O secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas Albino, reafirmou, esta sexta-feira, em Luanda, que o Executivo continuará apoiar e a incentivar o surgimento de mais actores para o mercado publicitário angolano.
Na aldeia Kingonga, a mais de 20 quilómetros da sede municipal do Songo, o agricultor Arlindo Pedro, de 56 anos, que cultiva, numa área de três hectares, diversidade de produtos, como mandioca, ginguba, banana, feijão, batata-doce, inhame e outros alimentos, reclama do mau estado das vias de acesso ao interior do município.
De estatura baixa, e robustez física que contrasta com a idade, Arlindo Pedro falava, ao Jornal de Angola, minutos depois de ter comercializado, no mercado municipal do Songo, vários cachos de banana-pão, que levou ao local na sua motorizada de três rodas.
Quem, também, reclama das vias de acesso é Zeferina Vieira, de 23 anos. A jovem, residente na aldeia Kimussungo, dedica-se ao fabrico e comercialização de "quicuanga”, iguaria que deriva da mandioca, bastante consumida e produzida na região.
"Há grande produção agrícola no município. O Governo deve arranjar as estradas, para que os homens do campo possam produzir cada vez mais alimentos”, referiu Zeferina Vieira, tendo acrescentado que "a subida dos preços de produtos, como óleo alimentar, sal, sabão, arroz, açúcar e outros está a dificultar a vida de muitas famílias”.
Songo
é um dos 16 municípios da província do Uíge, com potencialidades agrícolas
reconhecidas, sobretudo na produção de banana, mandioca, ginguba, feijão,
batata-doce, inhame e outros alimentos, mas o estado degradante das vias de
acesso aos campos de cultivo dificulta o escoamento para os centros de consumo.
Implementação do "PLAAF”
O administrador municipal do Songo, Maurício Pascoal, disse, ontem, que o sector da agricultura ganhou, nos últimos tempos, nova dinâmica, fruto da criação, por iniciativa do governador do Uíge, José Carvalho da Rocha, de um subprograma do Programa de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza, denominado "PLAAF” (Programa Local de Apoio à Agricultura Familiar).
O referido subprograma consiste em distribuir insumos agrícolas e hectares de terra mecanizada às famílias camponesas, para que possam produzir mais alimentos e, também, aumentar os seus rendimentos.
Maurício Pascoal sublinhou que, durante a Campanha Agrícola 2022/2023, os agricultores do Songo prepararam, no âmbito do "PLAAF”, cerca de 300 hectares de terra, distribuídos a 120 famílias.
"Cada família teve direito a mais ou menos 2,5 hectares. O número total de beneficiários é de 1.800 camponeses, que, durante o período em referência, se dedicaram, preferencialmente, à produção de mandioca, milho, feijão batata-doce e hortícolas”, avançou.
Segundo o administrador do Songo, de forma experimental, os beneficiários do PLAAF cultivaram algumas quantidades de soja, cujos resultados foram animadores.
Quanto à campanha 2023/2024, acrescentou, prevê-se o aumento do número de hectares, de 300 para 400, com o propósito de beneficiar um maior número de famílias e, consequentemente, incrementar os níveis de produção de alimentos.
Os resultados alcançados com a implementação do "PLAAF”, lembrou, são satisfatórios, tendo informado que o município controla 70 associações de camponeses, que têm vindo a ser incentivadas pela administração no sentido de se organizarem melhor, para que possam ter acesso às linhas de financiamento disponíveis, como FACRA, KIXICRÉDITO e outras.
"Nós, Administração Municipal do Songo, temos prestado todo o apoio institucional para que os camponeses possam se legalizar e beneficiar de créditos, que, pensamos, poderão contribuir para a dinamização da actividade agrícola na região”, referiu.
A localidade possui várias fazendas agrícolas, mas apenas em algumas são desenvolvidas actividades. O administrador Maurício Pascoal lançou, por isso, um apelo ao empresariado da província e não só, no sentido de investirem nos campos agrícolas, que, actualmente, se encontram inoperantes, de modo a dar maior robustez à economia local.
No Songo, a nossa equipa de reportagem foi levada a visitar dois campos agrícolas, criados à luz do PLAAF, sendo um de 14 hectares e outro de 11, além de um projecto de criação de peixe.
O mercado municipal do Songo, onde são comercializados vários produtos do campo e não só, funciona às quartas-feiras e aos sábados. A maior parte dos compradores é proveniente da sede provincial do Uíge, de Luanda e das regiões centro e leste do país.
"Um comerciante chegou a nos confessar que tem levado a banana do Songo à província do Huambo. Esse é um dado que nos alegra bastante”, salientou o administrador Maurício Pascoal, para quem a Administração local tudo faz para atrair um maior número de investidores à região, para que possam explorar, sobretudo, os vários estabelecimentos comerciais existentes.
O município do Songo fica 40 quilómetros a norte da cidade do Uíge. Possui duas comunas (Songo e Kinvuenga), 81 aldeias e 13 regedorias.
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