Economia

Benguela produz 88 por cento do sal marinho nacional

No plano nacional, a província de Benguela é o maior produtor de sal marinho, com uma produção estimada em 123,2 mil toneladas, representando 88 por cento da produção nacional, influenciado pela costa favorável, quer a nível de questões climatéricas, quer em extensões de terra.

08/03/2021  Última atualização 15H34
Extracção de sal na província de Benguela já corresponde à demanda nacional © Fotografia por: DR
Numa entrevista concedida ao Jornal de Angola, o presidente da Associação dos Produtores de Sal de Angola (APROSAL), Tottas Garrido, disse que a região do Cabo Ne-gro, no Tômbwa, no Namibe, é outra localidade onde pode prosperar o negócio do sal em grande escala.      
De acordo com Tottas Garrido, em 2020 a Aprosal produziu 140 mil toneladas de sal marinho, quando a meta estabelecida, no quadro do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, estava  fixada em 160 mil toneladas.

"A produção interna de sal no país já atingiu a auto-suficiência  para o consumo humano, pois já foram atingidas 80 por cento da produtividade. E temos confiança que alcançaremos a meta, pois existe a possibilidade de alguns associados abrirem novos campos para extracção de sal marinho ainda no presente ano”, realçou.

Frisou que, neste momento, a Aprosal está virada à produção de sal para estimular  a indústria alimentar, às em-presas produtoras de bens de limpeza e para os criadores de gado, faltando apenas determinar as quantidades necessárias para serem consumidas.
Informou ainda que depois de um longo período de negociação, a indústria petrolífera passará doravante a comprar sal no mercado nacional e "está a lançar um novo ciclo para dinamizar o sector salineiro”.

Para o responsável, é um dos grandes desafios vencidos pela Associação de Produtores do Sal em Angola, caracterizado por um aumento na produção e uma diminuição parcial do desemprego.
Disse ainda que o entendimento entre a indústria petrolífera e a Aprosal vai diminuir a importação de grandes quantidades de sal e,  consequentemente, melhorar a situação económica de muitas empresas do sector salineiro ou toda   uma cadeia empresarial envolvida no negócio.  
"Tivemos uma solicitação de 1.500 toneladas de sal com uma especificação muito própria para a indústria petrolífera e nós dentro da associação soubemos cumprir sem grandes constrangimentos às exigências dos clientes.

Base do Kwanda
A Aprosal vendeu para a Base do Kwanda, no Soyo, 140 mil toneladas  de sal marinho no valor de 250 milhões de kwanzas na primeira fase de fornecimento e, de acordo com o responsável, na cadeia de serviços  ganharam os empresários ligados à embalagem, transporte entre outros que de forma indirecta estiveram ligados ao processo.
Para executar a missão, a Aprosal criou o género de um consórcio que permitiu fazer a entrega, num período de 12 dias, com mais de 50 camiões na transportação do sal do Namibe, Benguela e Cuanza- Sul para a base do Kwanda, no Soyo, e "toda a operação decorreu com sucesso”. 

Para o responsável, só com políticas que viabilizem a valorização de recursos naturais endógenos e dinamizar as cadeias de fornecimento nacionais permitirá potenciar as vantagens competitivas de Angola, levando a produção nacional a conquistar progressivamente quotas crescentes no mercado interno, promovendo a substituição de importações.

Exploração indevida
Contactado pela equipa, para esclarecer sobre a exploração inadequada das salinas do Lobito, o professor universitário Mário Joaquim disse que, por razões de sobrevivência, várias pessoas fazem das antigas salinas do Lobito uma fonte de rendimento, mas ignoram os riscos para a saúde humana resultantes do consumo de sal sem iodo.

Mário Joaquim disse que centenas de pessoas  fazem da extracção do sal uma das fontes de receita para sustento dos seus familiares, mas em contrapartida prejudicam outras milhares que consomem o sal sem o mínimo de requisitos de saúde pública.
Dados apontam que actualmente o negócio se multiplicou e vários campos já entraram em produção. Toneladas de sal são retiradas para a comercialização. O sal sem iodo é extraído de antigas salinas do Lobito e tem muita procura. A desactivação das salinas do Lobito remonta ao período colonial e é resultante do crescimento da cidade. Os campos de extracção de sal estavam circundados por bairros, um factor que inviabilizou a continuação da existência de salinas no espaço urbano. No período das chuvas, grande parte dos detritos é arrastada pela corrente das águas e concentra-se nos campos de extracção de sal.

Fomento da indústria
O progresso da indústria salineira, segundo Tottas Garrido, passa pela electrificação dos campos e pela melhoria do sal para a indústria alimentar, assim como a electrificação da zona de produção de sal no município da Baía Farta, o que vai ajudar a reduzir custos com a compra de gasóleo e tal vai permitir que os preços desçam no processo de venda na origem.
Informou ainda que o sector salineiro em Angola está a reorganizar-se e não tem outra saída que não seja a  implementação do sistema de electrificação dos maiores pólos de produção, quer no Cahmume, quer no Cabo Negro, no Tômbwa. Espera-se que com estas intervenções o quadro seja cada vez melhor relativamente aos custos e que a comercialização do sal se processe e seja cada vez mais extensiva.
"A associação dos salineiros continua a juntar sinergias para apoiar a materialização deste projecto no mais curto espaço de tempo. Os empresários gastam centenas de litros de gasóleo/dia para manter as bombas a funcionar nos campos de produção”. Apela a que os investimentos nesta indústria representem uma aposta para o sal aumentar a sua participaçãono PIB.

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