi a óbito por AVC.

A próxima sessão do julgamento está marcada para terça-feira, onde continuarão a ser ouvidos os declarantes ao processo.  

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