Economia

Canal do Cafu com elevados níveis de acumulação de água

Arão Martins / Benguela

Jornalista

O Canal do Cafu, inaugurado em Abril, do ano passado, no quadro de um Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola, permitiu, até ao princípio deste mês, reabilitar represas inoperantes há mais de 50 anos, dando lugar à acumulação de água para abastecimento à população e para fins produtivos.

29/09/2023  Última atualização 07H35
Gabinete da Bacia do Cunene valoriza recuperação de represas ao longo do Canal pelo efeito multiplicador no acesso à água © Fotografia por: Santos Pedro| Edições Novembro
O director do Gabinete da Bacia do Cunene, Cuvango e Cuvelai, Carlos Mendes, que prestou estas informações à margem do 12º Conselho Consultivo do Ministério da Energia e Águas, que ontem encerrou, em Benguela, considerou ser essa uma das evoluções mais marcantes do programa que se estende às províncias da Huíla e Namibe, envolvendo um valor global de quatro mil milhões de dólares.

Estão a ser adoptadas soluções em discussão pelos conselhos de auscultação das comunidades, ao mesmo tempo que se verifica uma acumulação de  reservas de água que estão também a beneficiar, além da população, o abeberamento do gado e a fomentar a agricultura na Cahama e Curoca.

"Sabemos todos que o município do Curoca também é muito afectado pelos efeitos da seca. Neste momento, estão a ser reabilitadas pequenas barragens e será construída uma barragem no rio Caculuvar, no município da Cahama, denominada Cova do Leão”, anunciou.

O Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola teve início com a transferência da água da Bacia do Cunene para a do Cuvelai, estando em curso, neste último, o investimento em duas barragens, a do Undue e do Calucuve, projectadas para cobrir as necessidades de abastecimento do Cunene levados a cabo pelo Instituto Nacional de Recursos Hídricos.

Evitar o êxodo

Segundo o responsável, o grande objectivo é assegurar água potável para o abastecimento das populações, para que desenvolvam as grandes actividades económicas e atinjam benefícios que evitem deslocações para outras localidades, incluindo o êxodo das zonas rurais para os centros das cidades.

Para as províncias da Huíla e Namibe estão a ser estudadas soluções do ponto de vista de exploração de águas subterrâneas e de águas superficiais, com a construção de barragens que têm o objectivo de represar para atender as populações dessas áreas.

Destacou as acções no município dos Gambos, província da Huíla, uma região muito afectada de forma cíclica pelos efeitos da seca, estando projectada a construção de barragem na Chibia para atender os Gambos com canais, construção e reabilitação de chimpacas, anunciou o director.

O programa, considerou, "é de facto robusto e visa dar solução a esses problemas cíclicos de seca”, sendo a meta estender o alcance até à província do Cuando Cubango.

A nível do Cunene, nota-se que as populações já estão a beneficiar dos seus efeitos positivos do Canal do Cafu.

A obra foi executada em 18 meses, até Abril do ano passado, como o primeiro de quatro projectos concebidos pelo Executivo no âmbito do Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul do país, tendo sido inaugurado pelo Presidente da República, João Lourenço.

O primeiro de uma série de projectos do género estabelecidos no âmbito do programa, o canal consiste num sistema de captação e transferência de água do rio Cunene para várias povoações, através de um canal adutor com 160 quilómetros de extensão, ao longo dos quais foram construídas 30 chimpacas (locais para abeberamento do gado), com capacidade para 30 milhões de litros cada.

Os dados técnicos do projecto indicam que a obra vai beneficiar uma população calculada em 235 mil habitantes, vai permitir o abastecimento de água a 250 mil cabeças de gado e a irrigação de 15 mil hectares, além de garantir 3.275 empregos directos.

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