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Os artistas da província da Huíla consideram não haver necessidade de emigrarem para a capital do país, Luanda, com intuito de obterem sucesso da carreira, como fama, dinheiro, projecção nacional e internacional, afirmou, ontem, a cantora e compositora Angie Napende.
Durante o debate radiofónico, sob o tema "É possível ser artista de renome permanecendo a viver no Lubango?”, na Rádio ISPI, Angie Napende defendeu a possibilidade de os artistas atingirem o ápice da carreira vivendo noutras cidades do país, sem se fixarem em Luanda.
"Eu creio que os criadores das diversas expressões artísticas, como artesãos, pintores, escultores, actores, músicos, cineastas, escritores, estilistas e bailarinos, podem, sim, viver da arte de maneira satisfatória sem abandonarem o interior”, é, na opinião da cantora, uma questão de investimentos, "na imagem do próprio artista (marketing), e uma forte aposta em criar obras inéditas que satisfaçam o público consumidor”.
Natural do Huambo e residente no Lubango, Angie Napende foi convidada da estreia da rubrica "Tons Culturais”, um espaço aberto para divulgação das obras dos artistas locais no programa Onda Jovem, da Rádio ISPI.
Embora seja versátil no campo artístico, destaca-se no jazz, género no qual tem se empenhado nos últimos anos com o projecto Jazz às Quintas, na cidade do Lubango, cujo timbre vocal conduz o público às sonoridades de blues e "swings”.
"Mesmo que fosse na província do Huambo, onde nasci, a 4 de Novembro de 1997, tenho fé que poderia ser conhecida e atingir fama nacional, quiçá internacional, desde que eu invista na minha imagem, e hoje tudo está mais facilitado com as redes sociais”, sustentou a cantora que desde a infância se mostrou devota à música.
A cantora reforçou que as tendências do mercado – as preferências do público - não devem ser ignoradas pelos artistas, mas "depende muito da máquina que garante o marketing, e a promoção quer da nossa imagem, quer das nossas obras, para que tenhamos sucessos e, muitas vezes, alcancemos grandes palcos”, disse a engenheira informática.
A rubrica "Tons Culturais” é, na sua óptica, um veículo para que os artistas sejam conhecidos pela camada jovem da Huíla, particularmente do Lubango, "por ser emitida numa estação de rádio estudantil”.
A primeira edição da rubrica, emitida às sextas-feiras, a partir das 16 horas, contou, também, com as participações dos cantores August Zeny e Zelma Best Rapper, ambos residentes na cidade do Lubango.
De acordo com Zelma Best Rapper, idealizadora e produtora da rubrica "Tons Culturais”, algumas questões não ficaram devidamente esclarecidas na estreia, por isso, "daremos sequência esta semana para aprofundar”, em que pretendem destacar o seguinte: "como fazer eco e ser valorizado no mercado artístico local e nacional”, "soluções para redução das tendências de migração para a capital do país”, "Inserção dos cantores da Huíla nos mega shows da Unitel e LS Republicano” e "Intercâmbio interno”.
O cantor August Zeny considerou, também, ser possível atingir o auge sem deixar de viver na Huíla, basta que os artistas trabalhem, e que, actualmente, há uma facilidade imensa em se destacar.
"Independentemente do lugar em que estiver a viver, é muito possível os artistas se destacarem a nível do país, estar num nível aceitável no mercado nacional, atingindo fama e sucesso na carreira artística, mesmo estando a viver aqui na província da Huíla”.
O cantor Justificou que, com a facilidade da Internet, "e falo por experiência pessoal, temos fãs de outras províncias que nem vivem aqui na Huíla, tenho fãs no Namibe, Luanda, enfim, a nível do país. Por isso, é bem possível ter sucesso. Mas, também tem que ser levado em conta o facto de que o sucesso é algo muito subjectivo, tem as suas particularidades, ou seja, o que é sucesso para mim, nem sempre é para outras pessoas”.
Na sua opinião, é possível obter sucesso e encantar o público estando no Lubango ou em qualquer parte do país, basta o artista fazer um bom trabalho, quer na imagem, quer na sua própria obra de arte, bem como caprichar na sonoridade, musicalidade, composição e investir na promoção dos trabalhos, todos os dias, com persistência e consistência para se chegar muito distante. "Creio que sim, é muito bem possível conseguir atingir esse patamar , sem se fixar na capital do país”.
Produção artística e formação académica
"Rádio, Cultura, Vida! – uma sintonia aberta, num palco para todos” é o slogan da rubrica "Tons Culturais”, no dizer da produtora Zelma Best Rapper, cuja visão se alastra para a concepção de um programa, mas "faltam patrocínios para que a rubrica tenha mais tempo de antena e seja um programa vocacionado a uma ampla abordagem da cultura e das artes a nível da província da Huíla, sempre de forma pedagógica, pois se trata de uma emissora académica, do ensino superior”.
A conjugação desses três elementos – rádio, cultura, vida - acontece de maneira natural, no quotidiano de qualquer ouvinte, "e de todos os artistas”, disse a produtora, mostrando-se feliz por conquistar mais um espaço para dar voz aos artistas locais, bem como para análise de diversos fenómenos culturais.
Por sua vez, o apresentador Rosário Gaspar, que trabalha na Rádio ISPI há cerca de três anos, como locutor do programa Onda Jovem, referiu que o cariz é recreativo, entretenimento, sendo os ouvintes maioritariamente jovens e adultos, que se revêem nos conteúdos que se prendem com à formação académica.
O Onda Jovem existe desde a abertura da rádio, neste caso há cinco anos. Sem fugir da essência, "Tons Culturais”, de acordo com o apresentador, é uma rubrica que enriquece a grelha da emissora académica.
"A parte educativa é extrema, daí procurarmos unir ou entrelaçar aquilo que é a formação e o entretenimento, visto que a nossa missão é a formação da sociedade, e a rubrica vai complementar os nossos conteúdos no campo das artes e cultura”.
Francisco Pedro | LubangoSeja o primeiro a comentar esta notícia!
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