Diz a Constituição que Angola é uma “república baseada na dignidade da pessoa humana”, um pressuposto importante que, entre muitas leituras, indica que nos pretendemos assumir como um país que deve garantir, em todas as circunstâncias, as condições básicas de vida digna a todos.
A importância da expertise na diplomacia africana não pode ser subestimada. O recente escrutínio público em torno do indicado no Quénia para cônsul-geral em Goma, na República Democrática do Congo (RDC), desencadeou um debate crucial sobre o processo de selecção de diplomatas.
Estive recentemente nas Ilhas Maurícias, tidas por muitos como um paraíso na Terra. Voei para lá a partir do Dubai. Quando esperávamos pelo voo notei grupos de polacos, russos — muitos turistas da Europa do Leste que tinham fugido do inverno do Hemisfério Norte.
No momento em que entramos no avião, o pessoal estava bem animado. Sentei-me ao lado de uma família polaca — pai, mãe, uma filha de 17 anos e um rapaz de 14 anos que queria praticar o seu inglês comigo, contando-me histórias bem divertidas da sua escola, amigos, etc, e que queria saber dos meus dois rapazes nos Estados Unidos!
No aeroporto de Porto Luís, capital das Maurícias, vê-se que tudo tinha sido feito para receber bem os turistas; até os homens da imigração pareciam estar a insistir que os turistas ficassem o máximo de tempo no seu país. Claro que isso significava que os euros ou dólares iriam ficar por lá.
As Ilhas Maurícias são um pouco maior que a província angolana de Cabinda — dois mil quilómetros quadrados; a sua população é um pouco acima de um milhão de habitantes.
Curiosamente, o único angolano que lá encontrei, João Tati, é de Cabinda. Quando, cerca de três anos atrás, estive em Cabinda, fui insistindo aos meus amigos que o futuro da economia daquela região teria que se basear no turismo, sobretudo no ecoturismo.
Pode se dar a volta às Ilhas Maurícias em umas quatro horas; dentro da ilha há algumas montanhas, rios e umas quedas. O resto são os grandes hotéis e estâncias de lazer.
Uma das coisas que Cabinda poderia imitar das Ilhas Maurícias é criar uma área costeira para gente com muito dinheiro. David Beckham tem uma casa nas Ilhas Maurícias onde ele vai regularmente com a família. Uma vez eu estava a passear quando um grupo de russos, um pouco embriagados, tentaram convidar-me para provar umas gotinhas amargas; a casa onde eles estavam era uma coisa fora deste mundo!
Imaginem só uma área em Cabinda onde Cristiano Ronaldo possa ter uma casa; onde Mbappe e amigos possam jogar futebol de praia logo em frente da sua casa. Haveria negócio para a manutenção e guarda de jactos privados; para restaurantes de elite; para manutenção de casas de alta qualidade. Um David Beckham tem o seu staff, que também tem o seu staff e estes, por sua vez, também têm o seu próprio staff — isso tudo gera muito dinheiro que pode beneficiar a camada mais baixa da comunidade.
Não obstante a presença de ocidentais altamente endinheirados, a essência da cultura mauriciana não está em perigo. As Ilhas Maurícias são, talvez, um dos locais com mais diversidade cultural no Mundo. As ilhas pertenciam à França no século XVIII, mas depois passaram a ser uma colónia britânica. A língua nacional das Mauricias é o kreolo — uma mistura de francês e línguas africanas! A música nacional das Maurícias, o segga, está profundamente influenciada pelos ritmos africanos. Num momento alguém pode estar numa Igreja Católica, mas depois passar para uma mesquita, e depois para um templo hindu sem o mínimo de tensões.
Cabinda é uma maravilha. Quando lá estive, vi várias fazendas (de holandeses e ingleses) que deixaram de operar quando os donos regressaram à Europa. Nas Ilhas Mauricias eu vi gente a fazer turismo rural — grupos de europeus de calções e chinelos que iam visitar as antigas fazendas de cana-de-açúcar e até de chá. Há a famosa Rota do Chá nas Maurícias onde os turistas vão visitando várias plantações de chá.
Andando por Porto Luis, a capital das Maurícias, fica-se com a impressão de que não se está em África, por causa da falta de lixo. Há quem pergunte se as ilhas tinham sido colonizadas por alemães. As praias das Ilhas Mauricias são limpíssimas; aquilo é um sonho! Soube que há um departamento especial dos serviços de inteligência das Ilhas Maurícias que se preocupa com a limpeza das praias — aquilo é algo que tem a ver com a própria existência da ilha; deitar lixo em locais impróprios nas Mauricias é uma grande infração!
Que tal se houvesse também uma campanha para limpar as praias de Cabinda! Quando estive lá fiquei muito triste, ao ver o estado das praias, onde as pessoas deitavam garrafas, plásticos, etc. Cabinda bem organizada poderia, certamente, atrair milhares e milhares de turistas de todas as partes do mundo!
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