O Conjunto Os Kiezos, Banda Movimento, Eddy Tussa e Lolito da Paixão são os artistas que sobem ao palco para relembrar os músicos homenageados.

Com esta singela homenagem aos saudosos Bangão e Mamukueno, a "cadetral do semba" volta a acolher o "Muzonguê" depois da primeira edição desde ano, a 12 de Março, animada por um elenco onde esteve Robertinho, Fiel Didi, Calabeto, Augusto Chacaya e a Banda Movimento, que volta a marcar presença.

Os integrantes do Conjunto Os Kiezos  prometem proporcionar muita animação. Como convidado, o elenco integra o guitarrista Botto Trindade. No reportório, temas históricos da formação que emergiu  em 1963, na zona do Kapolo Boxi, no Marçal, e que continua a preservar a mística de uma das mais emblemáticas formações musicais a nível nacional.

A Banda Movimento já familiar do espaço, segundo o gestor Estêvão Costa, garante qualidade na execução e acompanhamento dos artistas. Afecta à Rádio Nacional de Angola, em palco vai explorar não apenas as músicas dos discos "Espontaneidades” e "Kufikissa”, como, também, revisitar clássicos do cancioneiro nacional.

Outra novidade nesta edição do "Muzonguê" chama-se Eddy Tussa, artista que ganhou notoriedade depois da transição do rap para o semba. Pertence a uma geração que tem feito, regularmente, versões de temas do passado.

Autor dos álbuns "Izenu Mu Tale”, "Grandes Mundos” e "Kassembele”, tem participações em outros projectos discográficos em que constam sucessos de carreira quer da sua autoria quer de artistas de outras gerações. 

Lolito da Paixão é um jovem que se destaca como intérprete e nesta vertente explora muito os homenageados. Filho de Lulas da Paixão, dele bebeu o lado da composição com obras interpretadas por cantores de gerações diferentes. Com a Banda Yetu, tem percorrido vários espaços de promoção e divulgação do semba e suas variantes.

"Muzongué da Tradição” é um programa que arrancou em Fevereiro de 2007, com o objectivo de promoção, divulgação e valorização da música angolana. Participaram na primeira edição os artistas Zecax, Dom Caetano e Proletário, com suporte instrumental dos Jovens do Prenda.

O Centro Recreativo e Cultural Kilamba foi inaugurado a 20 de Dezembro de 2002, antes conhecido como Salão Maria das Escrequenhas e Rebita Dr. Antonio Agostinho. Além de artistas angolanos, passaram pelo espaço referências internacionais como Gilberto Gil, Bana, Tito Paris, entre outros.

Referências da Música Popular Angolana

Bernardo Jorge Martins Correia, de nome artístico Bangão, nasceu a 27 de Setembro de 1962, no Sambizanga, na zona do musseque Brás, onde viveu parte da vida, com pequenos períodos de ausência, até à morte na África do Sul, a 19 Maio de 2015.

Na fase inicial da carreira, esteve integrado em formações do bairro, como  Tradição e Os Processos do África, Conjunto Os Gingas, Banda Movimento e outros projectos musicais. Em paralelo com o percurso individual, conquista vários troféus, com realce para o Top dos Mais Queridos, edição de 2005. Antes desta fase, nos finais dos anos 80, lançou-se para uma carreira a solo e esta aposta começou a consolidar-se em 1996 com o Prémio Liceu Vieira Dias, com a canção "Kibuikila", suporte instrumental da Banda Movimento, posteriormente passou a vocalista desta formação deixando de ser colaborador. Em 1999, com "Kanjila", arrebatou o "Semba de Ouro".

A primeira metade dos anos 2000, foi a consagração no Top Rádio Luanda, com o sucesso "Fofucho" e fecha em 2005 com o Top dos Mais Queridos.  Ao longo dos 53 anos de vida e 36 de carreira, deixou três obras discográficas, "Sembele", "Cuidado" e o duplo álbum "Estou de Volta". Tem obras em vários projectos e músicas gravadas fora do domínio público.

Bangão é um músico respeitado pelos apreciadores da música angolana, navegou nos ritmos nacionais, mas na sua obra, o "Rumba Angolano" ganha mais espaço que o Semba, não significando que o ADN deste estilo não esteja no seu processo criativo.

José Matias, de nome artístico Mamukueno, nasceu a 5 de Outubro de 1946 e morreu no dia 24 de Agosto de 2014. Compositor dos sucessos "Eza ku ngiamba”, "Tambulenu”, "Rei do Palhetinho” e outros de uma carreira que começou adolescente no Marçal, em 1966, no Estrela Negra.

Um dos marcos da trajectória artística aconteceu com a criação do grupo "Mamukueno e  os seus kubanzas”. No pós independencia integrou os agrupamentos Diamante Negros e Semba Tropical. Da sua discografia encontramos ""Memória de Mamukueno",  "Ezakungiamba" e "Nga Sakidila”.