Cultura

Brigada de Literatura mantém foco na produção de obras

João Upale | Moçamedes

O delegado provincial da Brigada Jovem de Literatura (BJL), no Namibe, Antoninho Kandimba, afirmou que existem muitos projectos literários e a maioria inéditos.

20/11/2023  Última atualização 10H02
Escritor Mantra-Poeta Mukubal é o delegado da Brigada Jovem de Literatura no Namibe © Fotografia por: Jeovani Cola| Edições Novembro -Namibe

Em 2022, a BJL apresentou o livro "A Geração Clé”, uma colectânea de poesia a nível nacional que reúne poetas e declamadores das 18 províncias, e alguns autores na diáspora.

Actualmente, a BJL está a depender da dinâmica dos membros para dar outros saltos no domínio da edição literária, segundo o responsável. Referiu que os membros admitem que precisam trabalhar muito mais com intuito de dinamizar a BJL.

Frisou estar em carteira um projecto para filiação de novos membros, e que, neste momento, a BJL possui cerca de 100 membros, metade está no activo. Uma outra intenção é a criação de núcleos nos cinco municípios, designadamente Bibala, Camucuio, Moçâmedes, Tômbwa e Virei.

Considera as obras literárias como fonte de conhecimento que todo o homem deve adquirir, porém, afirma que a arte de escrever é difícil porque "não se ganha dinheiro”, embora o mundo esteja mais atento ao dinheiro, "a literatura nos dá conhecimento”.

Por isso, garantiu estarem a envidar esforços para quea literatura cresça no Namibe, embora os autores enfrentem uma diversidade de constrangimentos que, aos poucos, se alastram para todos, incluindo leitores.

O número um da BJL adiantou que, se tivesse que enumerar as dificuldades que os escritores ou jovens que pretendem lançar a primeira obra enfrentam, "levaria a afugentar outras pessoas que desejam fazer parte da BJL”.

"É preciso ter fé e amor, porque os constrangimentos são inúmeros encontrados nas áreas de finanças, pedido patrocínios, enfim, mas o fundamental é fazer a arte”.

Embora tenha referido algumas dificuldades, prepara uma obra no género poesia sob o título "O Cemitério Pegou Fogo”.

"Com ou sem dificuldades, vou trazer ‘O Cemitério Pegou Fogo’, uma obra escrita particularmente para os jovens do Namibe”.

Questionado sobre a forma como a BJL sobrevive referiu que todos os membros têm outras actividades profissionais que permite apoiar os serviços da associação."Eu, sou professor do ensino primário”, disse, explicando que conseguem sobreviver por meio dos salários para suster algumas necessidades e projectos elaborados.

 
Parceiro 

Para autossustentação, a BJL conta com a parceria da Fundação Agostinho Neto, através da Comissão Nacional da Juventude.

Pedir patrocínio quer nas instituições públicas quer nas privadas exige uma certa capacidade da parte da BJL.

Quando não conseguem, os membros, que contribuem, assumem a realização da actividade em função do que for programado pela própria BJL. Reconheceu que, algumas vezes, recebem apoio institucional do Governo da província, "e apoio financeiro”.

Em algumas ocasiões, direcionam o pedido de patrocínio para o governo provincial disponibilizar meios e espaço o que tem resultado de forma positiva. "Vamos esperar que nas próximas vezes possamos obter apoios financeiros, principalmente do Governo,  para fazermos coisas boas, embora reconheçamos que o foco da BJL não é o dinheiro. Porém, precisamos de dinheiro para garantir lançamento de livros a nível local e nacional”.

Em carteira, adiantou a colectânea dos poetas do Namibe. A Brigada Jovem de Literatura, na província do Namibe, foi revitalizada há três anos, sendo o presidente  nacional, Carlos Pedro, a renovação de mandatos ocorreu em todas as províncias.

A organização não dispõe de sede, ou de um espaço físico adequado, factor que obriga o delegado a trabalhar em casa.Enalteceu o apoio do Gabinete da Cultura, Turismo e Ambiente, e da Edições Novembro, o que permite os membros "levar avante a BJL”. 

Percurso literário de Mantra

Nas vestes de escritor, assina com o pseudónimo "Mantra - Poeta Mucubal”. Começou a dar os primeiros passos na literatura em 2015, com o lançamento do CD "Lágrima Grossa de Expressão”, que contém poemas narrados.

Tudo começou em 2000, a cantar o kuduro. Cinco anos depois, tornou-se escritor escrevendo poesia.A partir de 2006, começou a declamar poesia sendo o principal impulsionador na cidade do Namibe.

Para garantir melhores condições de vida, Mantra dedica-se, também, na agricultura, o que garante a sustentabilidade da família (três filhos). "Só é artista quem tem amor, o contrário não se compadece, porque é mesmo difícil”.

Autor do poema "Omahofhviomaneneokombungo”, traduzido em português por "Lágrima Grossa de Expressão”, um texto poético que encanta os namibenses, em geral, e, em particular, os mucubais. Escreveu, também, "Kandimba, Avô, Kandimba, avô”, poema cuja mensagem revela a convivência com o avô.

Com 36 anos, nasceu no bairro Comandante Kassanji, município de Moçâmedes. Frequenta o último ano do curso de Química, na Escola Superior Pedagógica (ESP) de Moçâmedes.

Tem no mercado o livro "Lágrima Grossa de Expressão”, e os seus poemas constam em várias colectâneas como "Poética Mukubal do Namibe”.Justificou o título do poema "Cemitério Pegou Fogo” pelo facto de viver inúmeras situações contraditórias. "E como nenhum cemitério um dia jamais pegará fogo, desta vez é o meu ‘Cemitério que pegou fogo’, por causa das dificuldades que eu tenho encontrado diariamente”.         

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