O músico Justino Handanga morreu, esta segunda-feira, em Luanda, vítima de doença, aos 56 anos, confirmou uma fonte oficial à ANGOP.
“O Funge para acabar depende do molho", é o título do mais recente livro da autoria do escritor Kudijimbe, que vai ser apresentado, na próxima sexta-feira, às 16h30, numa venda e sessão de autógrafos, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda.
Boaventura Cardoso, renomado homem de letras, aconselhou, ontem, os candidatos a escritores na província do Bengo, a dominarem a língua portuguesa, por ser fundamental e que a pressa em publicar é o grande inimigo, numa alusão a muitos principiantes, pouco dedicados que escrevem mal e consideram-se grandes.
Na troca de impressões entre o também membro da União dos Escritores Angolanos, convidado para o ciclo mensal de encontro cultural com estudantes da Escola Superior Pedagógica, numa organização do núcleo local da Lev’arte do Bengo, o escritor realçou a importância do domínio da língua portuguesa para uma literatura mais conseguida, com valores estéticos e críticos.
"Não acreditem e nem acompanhem aqueles que estão apressados em publicar. Há novos escritores que não dominam a língua portuguesa, escrevem mal e pensam que são grandes”, alertou o antigo presidente da Academia de Letras de Angola, um escritor com obras que retratam o nacionalismo, o pendor cultural, desde os anos 1960 do século passado.
O escritor, que nasceu em Luanda, mas cresceu em Malanje, considerou-se observador atento da forma como falámos o português, porque esta língua em Angola coexiste com as variantes nacionais, o que provoca influências recíprocas, "daí a nossa forma de falar, que ainda não é o português angolano, como muitas vezes oiço dizer, um caso de estudo para os linguístas.”
Na mesma linha, Boaventura Cardoso pontualizou que "a aposta na recriação linguística, como o faz Luandino Vieira, como eu faço, obedece, obrigatoriamente, ao conhecimento tácito da língua portuguesa. Eu revejo com frequência a gramática. Para além disso, leio os clássicos da literatura nacional e internacional”, reconheceu, adiantando que o escritor tem que ler muito para conhecer outras experiências e depois adoptar o seu próprio estilo.
Ao debruçar-se sobre a relação entre literatura e história, o escritor adiantou que não escreve romances históricos. " Eu inspiro-me na história para escrever o romance. No meu caso concreto, parto da história para muitas vezes questionar à própria história. Respeito os que escrevem romance histórico tendo em atenção o modelo clássico, com o respeito absoluto aos factos históricos”, disse, sublinhando que é importante falar da realidade em termos literários.
"Nós devemos partir da nossa experiência física, moral, sentimental, é uma realidade, mas não é o ponto de chegada”, admitiu, adiantando que até chegar ao ponto final o escritor transfigura os códigos.”
Boaventura Cardoso, que autografou exemplares dos livros "Diários de vigília” e "Margens e travessias”, elucidou ainda que há diferentes tipos de escritores, "os considerados clássicos e outros que não são. Há os de moda, que passam com o tempo. São escritores hoje, mas daqui há alguns anos ninguém se vai recordar deles”, deu a conhecer, insistindo que os clássicos persistem com o tempo, porque trabalharam muito.
A actividade cultural bastante concorrida foi o palco para o escritor e estudantes reflectirem sobre aspectos atinentes ao percurso da literatura angolana e debruçar ao contributo de Boaventura Cardoso nesta arte, que desperta interesse da sociedade e sobretudo do grosso de estudantes do ensino superior.
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Vários fazedores de cultura mostraram-se, esta segunda-feira, profundamente abalados, ao despertar o dia, com a notícia que dá conta da morte do conceituado músico Justino Handanga, vítima de doença, ocorrida no Complexo Hospitalar Cardiopulmonar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, de onde havia sido transferido na última semana.