Cultura

Artista Kiluanji Henda realça papel da fotografia na linguagem artística

Mário Cohen

Jornalista

O artista plástico Kiluanji Kia Henda revelou, na terça-feira, no “Cine Geração 80”, em Luanda, que foi a arte de fotografar que o tornou um criador conhecido a nível internacional.

04/05/2023  Última atualização 10H13
Durante a tertúlia, o artista que, vive e trabalha em Luanda, revelou que as obras reflectem o quotidiano angolano © Fotografia por: DR
Kiluanji Kia Henda fez as declarações durante uma tertúlia promovida pela Li-vraria Kiela, para assinalar o Dia de África, a ser celebrado a 25 de Maio. O evento foi preenchido de vários momentos culturais, como a feira de livros, exibição de filmes, tertúlias, música e seminários.

A iniciativa "Conversa: Kiluanji Kia Henda e o historiador e crítico de arte Adriano Mixinge” contou com as parcerias do Camões- Centro Cultural Português, Goethe Institut Angola, Cine Geração 80, Biblioteca 10 Padronizada e o Centro Cultural Kassemba - Terra Preta.

Kiluanji Kia Henda sublinhou que, no mundo das artes, revê-se como um artista multidisciplinar que trabalha em diferentes linguagens artísticas, começando pela fotografia, assim como explora outras técnicas de arte, como cinema, escultura e instalação. 

Além de dominar essas técnicas, conta, o mais importante para Kiluanji Kia Henda são os temas que pretende desenvolver e expressar nos seus trabalhos, através da linguagem artística. Dos seus trabalhos que culminaram em livro publicado em 2018, ilustrado com imagens de sítios históricos, diz o autor que apresenta imagens de vários monumentos retirados de 2005 a 2013.

Kiluanji Kia Henda pontua que são trabalhos fotográficos de distintos projectos realizados, na sua maioria em várias regiões de Angola, a destacar Luanda, Cabinda, as lundas e Namibe, bem como outras várias histórias que narra no livro. 

Na obra, conta, fala também de um projecto de ficção científica de uma su-

posta viagem ao sol, onde usa o mausoléu de Agostinho Neto como uma nave espacial para viajar até ao Sol e outras estruturas arquitectónicas, como o cinema do Namibe, que já passou em 20 cidades pelo mundo. 

Outro projecto espelhado no livro, afirma, que é o "Verso Carnaval”, fotografias feitas a várias personalidades do Carnaval de Luanda, que trazia dentro do seu estúdio, fotografando a preto e branco figuras isoladas, reflectindo todos os elementos essenciais da "festa do povo” luandense. 

Ainda sobre os seus projectos, Kiluanji Kia Henda destaca que os monumentos despertam maior interesse por espelharem várias histórias, como a da Rainha Njinba Mbande, estatua esta retida do antigo largo do Kinaxixi e transportada para o Museu Nacional História Militar (ex-Fortaleza de São Miguel), de Deolinda Rodrigues, Paulo Dias de Novais, Dom Afonso Henriques, Maria da Fonte e outras.   

 

Historial do artista 

Originário de Luanda, onde vive e trabalha. Participou em vários programas de residências em cidades como Veneza, Cidade do Cabo, Paris, Amã, Arles, Nova Iorque e Sharjah. 

Realizou diversas exposições individuais, como "Something Happened on the Way to Heaven” (Lisboa, 2020), "The Isle of Venus” (Museum Leuven, Leuven, 2020), "A City Called Mi-rage” (International Studio and Curatorial Program, Nova Iorque, 2017), "In the Days of a Dark Safari” (Galeria Filomena Soares, Lisboa, e Goodman Gallery, Cidade do Cabo, 2017) e "Self-Portrait As A White Man” (Galleria Fonti, Nápoles, 2010). 

Participou em várias amostras colectivas em instituições, das quais, o Barbican Art Center (Londres, 2020), o Migros Museum (Zurique, 2020), o Centre Georges Pompidou (Paris, 2020), o Zeitz MOCAA (Cidade do Cabo, 2019), a Tate Modern (Londres, 2019), o MAAT (Lisboa, 2018), o National Museum of African Art - Smithsonian Institution (Washington D.C., 2015) e o Museo Guggenheim (Bilbau, 2015). 

Já expôs em várias bienais, a destacar de Gwangju (2018), Bergen Assembly (2013), de São Paulo (2010), de Veneza (2007) e Trienal de Luanda (2007). Em 2017, foi-lhe atribuído o Prémio Frieze Artist Award. 

O artista apresentou o trabalho The Fortress, no pátio da Somerset House (Londres), em 2019. Foi atribuído-lhe em 2012 o Prémio Nacional de Cultura e Artes, a maior distinção que o Estando angolano confere às artes.

 As suas obras podem ser encontradas em colecções públicas, incluindo da Tate Modern (Londres), Museu de Arte Moderna (Varsóvia), Centre George Pompidou (Paris), Pérez Art Museum (Miami) e Colecção de Arte Moderna Calouste Gulbenkian (Lisboa).

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura