Os traços histórico-culturais de Angola desde as ancestralidades civilizacionais, às lutas pela conquista da independência, à paz e aos elementos caracterizadores dos novos tempos de desenvolvimento do país vão ganhar, doravante, maior impulso e representatividade no Museu das Civilizações Negras, em Dakar, Senegal.
O artista plástico Gustavo Nuno, responsável do atelier “Plastic”, garantiu, ontem, ao Jornal de Angola, que a sua instituição tem a capcidade para formar, anualmente, mais de 100 alunos, entre crianças, adolescentes e jovens, no período lectivo e durante as férias.
Gustavo Nuno explicou que o trabalho que desenvolve, em prol das artes, baseia-se no ensino do desenho, pintura abstracta e realista, e a componente disciplina como a base fundamental de um artista.
O responsável de uma das poucas galerias de artes e laboratório de desenho existente em Moçâmedes, criado em 1993, precisou que aos instruendos ensina que não basta ser bom desenhador e não ter disciplina e boa educação.
"A arte para mim representa vida e, se é vida, deve haver rigorosidade na nossa maneira de ser e agir”, explicou o artista, tendo revelado que a paixão pelas artes plásticas vem desde a infância, por influência de familiares, o que fez dele, hoje, um ser humano incapaz de viver sem a actividade prática de ensino e aprendizagem, sobre a transmissão de algum sentimento por via de um pincel e quadro para efectuar desenhos.
Residente em Moçâmedes, capital da província do Namibe, há mais de 40 anos, Gustavo Nuno esclareceu que faz artes plásticas há 37 anos e aponta como principal motivador, o malogrado pai Osvaldo Carneiro, que foi professor de desenho e artista plástico, no período pós-Independência, no Cuanza-Norte.
O artista tem como segunda motivadora a sua mãe, Maria Carneiro, detentora de raízes de educação artística, que ao longo da vida activa laboral, na Delegação Provincial da Acção Social do Namibe, desenvolveu projectos e actividades artísticas.
Gustavo Nuno conta que a sua trajectória no mundo das artes começa com pequenos rabiscos aleatórios, que fazia nas paredes de casa aos 7 anos, a partir daí o seu pai decidiu estimular a sua habilidade de desenhar coisas abstractas e imagens realistas com caneta e papel.
Actualmente, o interlocutor do Jornal de Angola consegue dar a formação aos mais jovens, sem sobressaltos, devido às suas habilitações no grau de licenciado em Magistério Primário, pós-graduado em Expressão e Educação Plástica, capacitação em formação educacional no domínio das artes plásticas e curso contínuo de professores, no âmbito do projecto de consolidação dos sistemas educativos dos PALOP.
À margem da aprendizagem, confessa estar acomodado no trabalho que desenvolve ao longo dos anos, no Ministério da Educação, na disciplina de Educação Visual e Plástica e desenho artístico no seu atelier, em prol da expansão e valorização da actividade que considera ideal para a sua vida e bem-estar emocional.
O artista disse estar orgulhoso em fazer parte da trajectória inicial de Anselmo Vasco, autor das obras "Fiscalidade Angolana - Fundamentos Teóricos e Casos Práticos”, "Finanças Públicas - Ciência e Arte de Gerir o Erário”, "Entendendo o tempo - O mestre silencioso”, "Aljube se Álibi À busca da felicidade, utopia e possibilidade” e "O renascer do Cataclismo”, também artista plástico residente na comuna da Humpata, província da Huíla, que na sua recente entrevista ao Jornal de Angola, menciona Gustavo Nuno como mentor primário, entre 1997 e 1998, quando começou a frequentar o atelier "Plastic”.
"Sou um homem feliz porque vivo da arte, aquilo que realmente gosto de fazer. Formei muita gente que hoje consigo testemunhar não só a sua evolução, mas também a superação e o avanço que deram no mundo das artes. Esta para mim é a maior gratificação que um mentor recebe aos seus formandos”, manifestou o dono do atelier "Plastic”.
Gustavo Nuno confessa que perdeu a conta do número de quadros pintados e vendidos em Angola e no exterior, pelo facto de se preocupar mais com o processo de ensino e aprendizagem, pelo que se considera um artista realizado pela adesão das suas obras a nível local.
O artista plástico regozija-se pela forma como as instituições públicas e privadas o inspiram a desenvolver desenhos com símbolo cultural da província, país e continente africano.
O criador do atelier "Plastic” referiu que possuí mais de 10 quadros colocados no interior do edifício do Governo Provincial do Namibe e nas administrações dos cinco municípios que compõem a província.
O artista participa em todos os programas de intervenção urbana para o embelezamento da cidade, em ruas e avenidas, através de desenhos e arte de grafite, assim como fez parte do "Murais da Leba”, um projecto artístico que envolveu, em 2019, grafiteiros brasileiros e angolanos com propósito de pintar e colorir as suas ideias artísticas nas paredes da Serra da Leba, com foco na ancestralidade e resistência negra em África e na diáspora e participou em várias exposições com maior realce à nível da CPLP.
Gustavo Nuno reconhece o empenho de novos artistas, no âmbito da valorização da classe em prol do desenvolvimento das artes plásticas e a sua valorização no Namibe, apesar do pouco apoio e falta de incentivo para os jovens que pretendam seguir os seus passos.
Por outro lado, aponta como evolução as tecnologias de informação como ferramentas auxiliadoras no processo de criação, recriação e divulgação dos trabalhos para serem conhecidos no mundo.
À semelhança do falecido pai, o artista sente que o seu filho Daniel Nuno, de apenas 5 anos, apresente alguns sinais de interesse pelos desenhos, tanto na escola como em casa, e já pensa em estimular a sua vontade para dar continuidade aos trabalhos que desenvolve ao logo de décadas.
Testemunhos sobre atelier "Plastic”
O estudante do curso de Artes Visuais no Ensino Geral e formando do artista Gustavo Nuno, Halison Huambo, afirmou, ao Jornal de Angola, que no atelier a formação, para além de estar virada para a aprendizagem de excelência, consegue absorver a questão afectiva, social e responsabilidade para vida, destacando o modo amigável e fraterno como são tratados.
O jovem, realçou que o interesse pelas artes associado a conduta exemplar e profissional do seu mentor tem sido de grande importância no desenvolvimento das habilidades que possui nos desenhos da sua autoria.
Adelino Paulo, também estudante do curso de Arte Visuais, considera Gustavo Nuno a maior motivação de orgulhar os seus pais no mundo das artes.
O jovem estudante disse que se identifica com a história do seu mentor pelo facto de amar a arte de desenhar, tanto em paredes como em quadros, de modo a transmitir algum pensamento nato ou realista.
Ao longo dos anos, sublinhou que tem desenvolvido alguns tipos de obras figurativas, inclinadas no lado abstracto, o qual lhe dá liberdade imaginária sobre aplicação de todos os mecanismos de inspiração que possuí aprendidos do seu mestre.
"Mais do que mentor, temos um pai. O Professor Gustavo ensina, a cada um de nós, o impacto de um artista na sociedade, através da criação e recriação detalhista das coisas que podemos exprimir no desenho, e, acima de tudo, a valorização e o respeito pelas pessoas que nos rodeiam”, destacou.
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