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Beligerantes respeitam o cessar-fogo em Gaza

Israel e Gaza cumpriram, ontem, o segundo dia após o cessar-fogo bilateral iniciado na manhã de sexta-feira, sem que até agora tenham ocorrido incidentes mais violentos, enquanto a assistência humanitária começa a chegar à região.

23/05/2021  Última atualização 09H51
Forças de segurança israelitas e Hamas observam um período de cessar- fogo na Faixa de Gaza © Fotografia por: DR
Depois de 11 dias de escalada de tensão entre as milícias palestinianas e o Exército israelita, naquele que foi o episódio mais sangrento desde a guerra de 2014, os mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza e os israelitas em torno da área palestiniana estão a tentar regressar gradualmente à normalidade.
O balanço dos confrontos saldou-se na morte de 248 palestinianos e 12 israelitas, além de 1.948 feridos no território palestiniano, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, e 357 feridos do lado de Israel, de acordo com o serviço de emergência Magen David Adom.

Na sexta-feira, entrou material humanitário através da travessia comercial de Kerem Shalom pela primeira vez desde 10 de Maio, quando começou o início da onda de violência.
No relatório divulgado na sexta-feira, o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) avançou que "Gaza está a começar a regressar a uma espécie de normalidade, as estradas estão a ser limpas de escombros” e estão em curso trabalhos de reparação. "As hostilidades danificaram infra-estruturas essenciais” em Gaza, "e o cessar-fogo permitiu às equipas de reparação” começar "a avaliar os danos com maior precisão”, informou a agência.
Os confrontos terão deixado cerca de 800 mil pessoas em Gaza sem acesso regular a água canalizada limpa, uma vez que quase 50 por cento da rede de água foi danificada. Simultaneamente, aproximadamente 17 mil unidades residenciais e comerciais sofreram estragos.

A ONU adiantou ainda que 53 estabelecimentos de ensino, seis hospitais e 11 centros de cuidados de saúde primários foram danificados em Gaza desde 10 de Maio, onde as escolas continuam fechadas, afectando quase 600 mil crianças.
Segundo a AP, no terreno estão, também, mediadores egípcios, tanto em Israel como nos territórios palestinianos, na expectativa de tentar assegurar uma trégua de longo prazo entre as forças israelitas e o Hamas, que controla a região da Faixa de Gaza.

De acordo com um diplomata egípcio, que falou sob anonimato, o objectivo é definir formas de prevenir acções que levaram aos últimos combates, como a violência na mesquita de Al-Aqsa e o despejo planeado de famílias palestinianas do bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. Entretanto, já foi alcançada a autorização do lado de Israel para os pescadores de Gaza poderem voltar ao mar, no âmbito do acordo de cessar-fogo.

Os confrontos entre Israel e o Hamas terão colocado a Autoridade Palestiniana num papel ainda mais frágil. Com efeito, milhares de palestinianos manifestaram-se, na sexta-feira, junto do complexo de Al-Aqsa contra o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, e o Governo de autodeterminação.
A violência da última semana trouxe também à superfície uma profunda frustração entre os palestinianos, quer na Cisjordânia ocupada, Faixa de Gaza ou dentro de Israel, face ao processo de paz israelo-palestiniano, praticamente abandonado durante muitos anos.

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