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Burkina Faso: ONU pede investigação sobre massacre em Nouna

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu, este sábado, às autoridades de transição no Burkina Faso que realizem uma investigação “rápida, imparcial e transparente” após o massacre de 28 pessoas na véspera do Ano Novo.

08/01/2023  Última atualização 12H25
© Fotografia por: DR

Segundo a Reuters, Volker Türk também quer que as autoridades "responsabilizem todos os envolvidos, independentemente da sua posição”.

Milícias ligadas ao Exército foram acusadas de matar 28 pessoas em Nouna, capital da província de Kossi (noroeste), na noite de 30 para 31 de Dezembro, num massacre que faz temer um ciclo de represálias entre comunidades deste país, atingido pela violência 'jihadista' desde 2015. "Enviei uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso a sublinhar esta mensagem” porque "as vítimas e os seus entes queridos não merecem menos”, acrescentou o responsável da ONU num comunicado à imprensa.

O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse que as suas fontes locais atribuíram as mortes aos Voluntários para a Defesa da Pátria (VDP), uma milícia formada para ajudar o Exército a combater os 'jihadistas'. Segundo o comunicado, os VDP chegaram à cidade de Nouna e mataram 28 pessoas "em aparente retaliação pelo ataque a uma base militar na noite anterior” por supostos extremistas islâmicos do Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (Jama'at Nasr al Islam wal Muslimin-JNIM, em árabe), grupo ligado à Al-Qaeda.

Após o massacre, o Colectivo contra a Impunidade e a Estigmatização das Comunidades (CISC), uma organização de direitos humanos no Burkina Faso, também denunciou "abusos” cometidas pelos VDP. O Governo declarou no dia 03 de Janeiro que foi aberta uma investigação "para elucidar as circunstâncias da tragédia e apurar todas as responsabilidades” e apelou "à calma de toda a população” enquanto aguarda que "toda a luz” seja lançada "sobre tão inaceitável violência”. De acordo com o CISC, civis armados que afirmaram pertencer aos VDP "realizaram saques organizados e abusos direccionados contra populações civis num contexto de discriminação racial e estigmatização”.

O Burkina Faso enfrenta desde 2015 ataques crescentes de grupos extremistas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI). Estes grupos deixaram milhares de mortos e pelo menos dois milhões de deslocados  estão, em parte, na origem de dois golpes militares em 2022. O poder resultante do último golpe de 30 de Setembro, liderado pelo capitão Ibrahim Traoré, lançou uma campanha no final de 2022 para recrutar pessoas para ajudar o Exército.

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