Cultura

“Atingi o Zero” ganha espaço fora das salas convencionais

Roque Silva

Jornalista

“Atingi o Zero”, peça sobre António Agostinho Neto, do actor e dramaturgo Dionísio Caminha “Kiluanje”, será, este ano, exibida em todas as províncias do país, para além das salas convencionais, num total de 100 apresentações, revelou, sexta-feira, o autor, ao Jornal de Angola.

21/01/2023  Última atualização 10H04
Dramaturgo “Kiluanje” durante a exibição do monólogo estreado a 17 de Setembro de 2022 © Fotografia por: DR

A peça, cuja inspiração para o título recai para a sílaba poética homónima do célebre poema "Renúncia Impossível”, segundo "Kiluanje” vai ser apresentada em salas de espectáculos convencionais, largos e praças em cidades e bairros, de vários municípios de Angola.

O monólogo foi exibido por duas vezes em Luanda, tendo estreado a 17 de Setembro do ano passado, no auditório Njinga Mbande, por ocasião daquela mesma data e razão pelo qual foi montado.

O actor, que encarna na peça a figura de Agostinho Neto, revelou que foi gizado um programa para que no presente ano o monólogo seja conhecido pelos amantes do teatro e não só.

"Kiluanje” disse que pretende levar o espectáculo ao encontro da comunidade estudantil, para terem contacto com a reprodução de escritos de Neto por via de acções.

A ideia, segundo o autor do espectáculo, é, também, apresentarem maior número de espaços possíveis, como em escolas, lares de acolhimento e instituições de primeira infância.

"Vamos procurar apresentar o espectáculo em todo o país, com alguma incidência na capital do país pelo facto de Luanda ter o maior número de espaços já definidos”, disse.

Dionísio Caminha "Kiluanje” revelou que não descarta a possibilidade de levar a peça a palcos no exterior, com a inscrição em festivais internacionais, sobretudo em países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Traços da peça

Adaptado por Dionísio Caminha "Kiluanje”, o espectáculo foi encenado por David Caracol e resulta de uma pesquisa feita à obra e história de vida do Poeta Maior, e análises de autores estrangeiros e nacionais sobre António Agostinho Neto.

No espectáculo, "Kiluanje” que encarna a figura de Manguxi e transporta ao palco uma personagem que concebe vida própria às letras, encarnando-as nos três actos subsequentes à partida, as prisões e desterros, bem como o regresso e a proclamação da Independência de Angola.

Explica que o público tem a oportunidade de ver cenas, que com base em textos, vão, por exemplo, mostrar a postura de Neto em diversos momentos que marcaram a sua vida, como nas matas e prisão.

Segundo a sinopse da peça do espectáculo, o actor consegue descortinar uma saída e encontra a vivência explícita dos poemas de Neto, criando uma sequência narrativa lógica, através do casamento de versos dramatizando-os em poemas seleccionados.

Com a duração de 40 minutos, a ficha técnica tem as impressões digitais de Nariosa Pinto (desenho de luz) e Zeka Kekenia (produtor executivo).

Perfil do artista

O actor Dionísio Caminha "Kiluanje” abraçou a arte aos oito anos, em actividades escolares, tendo como momento mais alto a declamação de um poema em homenagem a Hojy-ya-Henda.

Artista com vários predicados, "Kiluanje” produziu, realizou, escreveu e publicou cinco documentários e uma curta-metragem de ficção, depois de ter concluído formações nas respectivas especialidades profissionais no exterior e em Angola. É, também, argumentista e fotógrafo.

Participou, em 1989, com o grupo experimental de dança "Ballet Tradicional”, afecto ao Ministério da Cultura, no Festival Nacional de Cultura (FENACULT). Como actor, foi membro dos colectivos de teatro Horizonte Njinga Mbande e Elinga Teatro, onde ingressou em 1989 e 2004, respectivamente, com quem viajou pelo mundo em festivais internacionais.

 No cinema, participou nos filmes "Herói”, de Zezé Gamboa, e "Comboio da Canhoca”, de Orlando Fortunato, sendo neste último o personagem principal.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura