Cultura

Bailarinas afinam coreografia para grande espectáculo de apresentação em Maio

Katiana Silva

Jornalista

O grupo de dança Etu Tweza garante estar a preparar-se afincadamente para o seu primeiro grande show de apresentação para o grande público, agendado para Maio, em Luanda, ainda sem avançar o local e o dia.

18/03/2023  Última atualização 13H15
© Fotografia por: LUíS DAMIÃO| EDIÇÕES NOVEMBRO

Formado em 2013, Etu Tweza, nome em kimbundu que significa "viemos ou chagamos”, é composto por mais de 20 integrantes, com idades compreendidas entre os 23 aos 45 anos, cuja direcção é composta maioritariamente por mulheres. Inicialmente constituído por apenas cinco intergrantes, a ideia da criação do grupo surgiu de forma espontânea, numa combina entre Cláudia Andrade (directora e porta-voz), Rosymar dos Santos (coreógrafa), Znóbia Lopes (gestora do grupo) e a bailarina Zuleica dos Santos, que neste momento está afastada dos palcos por razões profissionais mas sempre fazendo parte da direcção do grupo, amparadas pela experiência colhida pela passagem por diversos grupos de dança de Luanda. 

"Todas nós que fazemos parte deste grupo somos bailarinas com experiência. Decidimos nos juntar para fazer mais um grupo de dança dentro do mercado cultural. Nos juntamos com a certeza de que poderíamos contribuir na cultura nacional com a nossa força de vontade e muito talento. A ideia era marcar a nossa posição”, sustenta Cláudia Andrade, acrescendo que os mais de 20 bailarinos já trazem experiência em dança mas que se juntam ao grupo toda vez que têm agendas e projectos por cumprir.

Entre conciliar os diversos papéis, como esposa, mãe e uma carreira profissional fora do circuito artístico, Cláudia Andrade é categórica ao assumir ser um desafio com o qual lida há mais de 30 anos que se dedica à arte, deixando claro que a vida de bailarina não impede as realizações noutras áreas da vida.

"Conseguimos nos formar, constituir famílias, cuidar dos nossos filhos e netos. Houve uma altura da vida em que estive mesmo muito apertada, a fazer muitas coisas ao mesmo tempo. No meu caso, enquanto professora, psicóloga e educadora social, foi preciso foco e organização para que pudesse conciliar com a vida artística. Acho que quando a gente quer de verdade, conseguimos sempre arranjar formas”, defende Cláudia Andrade.

Dar o seu contributo à cultura nacional na categoria da dança é o grande objectivo do grupo, bem como servir de escola a talentos que não encontraram ainda um espaço onde desenvolver a arte da dança.

"Desejamos continuar a dançar e crescer cada dia mais, para que possamos representar angola em qualquer parte do mundo. Levar a nossa dança, a nossa cultura para os quatro cantos do mundo. Também estamos disponíveis em fazer digressões pelo interior do país”, almeja.

Desde a fundação, em 2013, que ainda não realizaram um concerto a solo de apresentação dos vários estilos de dança desenvolvidos pelo grupo. Segundo traça a directora e porta-voz, neste momento têm feito todos os preparativos para realizarem um grande espectáculo de dança que pretendem apresentar no próximo mês de Maio, visando mostrar todo o talento a um público mais vasto.

"Estão todos preparados, tanto fisicamente, tecnicamente e emocionalmente. Queremos mostrar o melhor da nossa criação em dança”, destaca.

 Falta de apoio

Apesar de toda a força de vontade, Cláudia Andrade lamenta não ser suficiente quando não há apoios que permitam a realização dos objectivos. Segundo conta, têm dificuldades de vária ordem, desde transporte a uma assessoria que lhe inclua nos grandes eventos de dança.

"Precisamos de mais espectáculos, porque o bailarino gosta de se apresentar, faz parte da arte dele. Quanto mais espectáculo, mais experiência e mais emoção ao lidar com os diferentes públicos. Por outro lado, precisamos de um espaço de ensaio, porque neste momento temos conseguido realizar os nossos ensaios na biblioteca 28 de Agosto, isso porque tivemos um breve acordo com direcção. Sabemos que não vamos puder ficar ali permanentemente”, explica.

Quanto à esperança de um patrocinador oficial, Cláudia Andrade afirmar não ter perdido ainda mas assume  o desânimo pelas tantas vezes que tentaram bater portas sem obter sucesso. O grupo tem se mantido graças a ajuda de uma pessoa singular a quem tratam por "padrinho”

"Esse apoio não tem a ver com questões financeiras, mas sim um apoio fundamental nos momentos mais difíceis. O grupo nunca contou com nenhum patrocínio, desde o material aos figurinos, que eram todos criados pelas bailarinas, que faziam na altura pequenas contribuições para a aquisição para as indumentárias de figurinos, como saias, rolhas de garrafas, panos samakaka, tintas para pinturas, chinelas de borracha, tudo que servisse para nos identificar com a cultura nacional”, lamentou. A directora pontua que o grupo resiste somente por amor à arte, acreditando ser uma atitude pela persistência na busca pelos sonhos.

Inspiração em Tshala Muana

Rosymar Dias dos Santos, coreógrafa, aponta que dentre as grandes actuações do grupo, destaca-se uma ida a Macau, para saudar as comemorações do 11 de Novembro naquele país. Recentemente, alguns membros do grupo também foram chamados a fazer parte do União Recreativo Kilamba no desfile da Classe A do Carnaval de Luanda, tendo se sagrado vencedor. Rosyemar dos Santos foi uma das coreógrafas do União Recreativo Kilamba nesta última edição do carnaval. 

"Também fazemos parte da marcha vitoriosa do União Recreativo Kilamba. Foi algo lindo e inesquecível para todos os bailarinos. Montamos uma coreografia que desse destaque aos detalhes dos toques de dança. Esse triunfo teve um sabor especial”, manifesta Rosymar dos Santos, membro de direcção do Etu Tweza.

As coreografias são todas originais, montadas a partir de uma inspiração que surge por diferentes motivos e razões do dia-a-dia.

"Toque a toque vamos criando linguagens, que são montadas e a seguir são criados os desenhos coreográficos. É um trabalho que dá prazer”, sublinha.

Neste momento o Etu Tweza oferece bailarinos a músicos que queiram ser acompanhados. Por exemplo, é o grupo que tem disponibilizado as bailarinas que acompanham a cantora Pérola e o saxofonista Sanguito e outros.

Ao montar as coreografias, Rosymar dos Santos disse que tem como fonte de inspiração a diva da rumba congolesa  Tshala Muana. Revelou, também, que ambiciona um dia fazer uma coreografia para a cantora norte-americana Rihana. 

Mariquinha Lino, integrante do grupo há mais de dez anos, manifestou estar feliz no grupo desde que foi integrada, aquando da ida do grupo a Macau, sendo proveniente de outro grupo profissional de Luanda.

"Tenho dado a minha contribuição ao grupo, partilhando os seus conhecimentos através daquilo que sabemos fazer, que é a dança”, explica.

Por sua vez, Celma Pinto, também integrante do grupo, deixou uma mensagem a todas as mulheres em alusão ao mês de Março, apelando a nunca desistirem diante das adversidades.

"Aproveitamos para chamar mulheres que queiram dançar ou ingressar nesta arte, e mulheres de outros grupos para estarem connosco, unidas não apenas em Março”, apelou.

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