A bebé, que nasceu com 2,4 quilogramas, apesar dos sinais vitais considerados normais, não resistiu e morreu dez minutos depois do parto. A mãe, que  tinha sido transferida do hospital municipal do Kuimba com uma gestação de sete meses e problemas de hemorragia, está bem de saúde e deverá receber alta médica nos próximos sete dias.

O médico cirurgião Nzinga Nsakala Nsoki, que assistiu ao parto, disse  tratar-se de uma má-formação congénita e o primeiro com estas características registado na região.

"Recebemos a jovem às 4 horas, mas como se tratava de um parto prematuro prolongado, tinha de sofrer uma cesariana. A operação começou às 5h30 e terminou, com sucesso, às 6h00. O único espanto foi o bebé  ter nascido com quatro olhos. Apesar de não ter chorado, respirava e tinha outros sinais vitais normais. Mas, dez minutos depois, morreu. A mãe está bem e poderá ter alta depois de sete dias”, frisou.

Segundo o especialista, as causas podem estar associadas à falta de consultas pré-natais logo nos primeiros meses de gestação, para que os médicos pudessem acompanhar a evolução do feto e a saúde da mãe.

"Aconselho as gestantes a fazerem a consulta pré-natal nos primeiros meses de gravidez, para se detectar e despistar possíveis doenças que podem complicar a vida do feto. No caso desta  jovem, proveniente do município do Kuimba, fez a primeira e única consulta, apenas, aos sete meses de gestação. É muito tarde, porque quanto mais cedo forem identificadas anomalias ou doenças que podem ser tratadas a tempo, melhor. Tentativas de aborto, também, podem levar à má-formação congénita”, avançou o doutor Nzinga Nsoki.

Outros casos

O médico cirurgião Nzinga Nsakala Nsoki avançou ao Jornal de Angola que os casos de má formação congénita têm sido frequentes a nível da província, o que considera preocupante, por afectar, sobretudo, mulheres jovens.

Em 2019, contou, tinha, também, acompanhado um parto por  cesariana de uma jovem de 22 anos, no Hospital Municipal do Nóqui, em que o bebé nasceu com quatro braços e igual número de membros inferiores, que era o seu primeiro parto. Já em Agosto de 2022, o caso foi de uma jovem, de 18 anos, que por causa de complicações foi submetida a uma cesariana e o bebé nasceu sem o orifício anal, por isso depois de cinco dias teve de ser operado para abertura artificial, para que fosse possível evacuar. "Felizmente, este bebé está vivo”, disse.

 Ainda em Novembro de 2022, o médico disse ter assistido ao parto de uma jovem de 21 anos, em que o bebé nasceu sem ouvidos e a boca com uma fenda palatina. Informou que a estatística aponta para 33 recém-nascidos com má formação congénita, de um total de 6.271 partos,  entre 2021 e 2022.