Cultura

Cantora camaronesa Joyce Babatumbe actua em Luanda

Analtino Santos

Jornalista

A cantora camaronesa Joyce Babatumbe actua hoje, às 19H00, no Miami Beach, em Luanda, num concerto onde pretende apresentar a sua proposta musical no estilo afrosoul, presente em músicas como "Baba", "Baby dit it", "Merry go around", “Just like dat”, dentre outros da sua trajectória artística.

01/12/2023  Última atualização 08H30
Artista Joyce Babatume faz parte de uma nova geração de cantores africanos que despontam, cultivando as músicas de fusão © Fotografia por: DR
A artista participou na terceira  Bienal de Luanda e esteve no encontro que o Presidente da República, João Lourenço, manteve com os artistas do projecto cultural Resiliart. Joyce disse que foi uma experiência interessante e que tudo aconteceu porque foi escolhida pela UNESCO.

"Eu pertenço a uma organização que trabalha com artistas músicos e há cerca de dois anos que colaboro com os escritórios da UNESCO nos Camarões em diferentes projectos de desenvolvimento cultural. Foram eles que propuseram o meu nome ao Resiliart e assim tive esta oportunidade para participar neste evento", disse.

Ao falar especificamente sobre o concerto para a noite de hoje, manifestou  partilhar a sua alegria e sonhos para que todos tenham bons momentos.

"Estou a preparar uma performance em que, através da minha voz, darei a minha alma e paixão pela música a todos que estarão no Miami Beach. Porque a música tem uma linguagem única. Ela permite que todos percebam sem restrição de nacionalidades e línguas, podemos cantar em português, espanhol, douala e tudo que acontece é a conexão", sublinhou.

Quanto ao reportório preparado, partilhou que cantará maioritariamente temas originais  e fará interpretações de diferentes temas de artistas que lhe servem de referência. A banda que a acompanha é formada por  John (percussão), Jozmar (guitarra), Rid( baixo), Tishiq (bateria) e Jonathan (bateria), para levar uma música que é uma mistura de soul, hip hop, jazz e spoken word, uma mescla que chama de afrosoul. Joyce assume que tem forte influência dos conterrâneos Richard Bona e Charlotte Dipanda, assim como de Fela Kuti, Ayo, Asa e outros artistas africanos e americanos, como Lauren Hill, India Irie, Jill Scott e outros que contribuíram na sua formação artística.

Joyce Babatunde é uma cantora e compositora de afrosoul dos Camarões, também aposta na poesia e spoken word. Nasceu aos 9 de Janeiro em Dschang na Região Noroeste do país onde foi criada. Artista de coração, Joyce sempre amou a música, mas só no final do seu programa de mestrado em Direito Empresarial na Universidade de Yaoundé, em 2015, é que ela deu o salto para se concentrar na música a tempo integral. Nesse período, ela lançou oficialmente 5 músicas e fez inúmeras apresentações no cenário musical ao vivo, dentro e fora dos Camarões.

Premiada nos Camarões

Em 2018, Joyce foi laureada com Goethe Decouverte. Lançada em 2015 pelo Goethe Institut Kamerun, a plataforma  procura apoiar jovens talentos nos Camarões, despertando o interesse pelo seu trabalho no mercado musical e fornecendo ferramentas para iniciarem uma carreira profissional. Joyce foi escolhida na categoria música e desde então passou a absorver a sua presença inesquecível em todos os palcos através de belos jogos de palavras e ecletismo sonoro.

A música de Joyce Babatunde é uma fusão de géneros. Embora esteja fundamentalmente enraizado no soul, é igualmente experimental. Incorpora elementos de hip-hop, jazz, blues, R&B e também se apoia fortemente em padrões rítmicos africanos, bem como em cantos. Criando assim um coquetel contemporâneo único que ela escolheu chamar de afrosoul.

O objectivo da sua arte  é mostrar o poder da singularidade individual das pessoas, quando devidamente compreendidas e aproveitadas, podem ser usadas para criar um impacto positivo no mundo. Essa filosofia é o que ela chama de "The Masterpiece Mentalidade" (A Mentalidade da Obra-Prima) e está presente em todas as suas expressões artísticas. Enquanto artista, é levada tanto pelas letras quanto pela destreza da fusão de géneros

Antes, Joyce gostava de ser tratada como "artivista”, porque combinava arte e activismo. "Agora mudei para deixar as pessoas decidirem o que faço com a minha arte, sobre as questões sociais. Eu gosto de falar de coisas para reflexão e que gostariam de ver mudadas. Eu empresto a minha voz e tento dar o meu melhor canto em prol de uma sociedade mais justa”, defendeu.

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