Por numerosas realizações, iniciativas e resultados, no continente africano, há razões para optimismo na medida em que as mudanças e continuidades, parafraseando o filósofo Kwame Anthony Appiah, têm permitido a sobrevivência das sociedades africanas.
Vem aí o Dia de África e dos sinais da mentalidade preconceituosa que domina as elites africanas segundo a qual o facto de em muitos países, incluindo Angola se achar que comemorar e homenagear África é uma perda de tempo.
Para os povos do antigamente chamado Terceiro Mundo, a luta entre a barbárie e a civilização, a ditadura e a democracia, o reforço do unilateralismo e a possibilidade de uma ordem mundial multilateral, não se passa na Ucrânia, mas no Brasil.
A guerra da Ucrânia é uma guerra intercapitalista, uma luta pelo controlo dos recursos estratégicos do mundo e pela redefinição do equilíbrio geopolítico saído da queda do Muro do Berlim e do fim do "socialismo real”. O povo ucraniano é a primeira vítima dessa guerra. Se a mesma não for parada, todos os povos e países do mundo o serão, com consequências ainda inimagináveis ou talvez não.
Desde a primeira eleição de Lula para Presidente do Brasil, em 2003, e além do inegável sucesso das políticas públicas que tiraram o país do mapa mundial da fome e reduziram algumas das suas desigualdades históricas, a maior nação de língua portuguesa começou a tornar-se pela primeira vez, pelo menos nos últimos tempos, um actor independente e autónomo na cena global. A experiência dos BRIC, ainda inacabada, mostrou que são possíveis caminhos e políticas alternativas, no quadro da ordem capitalista reinante, permitindo a afirmação de potências regionais de desenvolvimento médio.
Essa hipótese não era, contudo, do agrado das oligarquias do Império actualmente hegemónico. Era imperioso desfazer os BRIC. Do ponto de vista político-institucional, mais concretamente, do equilíbrio e do funcionamento do sistema político interno dos países que compunham o referido grupo, o Brasil era o mais fácil de atacar. Por isso, quando foi lançada a operação Lava Jato, a pretexto de combater a corrupção, mal endémico do país, comentei que, por detrás da mesma, estavam com certeza os interesses de poderosas forças internacionais que visavam destruir as multinacionais brasileiras, sobretudo do sector da construção, que na altura competiam em mercados como África, Médio Oriente e os próprios EUA. Isso hoje está mais do que provado.
Tais forças, a que as classes dominantes brasileiras se uniram alegremente, não hesitaram em eleger como presidente do país uma figura até então obscura, defensor público da ditadura militar de 1964 e com todos os tiques da extrema direita (autoritário, militarista, machista, homofóbico e racista, entre outros). Lamentavelmente, sectores alegadamente liberais e até alguns progressistas acreditaram e foram agentes dessa estratégia, em nome de um "antipetismo” que, na verdade, não passa de uma óbvia manifestação do pecado original das elites brasileiras: a mentalidade da "casa grande e senzala”, que não lhes permite serem governadas por um ex-torneiro mecânico, mesmo que se trate de um dos últimos grandes estadistas vivos.
A cinco meses das eleições gerais, as notícias que todos os dias chegam do Brasil antecipam que a disputa prevista para 2 de Outubro será, rigorosamente, um plebiscito entre a democracia e o fascismo, entre a boçalidade e a decência, entre a possibilidade de construir um Brasil aberto, plural, diverso, alegre e inovador e a resignação de manter no poder um outro Brasil, em que os seus velhos fantasmas e demónios estejam à solta. As pesquisas apontam, até agora, para uma nova vitória do presidente Lula da Silva, mas, como sabemos, eleições são como o futebol: "prognósticos só depois do jogo”. O mais grave, entretanto, são as notícias acerca da possibilidade de Bolsonaro, apoiado por um grupo de generais, estar a preparar um golpe de Estado para impedir as eleições ou reverter o seu resultado com a força das armas.
Num quadro destes, entre o plebiscito e o golpe, espero que os meus amigos brasileiros concordem que a hora não é para abstenções ou deixar de votar. Impõe-se, creio, uma ampla aliança, que vá do centro-direita à esquerda, para tirar o bolsonarismo do poder. Tudo indica que, neste momento, só um líder é capaz de costurar essa aliança.
Um Brasil livre do atraso, forte, democrático, capaz de modernizar-se de facto e com uma postura internacional autónoma é essencial para a construção de novos equilíbrios mundiais.
* Jornalista e escritor
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginÁfrica Insubmissa- Cristianismo, poder e Estado na sociedade pós-colonial foi escrito pelo cientista político, filósofo e intelectual camaronês Achille Mbembe, Doutor em História pela Universidade de Sorbonne e diplomado em Ciência Política pelo Institut d’études Politiques.
A propósito das eleições que aí vêm, Ngola – jovem operário, ávido leitor– assegurava a um dos seus colegas que via o acumular de nuvens ao sopro da História… e que achava, à laia de previsão meteorológica, que ninguém haveria de impedir a chuva.
A Correm notícias segundo as quais, mais dias menos dias, a guerra que se arrasta por longos anos, tendo provocado um incalculável número de mortes, para além da destruição de infraestruturas como hospitais, escolas, pontes, postes de iluminação etc, poderá terminar, e assim a paz chegar para a alegria dos irmãos desavindos, que vejam na materização do boato (?), oportunidade para voltarem a abraçar-se e juntos encetarem a reconstrução do país, reunir a família e reconciliar a nação.
Os dois marcam, efectivamente, uma geração de futebolistas. Ganharam muitas bolas de ouro. A cada transferência, o assunto ganhava mediatização. Já não se falava de outra coisa. Cristiano Ronaldo parou Manchester no regresso ao Old Trafford. Messi, Paris. Os dois casos caíram como uma bomba.
O MPLA vai propor, como Vice-Presidente da República, para o período 2022/2027, uma senhora, informou, esta tarde, o presidente do partido, João Lourenço, na abertura da reunião extraordinária do Comité Central, que decorre neste momento, no Centro de Conferência de Belas, em Luanda.
O Centro de Processamento de Dados de Angola Eleitorais, espaço onde serão recebidos, verificados e validados os documentos relativos à apresentação de candidaturas às eleições gerais começa a funcionar esta quarta-feira, 25, anunciou hoje a presidente do Tribunal Constitucional de Angola.
Esperança Maria da Cunha é o segundo nome que consta da lista de deputados do MPLA à Assembleia Nacional, cuja figura poderá ascender ao posto de Vice-Presidente da República, caso o partido ganhe as Eleições Gerais de Agosto próximo.
A lista de candidatos a deputados do MPLA, para o período 2022-2027, pode ser conhecida, hoje, no final da reunião extraordinária do Comité Central, que decorre, neste momento, no Centro de Conferência de Belas, sob orientação do líder do partido, João Lourenço.
O presidente do MPLA, João Lourenço, afirmou, nesta segunda-feira, em Luanda, que “os partidos da oposição estão a levar a cabo uma campanha interna e externa para descredibilização das eleições mesmo antes delas se realizarem”.
O centenário de Agostinho Neto é o foco da edição deste ano do Top dos Mais Queridos, cuja gala acontece dia 7 de Outubro, em formato especial, num espectáculo que vai reunir um conjunto de modalidades artísticas, como a música, dança, teatro e a poesia.