Assinala-se hoje, 6 de Fevereiro, a data da morte do Ohamba (rei) Mandume Ya Ndemufayo, que se suicidou em 1917, depois de resistir com tenacidade à invasão estrangeira. “Mandume Ya Ndemufayo teve uma morte heróica e demonstrou ser um líder com qualidades invulgares; a pátria antes de tudo, a soberania e integridade territorial estavam além das suas ambições pessoais, por isso deu a sua vida às causas mais profundas do povo Oukwanyama e da região vizinha”, diz em entrevista o historiador Tiago Caungo Mutombo.
Hoje, às 15 horas, no Arquivo Nacional, o historiador José Manuel da Silveira Lopes defenderá em palestra as razões que o levaram a interessar-se, profundamente, pela história política angolana, resultando na publicação de dois ensaios, respectivamente “O Cónego Manuel das Neves – Um Nacionalista Angolano (Ensaio de Biografia Política)”, lançado em 2017, e “Lutem Até Alcançarem a Liberdade”, de 2021. “Se o meu trabalho tem alguma importância, é o facto de ser feito por uma pessoa independente de quaisquer filiação política.
O herói do último Varzim-Benfica recorda os momentos do jogo em que Pedro Mantorras saiu triste do balneário dos varzinistas. 16 anos depois da glória. Terça-Feira (hoje), volta a haver jogo grande na Póvoa.
Já não temos notícias suas há muitos anos. Está a viver em Angola?
São muitas saudades, é verdade. Tenho de voltar à Póvoa este ano. Estou a trabalhar na formação do 1º de Agosto, sou um dos treinadores das camadas jovens já há alguns anos. Gosto de estar cá, mas claro que tenho sempre o meu Varzim no coração.
Há muitos 'Mendonças' a aparecer aí no 1º de Agosto?
Isso é mais difícil (risos). Há meninos com talento, isso há sempre, mas o clube está a atravessar uma fase menos boa. Por isso, está a ser mais complicado o meu trabalho. A pandemia não ajudou, a crise financeira é comum a todos os clubes angolanos nesta fase.
Vive em Luanda?
Estou a viver em Viana, uma cidade da província de Luanda. Já não vou há alguns anos a Portugal e esse é um dos meus desejos para 2023: voltar a pisar o relvado do Varzim. Há pelo menos mais dois angolanos famosos na história do Varzim. Fui eu que fiz também o cruzamento para o auto-golo do meu amigo Nelson.
Poucos se lembram disso Mendonça, ex-jogador do Varzim.
O Vata e o Lufemba, claro. Curiosamente, falo regularmente com a filha do Lufem-ba, é amiga da minha família. Não sei onde vive agora o pai e do Vata já não ouço falar há alguns anos. Mas são nomes importantes no Varzim e falávamos muito deles quando eu jogava lá.
Sabe que vai haver um jogo muito importante nesse relvado na terça-feira?
Sim, estou a par, estou a par (risos). É contra o Benfica, outra vezpara a taça e outra vez para ganhar. Não vou estar no estádio, mas tenho a RTP Internacional em casa e vou ver o jogo com emoção. Começo a falar do Varzim-Benfica e vem-me muita coisa à cabeça. Acompanho sempre o Varzim e há uns anos (2018) até me fizeram uma homenagem aqui em Angola, fui visitado pelo presidente do clube. Tenho grande afecto pela cidade, pelo clube, pelas pessoas. Ainda hoje, recebo mensagens dos adeptos varzinistas. Acho que gostavam muito de mim.
10 de Fevereiro de 2007. Chuva e frio na noite da Póvoa.
O habitual, na altura, estava habituado a isso e não custava nada. Tivemos grandes equipas, mantenho amizade com alguns dos meus colegas, nomes que fazem parte da minha vida. O Nuno Gomes, o Alexandre, o Marco Freitas, o Rui Barbosa, continuo a falar com esses todos. Foi um jogo especial da minha carreira. Estávamos a estrear o nosso treinador, o Diamantino Miranda, e isso foi decisivo. Ele conhecia bem o Benfica, mexeu connosco, mostrou-nos que era possível ganhar e o resto feito por aquelas bancadas maravilhosas, cheias de varzinistas. Fico muito feliz por falar sobre esse jogo convosco, estou a falar e a ficar comovido.
Lembra-se bem do seu golo decisivo?
Lembro-me de tudo nesse jogo. Logo, no início, fiz o cruzamento para o auto-golo do meu amigo Nelson (risos). Poucos falam disso. E depois tive a sorte de fazer o meu golo, de cabeça. Cruzamento do Nuno Rocha, na esquerda, e peguei bem na bola. Fiz um arco bonito e o Quim não teve hipóteses, ficou a olhar.
Dois angolanos com sortes diferentes no jogo
O Mendonça estava em grande nessa fase. Tinha jogado o Mundial em 2006, ficou no Varzim e só saiu para o Belenenses em 2007. Nunca teve um convite de um dos 'grandes'?
Não, não. O futebol é assim. Sentia-me bem, forte, desequilibrava. Fui sempre para onde me quiseram e, mais importante, deixei um legado importante na Póvoa. Ajudei o Varzim a crescer, a ter grandes vitórias; tenho dezenas de amigos, até centenas. Não dei o salto que queria, mas fui feliz.
Por falar em amigos, esse Benfica tinha um grande amigo seu: o Pedro Mantorras.
O Mantorras, pá (risos). Até o meu grande amigo Mantorras se zangou comigo nessa noite. É normal, porque perdeu e ninguém gosta de sair da taça. Ainda falámos depois do jogo, nos balneários, e ele aí já estava mais calmo. Uns anos antes, ele já tinha vivido uma noite difícil na Póvoa por culpa da marcação durinha do Alexandre. Não sei se se lembra do 'deixem jogar o Mantorras'.
Claro, a frase ficou famosa.
Pois, isso foi uns anos antes. Em 2007, foi mais 'deixem jogar o Mendonça' (risos). Gosto muito do Pedro e tive o cuidado de ir ver como ele estava, porque a verdade é que o Benfica perdeu de forma surpreendente.
Como é que descreve o Varzim, um clube histórico?
Um clube feito de gente humilde, gente do mar, com adeptos que passam a semana à espera do domingo para ir ver o seu Varzim. Ver aquelas bancadas cheias dava-me sempre um prazer do caraças.
O Varzim já eliminou o Sporting, em Barcelos, e agora encontra o Benfica. Que mensagem quer mandar à malta da Póvoa?
Antes de mais, quero desejar que o Varzim entre em 2023 a eliminar o Benfica. Sinto que a equipa vai estar preparada, vai fazer tudo para ter uma noite histórica. Se eliminou o Sporting, pode eliminar o Benfica. O Mendonça vai estar a mandar boa energia, à distância, a partir de Luanda. Um abraço enorme para todos os varzinistas.
Roger Milla entrou no balneário no Mundial 2006
Jogou duas vezes o CAN, esteve num Mundial de Sub-20 e no Campeonato do Mundo da Alemanha. Ainda por cima, a estreia foi contra Portugal.
Tive muita sorte na minha carreira. O meu percurso foi bonito, conseguimos levar Angola a um Mundial pela primeira vez e acima disso não há nada. Foi um mês muito lindo. Portugal-Angola foi um jogo entre países irmãos, havia muitos angolanos a jogar em Portugal e, por isso, criámos dificuldades à equipa portuguesa. Conhecíamos bem toda a gente, estivemos concentrados e foi pena o golo do Pauleta tão cedo. Mas Portugal ganhou bem, não há nenhuma dúvida sobre isso. Dessa vez, não houve problemas nenhuns (ao contrário do 'amigável' em Alvalade, em 2001, marcado pela violência).
Zé Kalanga, Mateus, Figueiredo, Mantorras, Akwá. Essa selecção tinha jogadores de muita qualidade.
Essa geração era óptima, se calhar, a melhor de sempre de Angola. A maioria dos jogadores estava na Europa e isso fez toda a diferença. Aliás, depois, empatámos contra o México e contra o Irão. O golo do Irão, já perto do fim, foi uma facada grande. Tivemos uma boa participação, jogámos futebol e até recebemos uma visita de um cavalheiro importante no nosso balneário.
Quem foi esse cavalheiro?
O senhor Roger Milla. Bateu à porta, entrou no balneário e deu-nos os parabéns pela imagem que tínhamos deixado em campo. Eh pá, um dos melhores africanos de sempre a dizer-nos isso, olhos nos olhos, foi muito gratificante. Gosto de contar esta história, porque o senhor Milla foi um craque. Foi bonito.
A selecção de Angola não está tão forte.
São fases diferentes. A Federação está mais debilitada. Acho que estamos a iniciar um ciclo bom. O Pedro Gonçalves é um treinador bom, trabalhei no 1º Agosto com ele e sei que vai fazer uma selecção boa; tem de haver apoio ao trabalho do seleccionador. Ele conhece muito bem o futebol angolano, acompanha os atletas desde a formação e há que ter paciência. Vão jogar o CHAN, na Argélia, e estou curioso para ver o que pode fazer a equipa.
Pedro
Jorge da Cunha |*
* Texto publicado no site zerozero.pt
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