Socorro, Ceicy Tchavala e Tua Moneca subiram, sábado, ao palco da 3ª edição do Festival Balumuka, mostrando a força e a riqueza da diversidade cultural, no Palácio de Ferro, no penúltimo dia do evento que terminou domingo
O Festival Balumuka - Baluarte da Música Ancestral esteve focado, nesta edição, na cultura do Planalto Central e nesse dia Ceicy Tchavala foi a representante da província do Huambo.
A cantora explorou os estilos tradicionais lundongo, tchissossi, kilapanga, sawoia, okatita e sungura num misto com tchianda.
Ceicy Tchavala começou por interpretar "Sessa Kuelombe", (permissão aos mais velhos), em "Kakuenje" mostrou o tchissossi e em "Tala ngo" combinou a tchianda com o sungura. Seguiu-se "Ovissila vietu vittiuke", "Olundongo" e "Ukãi vo Huambo", estes dois últimos no estilo olondongo, ritmo que esteve em alta no Balumuka.
A autora de "Marido é meu cabecinha", em declarações ao Jornal de Angola, falou da experiência de participar no Festival Balumuka e da carreira. Considera que foi muito boa a experiência e a forma como foi recebido o seu estilo musical, porque a aceitação era ainda muito envergonhada, não era como nos dias de hoje, em que o público já vibra com os ritmos e cantos ancestrais.
"A sociedade actualmente entende melhor a nossa rica diversidade cultural e percebe que cada povo tem as suas tradições, hábitos e costumes. Mas, é preciso continuar a trabalhar cada vez mais, apostar, divulgar e promover as nossas origens e expandir além-fronteiras", acrescentou.
"A minha carreira está firme, à procura de patrocínios e padrinhos para conseguir gravar o segundo álbum, já que no primeiro não conseguiu divulgar conforme eu queria, mas conseguiu vender com o apoio dos amigos”, disse Ceicy Tchavala.
Enquanto falava para o Jornal de Angola, aproveitou para agradecer à Direcção da Cultura do Huambo, que nunca a desamparou, assim como à Comunicação Social e entidades que tornaram possível a publicação da obra.
Para fechar o dia foi chamado ao palco do Balumuka Socorro, um digno representante dos ritmos e dançares do Reino do Kongo, que interpretou sucessos como 'Nyanama', 'Mbemba', 'Luanda', entre outros temas da sua ampla discografia e projectos colaborativos.
A combinação para a diversidade cultural ficou completa com o grupo Tua Moneca, que levou ao Balumuka os ritmos do Corredor do Kwanza.
O festival encerrou ontem com as canções de Justino Handanga, Viñi Viñi e Chissica Artz, artistas naturais do Huambo que foram homenageados a título póstumo. O festival arrancou quarta-feira e teve as participações da Banda Geração Nova, Bessa Teixeira e Katyavala, provenientes do Huambo. Kamba dya Muenho, Dilangues de Ambaka, Família Xiclé, Duo Canhoto e Kumbi Li Xia e Tunjila Tua Jokota foram outros nomes sonantes que emprestaram o seu talento ao Festival Balumuka.
O evento decorreu sob o lema "Exaltemos os nossos soberanos, celebrando a nossa ancestralidade musical e instrumental” e teve a presença do Rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, Ekuikui VI.
O Festival Balumuka teve a primeira edição em 2023 e homenageou Amaro Fonseca, jornalista cultural que em vida foi um dos maiores divulgadores e promotores dos artistas da música ancestral. No ano passado, Mestre Kituxi foi o homenageado, pela sua dedicação neste importante segmento da música nacional.
O Festival Balumuka-Baluarte da Música Angolana é um evento dedicado à música de raiz e visa valorizar intérpretes e instrumentistas que marcam esta corrente rítmica. O evento é, também, alargado a palestras e oficinas de construção e execução de instrumentos.
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