Opinião

As bebidas caseiras

O uso de bebidas caseiras, particularmente a chamada caipirinha, um cocktail de misturas, contra todas as expectativas, muito apreciado pelo segmento infanto-juvenil revelou-se trágico nos últimos dias para muitas famílias em Viana, aqui em Luanda.

29/04/2021  Última atualização 10H06
Embora o uso de bebidas alcoólicas seja, em grande medida, uma prática ou costume comum e ancestral, não há dúvidas de que a responsabilidade de quem produz e de quem consome deve ser redobrada. É verdade que a tendência e tentação para o lucro fácil anima muitos "fabricantes” de bebidas caseiras, grande parte produzidas sob o manto de misturas indevidamente graduadas, fermentadas e ou destiladas a partir de processos duvidosos. Em todo o caso, mais do que uma cruzada contra os alambiques espalhados por Luanda para os encerrar, o maior desafio, que deve ser abraçado pelas famílias, deve passar pela consciência e consciencialização das pessoas.

Devemos ter em linha de conta que a educação, a sensibilização e o contínuo acompanhamento dos mais novos deverão ser as ferramentas mais úteis no combate e contenção das práticas desviantes. Precisamos de mudar, independentemente da liberdade que as pessoas, particularmente os jovens, gozam para tomar as suas decisões, no seu dia-a-dia, relativas aos momentos de diversão e festa. Na verdade, não precisávamos de passar por uma situação como a actual, ocorrida na localidade de Viana, em que as pessoas, jovens na sua maioria, acabaram por perder a vida por causa de bebidas alcoólicas.

A morte de dezenas de jovens e a hospitalização de tantos outros por consequência da chamada "caipirinha do azar” deve fazermos todos reflectir sobre as formas de lazer e consumo que se recomenda moderado de bebidas alcoólicas.
Numa altura em que nos batemos para resgatar valores, práticas dignas e comportamentos seguros, não faz qualquer sentido para quem pretenda vender bebidas caseiras exceder na composição e mistura ao ponto de não se importar com a vida das pessoas. O público alvo deve também, sempre que preferencialmente e aqui particularizando-se o caso do consumo de bebidas alcoólicas, fazer escolhas responsáveis.

O corpo humano não deve servir de "tubo de ensaio”, por via do qual devamos experimentar bebidas, comidas e medicamentos com a ideia irresponsável de "ver para crer” os seus efeitos, mesmo havendo à partida indícios de misturas duvidosas. As famílias devem desempenhar um papel mais actuante no acompanhamento dos seus dependentes e outros membros para o devido aconselhamento, particularmente quando se tratam das companhias. As más associações, como sugere a experiência da humanidade, arruínam os bons hábitos e grande parte das situações que envolvem conduta desviante derivam de confrarias pouco recomendáveis.
Com a campanha de resgate de valores, urge promover um ambiente em que as famílias e as pessoas tenham opções mais sadias na ocupação dos tempos livres, para bem da saúde humana.

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