Cultura

Artista Osvaldo Ferreira expõe obras em Lisboa

“Revivescência: Uma Jornada para o Presente” é o título de uma exposição individual do artista angolano Osvaldo Ferreira a ser inaugurada hoje, na Galeria Eritage, em Lisboa, em parceria com a galeria de arte contemporânea THIS IS NOT A WHITE CUBE.

23/05/2023  Última atualização 11H39
Mostra, que abre a semana da arte em Lisboa, reúne 20 quadros produzidos no ano passado © Fotografia por: DR

A mostra, que vai abrir a semana da arte na capital portuguesa, reúne 20 obras inéditas produzidas ao longo do último ano, propondo, através da pintura, a eclosão de um novo estatuto para a imagem da contemporaneidade relacional que se encena no espaço urbano da capital angolana, Luanda.

Por via de uma construção estética singular, pautada pelo uso exacerbado da cor, pela reinvenção dos padrões dos tecidos tradicionais africanos e pela desconstrução de estereótipos longamente mediatizados no campo da pintura, Osvaldo Ferreira evidencia nesta exposição os aspectos invisíveis de uma história social que se tece na vida quotidiana da cidade de Luanda.

De acordo com uma nota de imprensa, através de um continuado exercício de investigação, experimentação e questionamento, o autor vai propondo e redefinindo, localmente, novos caminhos para a arte figurativa, com formas de representação e imagens que nos surpreendem pelas suas contraposições e contrastes e que, por isso mesmo, se integram no espaço de uma modernidade que desde há muito se vem encarregando de desconstruir as categorias estéticas tradicionais.

Osvaldo Ferreira expõe uma obra que - no desenho, na cor, na composição, no modelo heterodoxo de representação do feminino e na contínua reinvenção da construção do espaço cénico da pintura - se afirma pela liberdade de criação, propondo-se alargar os seus limites, contra as convenções estéticas e sociais, contra os academismos na representação do mundo, e em prol da expansão contínua da esfera artística e da construção de uma práxis local.

A mostra ficará patente até 30 de Julho, com entrada livre.

A sua concretização sucede a recente atribuição a Osvaldo Ferreira de uma das mais relevantes distinções para as artes plásticas em Angola - o Grande Prémio de pintura ENSA Arte - e a realização da exposição individual "Dissidência Extravagante: Construindo uma práxis local”, na Galeria do Banco Económico, em Luanda, promovida pela galeria THIS IS NOT A WHITE CUBE como um primeiro capítulo da reflexão que prevalece nesta mostra, que agora se anuncia patente em Lisboa.

 

Biografia do autor

Em 2019, Osvaldo Ferreira foi um dos primeiros artistas no território angolano a completar o ensino superior em Artes Visuais (Instituto Superior de Artes -ISARTES). Desde 2020, é representado pela galeria de arte THIS IS NOT A WHITE CUBE, em Luanda, em Lisboa e internacionalmente. Como resultado desta parceria, a sua visibilidade tem vindo a crescer não só em África, mas mundialmente. Nomeadamente, o seu trabalho foi recentemente integrado em mais de 20 colecções por todo o mundo (Portugal, Angola, Reino Unido, Itália, Israel, Estados Unidos, Espanha, França, Roménia, Índia, entre outros), incluindo importantes fundações. Recebeu ainda uma das distinções mais relevantes no contexto das artes visuais em Angola - o Grande Prémio de Pintura ENSA Art 2020 - e realizou uma mostra individual, em 2021, numa das mais importantes salas de exposição de Luanda – a Galeria Banco Económico.

Em 2021, Osvaldo foi convidado a fazer parte da primeira residência artística da Fundação de Arte NESR, estando ainda a preparar-se para outra, em Lisboa, em 2023. Participou na edição de 2021 da Investec Cape Town Art Fair e esteve novamente presente em 2022 na secção SOLO.

Nascido em 1980, Osvaldo Ferreira explora temáticas relacionadas com o quotidiano da sociedade angolana, evidenciando uma continuidade / descontinuidade intergeracional no que diz respeito às vivências sociais.

Constituída maioritariamente por pintura, a sua obra integra frequentemente elementos cromáticos e materiais que remetem para a tradição têxtil africana de cores exuberantes.

Deste modo, o artista assinala a presença da herança cultural e social do seu continente, África - um continente que, através da colonização e globalização, testemunhou sucessivos processos de apropriação e manipulação cultural, gerando a miscigenação involuntária e a imposição de um sistema que conduziu à degeneração da sua identidade.

 

Sobre a galeria

A Eritage situa-se no centro da capital Portuguesa, em frente ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). O objectivo é criar um espaço experimental aberto ao diálogo transcultural em busca de novos formatos e processos criativos.

Desta forma, a Eritage desenvolve projectos artísticos que promovam experiências capazes de dissolver as fronteiras entre o artista e o público, entre a obra e o espectador, com o propósito de estimular uma nova percepção ética, de participação, colectividade e mudança.

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