Os traços histórico-culturais de Angola desde as ancestralidades civilizacionais, às lutas pela conquista da independência, à paz e aos elementos caracterizadores dos novos tempos de desenvolvimento do país vão ganhar, doravante, maior impulso e representatividade no Museu das Civilizações Negras, em Dakar, Senegal.
A cantora Sara Saka, que concorre na final do Festival da Canção de Luanda com a música “Movimentos”, declarou que ser uma das dez concorrentes representa um grande passo que precisava de tomar para atingir o seu grande objectivo de carreira, que é ser reconhecida como cantora e compositora. Fiel aos estilos musicais com os quais mais se identifica no mercado nacional, como o guetto-zouk e o jazz, a canção “Movimentos” resulta de uma fusão entre a música contemporânea e a pop.
"Creio que a fusão entre os estilos deixa a música mais viva, bonita e diferente. Os nossos ouvidos precisam de entrar em contacto com sonoridades diferentes, desde que sejam feitas com qualidade e amor. Eu particularmente creio que a fusão entre os estilos é muito importante”, defende.
No palco da gala que acontece no dia 22 deste mês, no pátio da Luanda Antena Comercial – LAC, emissora que organiza o festival, Sara Saka garante dar tudo de si na interpretação do tema "Movimentos”, cuja letra e composição são da sua autoria e conta com a produção dos músicos Ivan Alekxei e Venâncio. Sobre o teor, detalhou que a música é alusiva a todos os movimentos que as pessoas fazem na vida, incentivando que parados não se chega a nenhum lugar quando se vai em busca dos sonhos. Por outro lado, Sara Saka justifica a temática por ter composto a música "Movimentos” numa época em que o mundo estava todo confinado devido à pandemia da Covid-19.
"Quase tudo era feito de forma online. Para a nossa realidade angolana, percebi que, para quase tudo, nós ainda precisamos de nos movimentar. Portanto, cada movimento que nós realizamos na nossa vida, gera um impacto na vida de outras pessoas. Tanto que a canção faz referência a todos, no campo, cidade, manhã ou tarde. As pessoas movimentam-se para fazer as coisas acontecerem”, sublinha.
Na sua estreia a este festival, que já catapultou nomes que se tornaram vozes de sucesso, Sara Saka reconhece que passar pelo Festival da Canção adiciona prestígio à sua caminhada artística, de pouco menos de cinco anos, e proporciona ricos momentos de interacção e aprendizagem.
"Defendo que, independentemente de já sabermos fazer música, nós não podemos ficar presos numa condição de conforto e pensar que já atingimos o pódio. Temos que nos envolver, nos desafiar, experimentar coisas novas. Porque às vezes o que nós precisamos está nas escolhas mais imprevistas. Nunca esteve nos meus planos estar no festival, mas aconteceu e eu estou a divertir-me imenso”, disse.
A 26ª edição do Festival da Canção de Luanda tem como tema "Ambiente em sintonia” e é promovida pela emissora Luanda Antena Comercial. O Festival da Canção de Luanda surgiu seis anos após a criação da primeira rádio privada do país, a Luanda Antena Comercial (LAC), a 25 de Setembro de 1992, na fase da abertura democrática em Angola. Maria Luísa Fançony, Mateus Gonçalves e José Rodrigues - o trio que encabeça a LAC - como resultado das experiências adquiridas na Rádio Nacional de Angola (RNA) em concursos e eventos musicais, lançaram em 1998 a festa setembrina da música.
O guitarrista e compositor Carlos Praia foi o vencedor da edição 2022 com a composição "Caçula”, uma letra do poeta e jornalista Carlos Ferreira "Cassé”, defendida pela jovem Zinga Sona, que também levou para casa o prémio relativo à "Melhor Voz”. Nesta edição, foram ainda premiadas "Nós e a Rua”, de Rosa Aires, em parceria com Scoth Cambolo, que ficou com os prémios de "Melhor Letra” e "Unitel-LAC”. Naurica foi a "Melhor Intérprete”.
Sara Saka lamentou o facto de os jovens artistas da sua geração não estarem a prestar a devida atenção a todo um legado da música angolana, preferindo, maioritariamente, abraçar as tendências que resultam dos estilos modernos. Ainda sobre a sua visão da música produzida por jovens artistas, o seu tom crítico abrangeu também a corrida pelo imediatismo, apontando que, neste momento muitas músicas são apresentadas ao público sem que o autor tome o máximo cuidado com o conteúdo e a qualidade.
"Tenho a impressão de que temos estado a cantar as mesmas coisas e a desejar de atingir a fama a todo o custo. Precisamos de fazer as coisas com excelência. O legado musical angolano e a geração mais nova parecem caminhar em direcções contrárias. Sinto que precisamos de conversar mais em palestras e debates entre artistas emergentes e consagrados, para nos passarem o conhecimento e assim preservarmos a qualidade e característica da música angolana”, sugeriu.
Adepta da corrente que defende a função terapêutica da música, classifica a arte do canto como um rico exercício que ensina a cultivar a paciência, o amor, a criatividade e a sensibilidade. Explica que a música lhe permite ser um ser humano criativo, divertido e disponível para poder mostra não apenas aquilo que manifesta enquanto pessoa mas também atrair outras pessoas que possam se identificar com o tipo de músico que faz e o conteúdo que promove através desta arte.
"Eu acho que a música ajuda-me a ser uma pessoa cada vez melhor. Porque todo o mundo que se expressa através da arte consegue dar um pouco de si da forma mais sincera e vulnerável que existe. Então, a música, para mim, é amor e paciência”, declarou.
É dessa convicção que lhe nascem os grandes sonhos como artista, almejando influenciar uma camada enorme de pessoas pela força das letras que escreve, nas quais procura transmitir alegria, perseverança e paz.
"Pretendo lançar álbuns e gravar projectos que possam influenciar positivamente as pessoas. Ganhar prémios, reconhecida e ter as minhas músicas estudadas e aproveitadas para trilhas sonoras de filmes e novelas. Penso que vou alcança-los, se continuar a marcar os passos certos para lá chegar”, traçou.
A cantora classifica o processo da sua caminhada até à final do Festival da Canção como "muito inspirador”. Sara Saka conta que sempre soube da existência do festival, mas nunca teve aquele incentivo ou força de vontade em participar porque estava muito focada em projectos pessoais. Este ano tudo mudou quando surgiu o apoio de um amigo que lhe aconselhou a remeter a canção "Movimentos” a concorrer no festival.
"Com o apoio dos meus amigos, fiz a inscrição. A espera ansiosa só terminou depois de dois meses, quando ligaram para mim a informar. Sabia que estava num festival muito concorrido, e independentemente de ter sido escolhida eu sempre mantive a ideia de que o importante seria participar”, recordou.
Sara Helena Saka é natural de Luanda. Cantora, empresária e compositora, iniciou a sua carreira musical no ano 2019, quando se apresentou pela primeira vez no concerto acústico "Jazz é fixe'", realizado no Palácio de ferro. Em 2020, actuou durante 6 meses no Pavilhão de Angola na Expo-Dubai.
Formada em ciências da comunicação, inspira-se nos géneros pop, folk, world music, dance, electronic, afro, pog, zouk e MPB. Durante a formação superior, integrou o grupo coral da sua universidade, no qual assumiu o papel de solista e liderou boa parte das apresentações. Tem igualmente participações no concerto acústico de Filipe Mukenga, na primeira edição projecto "Clássicos na Kwanza", partilhando o palco com Wilmar Nakeni e Jay Lourenzo.
Fez igualmente parte do elenco de artistas do Festival da Lusofonia, do projecto Dikota, bem como tem sido presença em vários shows da televisão angolana ZAP.
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