Cultura

Artistas partilham experiência de residência artística em Luanda

Um Open Studio marcou recentemente o fim da segunda edição da residência artística “Nzinga”, promovida pela galeria Movart, em que o público tomou conhecimento daquela que foi em pouco mais de um mês de trabalho a troca de experiências entre Gilda Barros (Cabo-Verde), Jasi Pereira (Brasil) e Oksanna Dias (Angola).

10/03/2023  Última atualização 11H20
© Fotografia por: DR

Durante um mês, as três mulheres artistas de nacionalidades distintas e cada uma delas explorando uma disciplina de forma isolada, realizaram obras resultante das pesquisas realizadas durante as primeiras semanas de convivência com o novo ambiente que conheceram, com a excepção da anfitriã Oksanna Dias, que simplesmente mergulhou o mundo que conhece desde que nasceu.

Gilda, que aproveitou a sua estadia em Luanda para pintar um mural, escolheu a ilustração para o desafio que abraçou na residência, enquanto Jasi focou-se no seu trabalho de escultura, produção através da argila, e Oksanna na pintura e instalação, usando a costura como um dos recursos para a finalização das obras, e o fruto dessa jornada, que iniciou a 20 de Janeiro, floresceu no dia 24 de Fevereiro último.

"A tela que apresentou fala de dois meninos de rua que procuram materiais no contentor de lixo, para serem reciclados e criarem a sua fonte de rendimento", explicou a artista plástica Oksana Dias, em declarações ao Jornal de Angola.

A artista sublinhou que neste contexto levantou várias questões  transmitidas no quadro, como, por exemplo, "Quem somos? Como é que analisamos essas questões muitas vezes  vistas e nem sempre resolvidas? "Assim dou um grito para alertar a quantidade de lixo que temos nas ruas de Luanda e falar de coisas deitadas no contentor e podem ser reaproveitadas”, realçou.

Na mesma senda, a artista montou uma série  de objectos deitados em contentores e que podem ser reaproveitados, como tecidos recolhidos no lixo e dar uma outra forma, mostrando o que os meninos de rua passam por serem discriminados, usando roupas sujas e são chamados de delinquentes.

"E nesta instalação eu quero dar uma oportunidade aos mesmos dando uma casa e uma forma de fazer um apelo à sociedade, que devemos transformar para criar”, disse Oksana Dias.

A artista plástica brasileira Jasi Pereira disse que nesta exposição utiliza matérias tradicionais da cidade de Luanda, de grande utilidade para o povo e que também pode ser encontrado no Brasil, nas praças e nas ruas, nomeadamente a vassoura, o Capim de Deus, a palha da múcua e a cabaça.

"Escolhi esses utensílios pela sua beleza e por ser de grande utilidade para o povo angolano, com elas, montei esculturas, fiz imagens com rostos das mulheres, que usam esse material com muito afinco”, disse a artista.

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