Economia

Campanha imuniza 1,4 milhões de bovinos entre Março e Maio

Estanislau Costa | Lubango

Jornalista

No quadro da acção preventiva anual 1.400.000 bovinos autóctones concentrados nos municípios da Humpata, Chibia, Lubango, Cacula, Quilengues, Gambos, Matala e Quipungo, na província da Huíla, são vacinados entre Março a Maio do corrente ano. No quadro da acção preventiva anual.

20/01/2023  Última atualização 07H15
© Fotografia por: Estanislau Costa | Edições Novembro
A campanha de vacinação de rotina que vai ser liderada pelo Instituto Nacional de Veterinária da Huíla com o apoio de parceiros, para prevenir o contágio de doenças bovinas que afectam com frequência a região sul, com realce aos carbúnculos hemático e sintomático, febre aftosa, mastite, brucelose, tuberculose, leptospirose e clostridioses.

A nossa reportagem soube que o instituto em referência já reforçou a quantidade de vacinas para 200 mil doses, com vista a abarcar, principalmente, os animais que até ao momento estão fora do controlo estatístico das autoridades são cerca de  96.806 cabeças.

O responsável do Departamento do Instituto Nacional de Veterinária na Huíla, Samo Daniel, considerou as vacinas prescritas na presente campanha como essenciais para o combate e prevenção das doenças que afectam os animais da região Sul, integrada pelas províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango.

"A prevenção e o tratamento atempados das epidemias constituem a via acertada para evitar que as doenças se alastrem para outros currais das aldeias e zonas mais afastadas”, referiu, para reconhecer a acertada intervenção dos veterinários e criadores quando confrontados com casos de peste.

Samo Daniel indicou que 160 veterinários integrados em 30 brigadas vão movimentar-se em todos os municípios, comunas, aldeias e povoações para imunizar o maior número de bovinos.

"As Administrações e autoridades tradicionais devem sensibilizar já os criadores a estarem preparados e contribuírem para o êxito da campanha”, assinalou.

O presidente da Cooperativa dos Criadores de Gado do Sul de Angola (CCGSA), Salvador Rodrigues, também valorizou a sensibilização e mobilização sobre as medidas preventivas de pestes animais e as formas de actuação levadas a cabo nas potenciais zonas de criação de gado bovino e caprino.

"O controlo das doenças, sobretudo animais, está a melhorar substancialmente, à medida que as novas formas de lidar com o animal suspeito são, hoje, mais cuidadas, onde nota-se a obrigatoriedade de isolar o boi com sintomas de fraqueza, exageradasalivação, ramelas e perda de apetite.

Salvador Rodrigues, que elogiou a atenção prestada, nos últimos 15 anos, ao sector pecuário pelas autoridades e parceiros internacionais, informou que se regista, neste momento, um aumento considerável das manadas nas zonas rurais da região, devido às condições melhoradas do pasto, proximidade de água e o cruzamento com machos de raça.

"A cooperativa dos criadores continua a promover o fomento através do cruzamento das fêmeas autóctones com gado de raça e alta selecção notadamente zebru, nelore e bosmara que, entre outras valências, melhorou o peso do animal, bem como a quantidade e qualidade dos derivados como carne, pele e chifres”, disse.

Segundo o responsável da cooperativa, o actual rebanho está a aumentar consideravelmente, sendo que os dados indicam a existência de mais de três milhões de animais, onde as famílias autóctones detém a maior percentagem dos animais com destaque para os bovinos, caprinos e suínos.

Um mapa de controlo do efectivo animal da cooperativa aponta para que, além dos dados de bovinos, o sector pecuário da província possui cerca de 1.372.099 caprinos, 389.257 suínos, 631.875 ovinos, 492.904 aves, 6.262 asininos e 3.999 equinos.

Criadores satisfeitos com condições sanitárias providas pelo Estado

Os criadores da província da Huíla valorizaram as condições sanitárias implantadas nas zonas rurais, por contribuírem para a redução substancial do contágio de doenças, principalmente da sarna, que tem um papel crítico no enfraquecimento e morte do efectivo bovino.

 O criador Joaquim Chicambi disse que a assistência gratuita das brigadas de veterinária  os tanques banheiros e mangas de vacinação das povoações da Calombinga, Banda, Viti Vavali, Dengue, Mbuetiti e outros melhoraram a sanidade animal, assim como reduziram as doenças e contaminação aos animais saudáveis.

 A  fonte considera que a disponibilização destas condições está ligada à mais viva tradição da população local, que considera o boi como a sua maior riqueza, devendo ser  bem tratado. "A melhor forma de cuidar é, além do pasto, levar com frequência os animais as mangas de vacinação, tanques banheiros e bebedouros adequados”.

A mobilização dos criadores de várias aldeias, prosseguiu, contribuiu para o aumento do número de pastores e animais nos tanques banheiros. "Agora, são poucos animais que ficam afectados por pestes transmitidas pela picada de certos insectos que injectam larvas que prejudicam os bois”, notou.

 Joaquim Chicambi e Manuel Ngombo, com 127 e 192 cabeças no curral, respectivamente, estão há dois anos sem perder um boi, graças aos tanques banheiros e bebedouros próximos das manadas, assim como à promoção frequente de campanhas de vacinação e educação sanitária animal pelo Ministério da Agricultura e Florestas, bem como outros parceiros.

Redução do roubo de gado

O roubo de bovinos autóctones, nas zonas precárias da província da Huíla, reduziu substancialmente de Agosto a Dezembro do ano passado, mercê do patrulhamento e controlo do movimento animal, numa acção conjunta da Polícia Nacional, autoridades tradicionais e criadores.

O soba Manuel Cangolo, da povoação do Rio da Areia, arredores do município dos Gambos, elogiou as acções de patrulhamento da corporação policial, afirmando que os assaltantes "agora sentem-se intimidados por não ser fácil o transporte de animais de uma localidade para outra sem justificação convincente”.

Segundo o soba, os assaltantes dos currais, antes, pastavam os animais à vontade para os locais definidos apara a concentração. "Hoje, a polícia já persegue, procura saber da proveniência e do documento do soba ou sekulo que autoriza o transporte para outras localidades”.

Manuel Cangolo explicou que os bois e cabritos roubados eram levados para zonas das províncias de Benguela, Huambo, Cuanza-Sul e Luanda. "Os serviços veterinários e a polícia devem também exigir o cartão de sanidade e outros para averiguar as provas da proveniência dos animais”.

 

 

 

 

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