O académico Nelson Pestana “Bonavena” defendeu, segunda-feira, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, que a figura do poeta e nacionbalista Viriato da Cruz, deve ser melhor estudada no ciclo académico por via da realização de conferências onde se podem discutir os seus ideais.
O estado de execução das obras de reabilitação das infra-estruturas integradas do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Benguela, foi constatado pelo o Inspector Geral da Administração do Estado (IGAE), João Pinto, durante a visita de trabalho na província.
A obra de 291 páginas, com uma tiragem de 150 exemplares, foi editada, sem finalidade lucrativa, pela Osai Creative Agency. O patrocínio do Banco de Crédito do Sul e da ENSA Seguros de Angola ajudou a cobrir as despesas de produção e impressão do livro, que, segundo o autor, pretende ser um veículo de divulgação turística da província.
Archer Mangueira afirmou, durante o lançamento,que a fotografia é das actividades que mais gosta de praticar nos tempos livres e sublinhou que se sente abençoado pela possibilidade de continuar a ver com os próprios olhos, apesar de há mais de trinta anos lhe ter sido diagnosticado um glaucoma, doença que, como se sabe, não tem cura.
Quando chegou ao Namibe, em Outubro de 2019, nomeado para exercer as funções de governador provincial, a primeira preocupação de Archer Mangueira, segundo o próprio, foi "conhecer tão profundamente quanto possível as pessoas, o seu modo de vida e o seu território”. Ao percorrer toda a província, de imediato percebeu que não poderia guardar só para si as sensações que vivia, "tinha de as partilhar, de uma forma expressiva e extensiva”. As fotos agora reunidas em livro são assim a expressão desse desejo de partilha. E não são fotos quaisquer. São fotos "com gente lá dentro”.
"Quis que esta obra fosse um testemunho da diversidade encantadora do nosso território, das suas paisagens ímpares, da sua ecologia terrestre e dos ecossistemas marinhos”, revelou, para acrescentar que procurou que essa realidade "ficasse registada, também, em fotografias com gente lá dentro”, isto é, "a nossa gente, na diversidade das suas culturas, na tenacidade dos seus modos de vida, na forma como se relaciona com um território que é tantas vezes inóspito, ainda que belo, a ele se entregando e dele recebendo o seu sustento”.
O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, que procedeu à apresentação do foto-livro, afirmou que quanto à província do Namibe, do ponto de vista cultural, mais especificamente histórico e antropossociológico, sobressai o conhecimento identitário de povos maioritários de origem bantu, ligados ao grupo societal Herero, dos quais se destacam os Kuvale, cujas origens, vivências, hábitos e costumes são retratados de forma exemplar no "bonito trabalho fotográfico” de Archer Mangueira.
O ministro explicou as origens geográficas, históricas e antropológicas dos povos Bantu, a sua cultura e as línguas maternas em que se expressam.Citando a propósito autores como José Redinha, Carlos Esterman, Cheik Anta Diop, Joseph Ki-Zerbo, e outros, Filipe Zau deu uma verdadeira aula de sapiência. Considerou que o livro "Namibe aos meus olhos” resulta de uma viagem pelos cinco municípios da província (Bibala, Camucuio, Moçâmedes, Tômbwa e Virei), através de uma plêiade de boas fotos sobre a realidade factual das culturas das gentes que ali vivem, a sua específica idiossincrasia sociocultural, a flora e a fauna, os edifícios coloniais, a estrada da Leba, as pinturas rupestres, o exotismo do Parque do Iona… "Para além disto, há um deserto que se precipita num mar rico de peixe e marisco, com um inigualável pôr-do-sol. Em frente, no meio do Atlântico, a histórica ilha de Santa Helena, onde há descendentes do tráfico de escravos”, frisou.
"O Namibe é, para além do belo e da hospitalidade das suas gentes, um ponto de partida para os grandes desafios de diversificação da economia e da inovação tecnológica”, defendeu o ministro. "’Namibe aos meus olhos’ é um livro quase sem texto, porque o seu autor transmite-o intencionalmente através da boa fotografia. Este é um livro que se vê e não se lê, porque as palavras transformaram-se em imagens e estas transmitem-nos emoções e dão-nos beijos, como se tivessem boca. Por isso, está de parabéns o seu autor, pelo livro de muito boas imagens que nos soube apresentar”, comentou o apresentador.
O ministro da Cultura e Turismo fez saber que, segundo o New York Times, o deserto do Namibe ocupa a 17ª posição de uma lista dos 52 melhores destinos turísticos para viajar em 2023, segundo disse, muito provavelmente atendendo às suas dunas de 300 metros de altura e às ondas ao longo de uma costa inabitada, características essenciais para a prática de desportos radicais e de turismo de praia e sol. "Desta feita, contrariamente ao significado da palavra Namibe, em Nama, uma das línguas do grupo Khoisan, traduzida como sendo um ‘lugar vasto e ermo’ ou uma ‘área onde ali não há mais nada’, hoje, na província do Namibe, para além do muito que existe, ‘há o muito mais que aqui pode haver e acontecer’”, realçou o ministro.
Participaram na cerimónia de apresentação pública do livro de Archer Mangueira as vice-governadoras da província, deputados, magistrados, membros do Governo Provincial, autoridades religiosas, administradores municipais e funcionários públicos.Seja o primeiro a comentar esta notícia!
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