Economia

BNA reduz taxa de juros de referência para incentivar concessão de crédito

Vânia Inácio

Jornalista

O Banco  Nacional de Angola (BNA) decidiu, sexta-feira, em Luanda, pela redução das taxas de juro de referência, como medida que visa o incentivo do aumento gradual da concessão de mais créditos à economia junto dos bancos comerciais.

21/01/2023  Última atualização 09H28
Governador José de Lima Massano foi acompanhado dos vice-governadores para em conferência de imprensa resumir a reunião © Fotografia por: Edições de Novembro

De acordo com o governador José de Lima Massano, que falava no final da reunião do Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (CPM/BNA), foram reduzidas a Taxa Básica de Juro (BNA) de 19,5 para 18 por cento; a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 21 para 18 por cento e a taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez de 15 para 14 por cento.

Esta decisão, disse, fundamenta-se na redução da inflação observada ao longo de 2022 e das pressões inflacionistas, bem como no alinhamento das condições monetárias com o objectivo da inflação de médio e longo prazo. Para a referida tomada de decisão, o Comité de Política Monetária do banco Nacional de Angola (CPM/BNA) analisou o contexto económico, monetário e financeiro internacional e nacional.

José de Lima Massano disse que a nível internacional, perspectiva-se uma desaceleração acentuada da economia mundial.

Após um crescimento de 2,9 por cento em 2022, de acordo com os dados do Banco Mundial publicados no seu relatório Global Economic Prospect em Janeiro de 2023, espera-se uma desaceleração da economia mundial em 2023 para 1,7 por cento.

Economias emergentes

Nas economias emergentes e em desenvolvimento, espera-se um crescimento de 3,4 por cento em 2023, igual ao observado em 2022, com a África Subsariana a ser a região com o melhor desempenho, com uma taxa de crescimento de 3,6 por cento. Relativamente à inflação mundial, espera-se uma redução em 2023 como resultado da politica monetária restritiva, da desaceleração da actividade económica, normalização das cadeias de abastecimento e dos preços das commodities não energéticas.

No plano nacional, os fundamentos macroeconómicos continuam favoráveis.

Em face disso, no ano de 2022, o sector externo teve um desempenho positivo com a conta de bens a registar um saldo superavitário de 30,92 mil milhões de dólares norte-americanos, um aumento de 41,92 por cento comparativamente a 2021, reflexo do crescimento das exportações em 43,49 por cento, apesar do crescimento das importações em 46,40 por cento no mesmo período.

 

Reservas Internacionais

As Reservas Internacionais situaram-se em 14,48 mil milhões de dólares norte-americanos, o que corresponde a uma cobertura de cerca de 6 meses de importações de bens e serviços.

No sector real, estimamos que o Produto Interno Bruto em 2022 tenha crescido em torno de 3,17 por cento, suportado essencialmente pela dinâmica do sector não petrolífero com destaque para os serviços mercantis, sector diamantífero, agricultura e sector de construção.  Ainda em 2022, observou-se uma forte desaceleração do nível geral dos preços, com a taxa de inflação no final do ano, a alcançar os valores mais baixos dos últimos cinco anos, tendo-se fixado em 13,86 por cento, contra os 27,03 por cento no final de 2021.

O comportamento da inflação deveu-se ao curso da política monetária, à apreciação da moeda nacional em relação às moedas usadas nas trocas comerciais, bem como ao aumento e regularidade da oferta de bens de amplo consumo, com destaque para os bens alimentares. Quanto à taxa de inflação, perspectiva-se que continue o percurso de desaceleração em 2023, terminando o ano entre 9,0 a 11 por cento, pelo cortamento favorável das variáveis.

 

Opção do CPM/BNA teve em conta a recuperação gradual da economia

Na sessão de perguntas e respostas com jornalistas, o governador José de Lima Massano justificou que a decisão tomada pelo comité de reduzir em cerca de 1,5 por cento, a taxa básica de juros do BNA, levou em conta a recuperação gradual da economia nacional.

Na reunião, o CPM sinalizou que há mais espaços para redução ao longo do ano, se a perspectiva da inflação se manter aos ritmos actuais, mas pondera eventuais situações como factores externos que afectam a oscilação das receitas cambiais no país, entre outras.

Essa redução foi ainda considerada pelo titular do Banco Central como um ajuste e não "propriamente" um relaxamento da politica monetária.

"Vamos procurar manter o esforço de redução da inflação. Consideramos isso um ajuste em baixa porque as condições permitem e se o actual quadro se manter inalterado temos condições de continuar a fazer o percurso”, realçou.

O curso da economia, explicou, registou, particularmente em 2022, menos variação de preços, apesar subida e descida de alguns produtos e como consequência se assistiu a um ritmo mais brando em relação ao ano anterior.

O curso da economia no final de 2021 registou uma variação de preços 27 por cento, ao passo que 2022 terminou com uma variação de 13,8 por cento.

"Portanto há uma quebra acentuada da variação de preços na economia”, ressaltou o governador, enfatizando que apesar da redução assistida, ainda assim, a taxa é alta.

Sobre as razões do país caminhar como que em contra ciclo da realidade de outras economias do mundo, o governador defendeu que apesar de as principais economias registarem uma alta de preços, a politica monetária que o país tem adoptado tem tido um impacto positivo até aqui. VI

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